Coincidências

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Havia se passado um dia desde o último show deles. Mais um estava agendado para hoje à noite no bar do Brás, o dono Luciano, era um amigo de longa data de Ricardo, então arrumar essa apresentação foi bem fácil.

- Beleza, então tem hoje lá no Brás, e esse fim de semana no Mázona de novo, é isso?- César confirmou com o carioca e apenas assentiu. Todo o quinteto estava mais uma vez na vã de viagem, Pedro dirigindo para o bar de Luciano, que era praticamente do outro lado da cidade. Mais uma vez rolam as mesmas conversas e zoações, principalmente com Renan, que apenas se acostumou com aqueles quatro tirando uma com a sua cara.

- Aliás, como ficou a história com o Sandro?- Pedro perguntou, já atiçando a curiosidade dos outros.

- Eu ia pra caralho tentar desenrolar com o paulista, só que o Ricardo sempre sai pegando geral que nem um maníaco.- Disse Rafael, revirando os olhos. Havia uma pontada de sinceridade ali.- Eu pisquei e eles já estavam se engolindo, credo.

- Vai, brinca você. O moleque é sagaz!- César deu uma risadinha, abraçando o ombro do maior.- Mas eai, que foi que deu?

Renan deu uma risadinha meio triste e suspirou.- Cara eu chamei ele pro hotel, mas ele disse que precisava ir e pá... nem lembrei de pegar o número dele antes dele ir.

- Má que isso?! Sagaz meu ovo. Como cê esquece de pegar o número dele?- Pedro interveio.- Cê não era assim, Ricardo.

O homem apenas deu uma risada mais uma vez, também sem acreditar muito bem que logo ele havia se esquecido de pedir um número de telefone, ainda mais para alguém que foi tão compatível assim com ele.

- Ah irmão, paciência. Não tô preocupado porque tenho o número da Amanda comigo, vou pedir pra ela o contato dele depois.- Respondeu despreocupado, e o assunto terminou ali.

O grupo chegou meia hora antes do combinado. Passando as formalidades, cumprimentando o dono do bar e a galera que estava trabalhando naquela noite, os cinco se focaram em montar o equipamento. O bar estava bem cheio... bem mais que o último, isso era bom. O equipamento? Ah sim, mesma coisa de todas as vezes. Desenrolar os fios, ajeitar as caixas de som, ajustar os instrumentos, testar o microfone e os sons... a rotina que já estavam cansados de saber.

- Ó Luciano, tá tudo pronto.- Ricardo foi até o homem que estava cuidando do balcão.- Hora que a gente puder começar é só falar.

- Pode deixar que eu faço o gin, corazón... hm? Ah, se quiserem já podem ir, te falar que já tem até pedido.- Luciano piscou e entregou um papel com algumas músicas. Esse não era bem o plano de Ricardo para aquela noite, mas não fazia mal agradar o público, né?

- Beleza então.- O carioca pegou o papel e retornou para o seu grupo.

Combinaram de mesclar alguns pedidos com as músicas originais deles, foi assim enquanto seguiam a lista que Luciano havia o entregado. Tocaram desde Faroeste caboclo, até Águas de março e Menina veneno. Apesar de não ter sido esse o plano desde o início, o quinteto se divertiu com aquelas músicas velhas que os lembravam tanto da adolescência e infância.

- "Menina veneno! O mundo é pequeno demais para nós dois..."

"Em toda cama que eu durmo, só dá você, só dá você"~

- "Só dá você, yeah, yeah, yeah, yeah! Menina veneno... menina veneno... menina veneno..." - Com os últimos acordes, eles terminaram a música e todos no bar explodiram em palmas, comemorando a nostalgia.- Caralho, bom demais tocar pra vocês cara... tem só mais uma música aqui infelizmente... mas ó, só convencer o Luciano que a gente vem mais vezes!

O jeito naturalmente cativante de Ricardo fazia com que toda a audiência adorasse a apresentação, e adorasse cada palavra dele. O carioca ainda sorrindo, se abaixou pra pegar a folha e dar uma olhada na última canção pedida.

Trem das onze - SPXRJWhere stories live. Discover now