— Apenas diga. — Jimin esperou com a respiração descompassada, escondendo o jeito como ele cravou a unha do polegar esquerdo na carne do braço direito, um tique nervoso.

Jeongguk fechou os olhos com força, soltando um suspiro entrecortado.

— A minha nomeação está se aproximando, eu vou ser o alfa da matilha em breve, e eu... eu preciso... me juntar com alguém. — Ele soltou, talvez procurando por palavras mais consoladoras, para tentar suavizar o baque, e logo desistindo quando não encontrou nenhuma.

— Eu preciso me juntar com um... ômega ou eu... — Outro suspiro. — Você sabe disso, não é? — Jeongguk continuou quando ele apenas recebeu silêncio em resposta.

É claro que Jimin sabia. Ele não era tão ingênuo.

Mas apesar de estar dolorosamente consciente do que iria acontecer, do inevitável, ele ainda assim se apaixonou por ele.

Jimin ainda se lembra da primeira vez que seu coração disparou por Jeongguk.

Ele conseguia se lembrar tão vividamente como se tivesse acontecido ontem, como Jeongguk, de dez anos de idade, sorriu rigidamente para ele depois de gentilmente ajudar Jimin a recuperar sua pipa que ficou presa na árvore na floresta. Jeongguk estava ciente da punição que viria se eles fossem pegos se afastando muito do local onde os filhotes podiam ficar. Mas naquele momento, ajudar Jimin era sua única preocupação.

Desde o incidente da pipa, eles ficaram inseparáveis. Jimin estava em todos os lugares que Jeongguk estava, seguindo-o religiosamente.

Jeongguk era quieto, um pouco reservado, enquanto Jimin era barulhento e extrovertido. No começo, foi preciso muito convencimento para que Jeongguk concordasse em sair e brincar com ele, às vezes até com os outros filhotes.

Eles faziam pipas para empiná-las e, Deus, Jeongguk era péssimo nisso. Eles construíam castelos de areia, sujavam as mãozinhas e às vezes faziam acessórios com as flores do jardim da matilha. Certa vez, Jeongguk fez um anel com as mesmas e deu para Jimin. Um anel de amizade, disse ele.

Jimin adorava pensar que Jeongguk também gostava de sua companhia, embora às vezes ele dissesse para Jimin deixá-lo em paz — para ele ir embora. Jeongguk ficava um pouco mal-humorado às vezes.

Ele estava dolorosamente ciente disso quando, aos quatorze anos, decidiu cortejar Jeongguk, porque não importava quantas vezes Jimin tivesse pedido — implorado — a Jeongguk para cortejá-lo, ele nunca o faria. Porque, bem, Jimin era um beta, e os alfas não cortejavam os betas.

Alfas deveriam ficar apenas com ômegas.

Mas Jimin não ligava, ele era teimoso e gostava de Jeongguk de todo o coração, gostava dele antes mesmo de entender o que aquela palavra realmente significava.

Jimin o cortejou, embora devesse ter sido o contrário.

Dizer que Jeongguk ficou chocado quando Jimin lhe disse abertamente que queria ficar com ele era um eufemismo.

Não-alfas dando em cima de outros híbridos não era algo inédito, mas também não era muito comum; na verdade, era desaprovado, mas não importava para Jimin o que as outras pessoas diriam. Se os alfas podiam cortejar os ômegas de que gostam, então Jimin, um beta, também poderia cortejar o alfa de quem gostava. Se Jeongguk não fizesse isso, então ele faria.

Ele o cortejou mesmo quando seus amigos riram e o chamaram de desesperado. Ele o cortejou mesmo que seus pais e os de Jeongguk não gostassem, porque não era convencional. Mesmo quando os membros da matilha olhavam para ele com toda a decepção e escárnio que podiam demonstrar em seus olhares.

Katorse » jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora