Capítulo 18.

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POV. Wednesday Addams.

Dra. Greene é alta, loura e impecável, e usa um tailleur azul-royal. Ela me lembra daquelas mulheres que trabalham no escritório de Enid. Parece uma caricatura, mais uma loura perfeita. Seu cabelo longo está preso num coque elegante. Deve ter uns quarenta e poucos anos.

— Sra. Sinclair.

Ela aperta a mão que Enid lhe estende.

— Obrigado por atender a este chamado tão em cima da hora — diz Enid.

— Obrigada por fazer com que ele valha a pena para mim, Sra. Sincleir. Srta. Addams.

Ela sorri, o olhar frio e avaliador. Apertamos as mãos, e noto que ela é uma dessas mulheres que não tem paciência para gente boba. Como Bia. Gosto dela de cara. Ela lança um olhar para Enid, e após um instante esquisito, ela se dá conta.

— Vou estar lá embaixo — Ela resmunga, e se retira do que será meu quarto.

— Bem, Srta. Addams. A Sra. Sincleir está me pagando uma pequena fortuna para atendê-la. O que posso fazer por você?

                           * * *

APÓS um exame minucioso e uma conversa demorada, a Dra. Greene e eu optamos pela pílula. Ela redige uma receita e me dá instruções de como devo proceder. Adoro sua atitude séria, ela me fez um sermão sobre a necessidade de tomar a pílula todos os dias à mesma hora. E posso dizer que está morta de curiosidade sobre minha relação com a Sra. Sinclair. Não lhe dou detalhe algum.

De alguma forma, acho que ela não ficaria tão calma e serena se tivesse visto o Quarto Vermelho da Dor. Enrubesço ao passarmos por sua porta fechada e descemos para a galeria de arte que é a sala de Enid.

Enid está lendo, sentada no sofá. Uma ária impressionante
está tocando, envolvendo-a, aconchegando-a, preenchendo a sala com uma música doce e comovente. Por um momento, ela parece serena. Vira-se e olha para nós quando entramos, sorrindo com carinho para mim.

— Terminaram? — pergunta como se estivesse realmente
interessada.

Aponta o controle remoto para uma caixa branca lisa embaixo da lareira que abriga seu iPod, e a melodia intensa perde força mas continua ao fundo. Ela se levanta e vem até nós.

— Sim, Sra. Sinclair. Tome conta dela. Ela é uma mulher linda e inteligente.

Enid fica desconcertada, como eu. Que coisa imprópria para
uma médica dizer. Será que ela está lhe dando algum tipo de aviso não muito sutil? Enid se recupera.

— Pretendo fazer isso — Ela murmura, perplexa.

Olhando para ela, dou de ombros, encabulada.

— Vou lhe mandar a conta, Sra. Sinclair — diz ela secamente ao cumprimentá-la. — Bom dia e boa sorte para você, Wednesday.

Ela sorri, estreitando os olhos enquanto nos cumprimentamos. Taylor aparece para acompanhá-la até o elevador. Como ele faz isso? Onde ele fica à espreita?

— Como foi? — pergunta Enid.

— Bem, obrigada. Ela disse que eu tinha que me abster
completamente de atividades sexuais por quatro semanas.

Enid fica boquiaberta, chocada. Não consigo mais me manter
séria e sorrio para ela feito uma idiota.

— Peguei você!

Ela estreita os olhos, e paro de rir na mesma hora. Na verdade, ela parece bastante severa. Ah, merda. Meu inconsciente se encolhe no canto e o sangue me foge do rosto; imagino-a de novo me dando palmadas.

Cinquenta tons de cinza (Wenclair)Where stories live. Discover now