Capítulo 15.

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POV. Wednesday Addams.

– Oi. — Sinto uma timidez insuportável ao abrir a porta.

Enid está parada no pórtico de calça jeans e casaco de couro.

— Oi — responde, e seu rosto se ilumina com aquele sorriso radiante.

Aproveito um instante para admirar sua beleza. Nossa, ela fica gostosa usando couro.

— Entre.

— Se me dá licença — diz ela achando graça. Ergue uma garrafa de champanhe ao entrar. — Pensei em comemorar sua formatura. Uma boa Bollinger é de doer.

— Uma escolha de palavras interessante — comento secamente.

Ela ri.

— Ah, gosto da sua presença de espírito, Wednesday.

— Aqui só tem xícaras de chá. Já embalamos todos os copos.

— Xícaras de chá? Para mim, está bom.

Entro na cozinha. Estou toda tremendo por dentro, é como ter uma pantera ou uma leoa da montanha imprevisível e predadora na minha sala.

— Quer os pires também?

— Não basta as xícaras, Wednesday — Enid responde distraidamente da sala.

Quando volto, ela está olhando o pacote de papel pardo com os livros. Ponho as xícaras na mesa.

— Isso é para você — murmuro com ansiedade.

Merda... provavelmente vai dar briga.

— Hum, imaginei. Citação muito apropriada. — Seu indicador acompanha distraidamente as palavras. — Achei que eu fosse d’Urberville, não Angel. Você decidiu pela degradação. — Ela dá um sorriso feroz.

— É bem coisa sua encontrar uma frase que ecoe com tanta
propriedade.

— É também um pedido — Eu sussurro.

Por que estou tão nervosa? Minha boca está seca.

— Um pedido? Para eu pegar leve com você?

Balanço a cabeça assentindo.

— Eu comprei esses livros para você — diz ela calmamente, o olhar impassível. — Pego mais leve se você os aceitar.

Engulo convulsivamente.

— Enid, não posso aceitá-los, é um exagero.

— Está vendo, é disso que eu falava, você me desafiando. Quero que os livros sejam seus, e fim de papo. É muito simples. Você não precisa pensar sobre isso. Como submissa, se limitaria a ficar agradecida por eles. Você aceita o que eu compro porque me dá prazer que aceite.

— Eu não era submissa quando você os comprou para mim — Eu sussurro.

— Não... mas você concordou, Wednesday.

Seu olhar fica cauteloso. Suspiro. Não vou vencer esta, então vamos ao plano B.

— Então os livros são meus para eu fazer o que quiser?

Ela me olha desconfiada, mas concorda.

— Sim.

— Nesse caso, eu gostaria de doá-los para uma obra de caridade, uma de Darfur, já que esse lugar parece tocar seu coração. Eles podem ser leiloados.

— Se é o que você quer fazer.

Sua boca se contrai. Ela está desapontada. Eu coro.

— Vou pensar no assunto — Eu murmuro.

Cinquenta tons de cinza (Wenclair)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora