Amor de Férias

O Beijo

Eu cruzei os braços e encarei ele com raiva.

— Não deve tá achando que eu estava falando sério...

— Não sei, me diz você — Vini ainda me olhava; agora, estava se divertindo com a situação. Ele deu três batidinhas no espaço disponível ao seu lado, convidando novamente para sentar.

— Não vou me sentar com você! — falei e comecei a andar de um lado para o outro. Como eu ia sair dessa agora?

— Como vou explicar isso pro Lucas... — Sussurrei comigo mesma, começando a massagear a têmpora. Talvez se o Vini...

— Você vai me ajudar! — Falei, como se algo tivesse iluminado em minha mente.

— Você que se meteu nessa bagunça, e eu que tenho que te ajudar? — Vini falou franzindo o cenho.

— Sim, é só a gente falar que era uma brincadeira, sei lá. — Eu falei, percebendo que isso também não era uma boa ideia...

Vinicius levantou, sorrindo e negando com a cabeça. Em seguida, tirou aquela touca preta, revelando aqueles cabelos pretos que ficavam bem até bagunçados. Ele passou a mão pelo cabelo sem exatamente tentar arrumar, apenas como um movimento de costume.

— Porque não se declarou, sua lerdinha?

— Ele tinha acabado de dizer que estava apaixonado por outra pessoa e que iria pedir ela em namoro... o que eu podia fazer? — Falei sentindo aquela dor no coração, muito semelhante à que eu sentia quando via o Lucas com a Natalia...

— Não passou pela sua cabeça que ele poderia estar falando de você? — Vini falou dando um peteleco na minha testa e em seguida colocando de volta a touca.

— Aí! — falei passando a ponta dos dedos no lugar que ficou dolorido.

— Tenho certeza que ele não estava falando de mim... não se lembra da Natalia? Em comparação com ela, eu não chego nem perto... com certeza deve ser uma garota parecida com ela... — Vinicius deu um estalo com a língua reprovando a minha autocrítica.

— O que?

— Você se menospreza demais, Ella...

Alguns dias atrás...

P.o.v Vínicius.

Eu acabara de preparar meu jantar quando ouvi meu irmão chegar em casa após sair com Ella. Ainda era difícil para mim aceitar que eles reataram a amizade tão rapidamente. Ella, com certeza, ainda devia guardar sentimentos por ele.

— Hmm... o cheiro está bom, deixa um pouco pra mim? — Lucas falou quase metendo a cara na panela que eu cozinhava.

— Não, faz para você — Respondi.

— Aaah...

— Estava onde?

— Só andando no parque com a Ella... — Ele respondeu simplesmente. Eu não podia ver aquela situação se repetindo com ela sem interferir... não de novo. Era realmente um saco observar ela com aquele olhar triste, observando algo que não pode ter durante os eventos que nossas famílias faziam.

— Você não se cansa de fazer ela sofrer? — Falei friamente.

— O que?

— A Ella gosta de você, nunca percebeu? — Falei desligando e me virando para encarar meu irmão mais novo. Ele parecia chocado com aquilo.

— Ela... gosta? Desde quando?

— Cara, cê é burro ou se faz? — Falei desacreditado. Como ele poderia ser meu irmão e ser tão lerdo? Lucas apenas me mostrou o dedo do meio. Eu ri.