JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
"Não tinha necessidade de saber." A frase, tão comum no treinamento, soou como a traição final. Matar Jake Sully era uma coisa, queimar a floresta era outra completamente diferente.
A raiva atingiu um pico tão alto que tudo escureceu nas bordas. Meu corpo todo tremia, os soluços misturados com a falta de ar. Eu estava prestes a explodir, a quebrar tudo ao redor.
Foi então que senti uma picada aguda na lateral do meu pescoço.
Minha mão voou para o local, encontrando um pequeno dardo de tranquilizante. Meus olhos encontraram os de Liz. Ela estava a alguns passos, a pistola de sedação ainda na mão.
— Desculpa, filha — ela murmurou, e sua voz pareceu vir de muito longe.
A força foi drenada dos meus membros como se alguém puxasse um plugue. Minhas pernas falharam. Valentim me pegou antes que eu caísse no chão.
— É pelo seu próprio bem — ouvi a voz dele, ecoando como se fosse debaixo d'água. — Você está emocionalmente comprometida.
Tentei falar, tentar lutar, mas minhas pálpebras eram de chumbo. A última coisa que vi foi o rosto de Yisa, inclinando-se sobre mim, seu olhar não era de triunfo, mas de algo parecido com pena.
— Drogue ela — a voz de Valentim ordenou, distante e clara. — E aumente a dosagem dos estabilizadores. Não podemos ter outra crise como esta. A missão está entrando em sua fase crítica.
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LEVOU SÉCULOS PARA VOLTAR.
As memórias voltaram em pedaços: o céu em chamas. A mão de Neteyam. O grito engasgado na minha garganta. A picada no pescoço. A escuridão.
Com um esforço que exigiu tudo de mim, me levantei. O mundo balançou. Apoiei-me na parede gelada por um momento, respirando fundo, tentando afastar a névoa dos sedativos. A confusão deu lugar a uma raiva fria e paciente. Eles me doparam. Me trancaram.
Caminhei até a porta, minha mão encontrando a maçaneta fria. Puxei para baixo. Nada. Trancada por fora. Eles me trancaram como um animal.
Procurei pela chave, num ato de pura negação, revirando a escrivaninha, o armário minúsculo. Nada, é claro.
— Seu pai mandou trancá-la.
A voz de Yisa chegou pelo metal da porta. Um segundo depois, o mecanismo cedeu com um clique e a porta deslizou.
— Por quê? — perguntei.
— A resposta não é óbvia? — ela deu de ombros, virando-se e começando a andar pelo corredor, esperando que eu a seguisse. Eu segui. Meus passos eram lentos.
— Não porque me trancaram. Quero saber por que os humanos estão aqui de novo. O que aquele foguete significa.