Capítulo 20

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Mais algumas semanas tinham se passado, agora as duas tinham uma rotina mais ou menos definida. Pelo menos um dia da semana, Lily tentava replicar a receita do avô de Margot e ela voltava mais cedo para conseguirem jantar juntas.

Se encontravam todos os dias pela manhã e tomavam café juntas. Todo domingo iam juntas a ONG. Margot tinha conseguido um estágio para um dos homens trans que frequentava a ONG e estava planejando investir mais dinheiro para que a ONG conseguisse abrigar quem tivesse sido expulso de casa.

A viagem ao México ainda repercutia nos sites de fofoca, vários podcast e revistas queriam fazer entrevista com as duas, mas Heloísa rejeitou, ela achou melhor que elas ficassem em silêncio.

As pessoas só tinham acesso ao que elas postassem nas redes.

Lily estava irritada já tinha pesquisado receitas italianas e francesas e ainda assim não tinha conseguido reproduzir a receita.

Margot chegou em casa esbaforida.

- Tô atrasada, mas cheguei. - disse ela.

- Muito trabalho? - perguntou Lily.

- Tenho que ir a Paris, Madrid e Munique em uma semana. Aparentemente essa gente não sabe que é possível fazer reunião online sem precisar que eu mova a minha vida para ir até eles. - disse Margot.

- Quando você vai? - perguntou Lily.

- Amanhã, a boa notícia é que são reuniões chatas e burocráticas então você tá livre. Querem que eu fique uma semana, mas pretendo resolver tudo em três dias. - disse Margot.

- Do jeito que você é chata e cricri eu não duvido nada. - disse Lily.

- Vai se foder. - sorriu Margot.

Lily pegou a comida e colocou na frente de Margot.

- Mais uma tentativa?

- Mais uma tentativa. - disse Lily.

Margot provou e nem precisou dizer nada.

- Que merdaaaaaaa. - resmungou Lily.

- Eu te avisei é impossível recriar essa receita. - disse Margot.

Lily nada disse apenas ficou pensativa.

Terminaram de comer e Margot foi fazer as malas para a viagem. Cedo da manhã ela embarcou para as reuniões.

Lily foi para seu curso e depois para a faculdade. Era estranho ficar sem Margot resmungando pela casa. Mandou mensagem perguntando se Margot tinha chegado bem e ela respondeu com um emoji, típico de Margot, poucas palavras pelo celular.

Cinco dias tinham se passado e Lily não teve mais notícias de Margot, custava ela mandar uma mensagem, uma foto qualquer coisa?

Lily estava irritada com aquela falta de notícias.

- O que você tem? - perguntou Antonella.

- Nada, só tô de TPM. - disse Lily.

- Isso não tem nada a ver com o fato da senhorita Bianchi estar viajando? - disse Antonella.

- É tão difícil pra ela mandar mensagem, fazer uma video chamada? Ela tá lá do outro lado do mundo e eu fico sem saber o que ela tá fazendo porque ela é monossilábica no celular. - bufou Lily.

- Não se preocupe não acho que ela seja capaz de te trair. - disse Antonella.

- Eu tô nem aí pra isso, eu só quero saber como ela tá. - disse Lily e depois se deu conta que havia passado do limite.

- Quer dizer eu confio nela sei que ela não me trairia. - disse Lily.

Antonella assentiu.

- Quer que eu fique lá com você essa noite? Podíamos fazer a noite das meninas. - disse Antonella e Lily assentiu.

Lily colocou um filme e Antonella trouxe uma garrafa de vinho.

- Essa casa é bem bonita. - disse Antonella.

Lily assentiu.

- Ela falou com você hoje? - perguntou Antonella.

- Não, completo silêncio. - disse Lily.

- Porque você não liga pra ela?

- Quem tá viajando é ela, ela que tem que ter noção de me ligar. - disse Lily.

- Talvez você devesse ligar, pra saber ao menos quando ela vem. - disse Antonella.

- Foda-se. - disse Lily bebendo duas taças de vinho.

Olharam dois filmes até finalmente irem dormir.

Na manhã seguinte, acordaram e foram direto para o curso, Lily ia passar o dia na faculdade, era sábado e ela precisava tirar Margot da cabeça de qualquer jeito.

Já eram 9 da noite e Lily ainda estava na cozinha da faculdade testando receitas novas.

- Vamos fechar meninas. - o guarda avisou.

Lily viu as horas e começou a se arrumar para ir embora. Limpou tudo e pegou o celular já era 10 noite, havia 10 ligações de Margot.

- Olha quem apareceu. - disse Lily olhando o celular, mas não ligou de volta.

Chamou o Uber e foi pra casa.

- Onde você tava? - disse Margot irritada.

- Faculdade? - disse Lily.

- E desde quando você fica tanto tempo lá? - insistiu Margot.

- E desde quando você se importa? Passou uma semana viajando e não se prestou a me dizer que tava viva. - bufou Lily.

- Eu estava com a Heloísa, não achei que havia necessidade. - disse Margot.

- Esse é o seu problema você só se preocupa com você e mais nada ao seu redor. E se o seu avião tivesse caído? E se tivesse acontecido alguma coisa? Eu não ia saber porque você não consegue mandar uma mensagem, fazer uma video chamada. - disse Lily.

- Mas que tanto? Não sabia que você se importava tanto comigo. - disse Margot.

- Eu não me importo, mas isso é um contrato e se algum repórter me entrevista na rua ou pergunta alguma coisa? Eu não teria o que falar. - disse Lily percebendo que tinha passado dos limites.

- Tá, eu já entendi, não vai mais se repetir. - disse Margot.

- Foda-se também. - disse Lily.

Ela estava uma pilha de nervos, toda aquela situação mexeu com ela de muitas maneiras. Pegou a sua bolsa e foi subindo as escadas, precisava tomar um banho e colocar as ideias no lugar.

Margot continuou na sala sem saber direito o que tinha sido aquilo. Pegou os presentes que ia dar para Lily e levou de volta ao seu quarto.

- Será que ela tá de TPM? Só isso explica, ela não é assim. - pensava Margot.

Lily ligou o chuveiro no gelado e entrou embaixo, ela precisava de um choque térmico para não enlouquecer.

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