CAPITULO 1

142 37 285
                                    

19 anos depois

O tilintar das correntes ecoam no ambiente. O cheiro pútrido de sangue e vômito rodeiam o cubículo no qual estou acorrentada. E ao longe consigo ouvir o barulho de passos e vozes se aproximando.

Ah, aqueles passos... Nunca iria esquece-los...

O medo começam a se desperta no meu corpo. Embora não consiga senti-lo. Os passos ecoam cada vez mais próximos, e o pavor começa a me tomar.

-Ah não, não, não...isso não pode ser verdade.

Meu corpo começou a se debruçar, e o barulho da corrente se torna cada vez mais alto. Tomando-a assim a machucar meus pulsos já feridos.

Quando no meio do meu desespero, consigo sentir filetes de sangue escorrendo por meu rosto, diretamente dos meus olhos. Nós quais eles furaram com uma barra de ferro quente. Meu corpo sacode quando escuto a porta do local ao qual estou confinada se abrir.

E o pavor me toma, pois sei quem se encontra entrando naquele local. Um ser de beleza divina, mais que esconde por trás de todo aquele esplendor, um ser cruel e sádico. Ao qual deveria me proteger, mais que só causou a minha ruína.

- Fuja!- eu grito em pensamento, quando a vejo se aproximar. Mas não consigo me mexer.

E naquele instante que a sinto se aproximando. Quando escuto os barulhos dos seus adereços, muito provavelmente feito a ouro, e a diamantes se fazendo próximo.

Sinto quando ela se posta a minha frente, e com aqueles mãos macias e sedosas envolvem meu queixo , e o puxa para cima, para que eu posso vela. Mais a faixa suja de sangue, que se encontra em meu olhos me impedem de vê-la.

-fuja- digo mais uma vez, embora mão possa me mexer -se liberte- dessa vez imploro.

- Não deixe que ela se aproxime- o desespero me toma. Mais sei que não a nada que posso fazer agora, da mesma forma que não havia nada que pudesse fazer antes.

E foi naquele momento que senti um calor se espalhando por meu corpo. Deixando a dor dos meus ferimentos mais leve. Trazendo meus ossos e carne de volta pro lugar. Fazendo meu sangue se mover, meus ferimentos se fecharem, me curando.

Naquele momento eu me desespero mais uma vez, pois sei o que acontece quando ela me cura.

Senti ela movendo a mão por meu rosto, retirando a faixa, me obrigando a vê-la. E o que vejo me apavora.

Ela está me olham de forma gentil e serena, com um sorriso se alargando no rosto.

Eu estou apavorada.

- Minha linda menina, como está se sentindo- perguntou.

Mas não respondi, sei que ela não espera que eu não responda, da mesma forma que sei que por detrás da fachada serena, pelo qual ela está demonstrando nesse momento. Vira o pior dos castigos ao qual ela me expunha.

Ela sempre fazia isso, depois de anos sendo abusada e torturada por seus guerreiros a mando dela. E dela própria. Aprendi da pior forma o que suas feições significavam.

E naquele momento eu sabia o que significava.

Vi quando ela se afastou, levando a mão que jazia segurando meu queixo, fazendo minha despencar pra frente, sem força. Da mesma forma que vi quando ela pegou o que se parecia com um punhal, completamente enferrujado, e se aproximou novamente.

Raspando-o no meu rosto, arrancando assim um pouco de sangue.

- Você sabe que isso e tudo culpa sua, não é?- falou, mais não respondi- A culpa por eles estarem mortos?

Ela vivia fazendo isso, colocando a culpa por suas atrocidades em cima de mim. E eu sabia que não era, mas depois de tanto tempo sofrendo lavagem cerebral dela, acabei concordando. Mais eu nunca diria isso a ela, nunca diria o quanto suas palavras tinham poder sobre mim, nunca demonstraria o quanto ela me quebrou ou quanto me sinto culpado por não tê-los protegido dela.

O quanto me sinto culpada por não protege-los de mim.

Ela se aproximou, afundando a lâmina do punhal em meus dedos. O grito de dor escapa da minha boca antes que eu possa conte-lo.

- Eles morreram por sua culpa, por não ter me obedecido, por ter trazido eles pra essa guerra. Por ter se metido onde não devia.

Ela continuou, decepando meus dedos um por um, até que só resta-se a palma da minha mão.

Ela não se importava com meus gritos. Pelo contrário, isso só a motivava.

Ela parou, quando viu que não tinha mais o que cortar da minha mão. Foi quando ela apontou a ponta da lâmina para minha barriga. E a enfiou lá. Arquejei quando a dor me invadiu. Mais ela não parou. Continuou mexendo o punhal, enquanto ele estava dentro de mim. Cortando meus órgãos. Fazendo a dor se multiplicar.

Quando ela viu que eu não aguentava mais. Se afastou pousando o punhal em uma mesa próxima, que continha diversos aparelhos que ela usava para me torturar.

Foi quando ela se aproximou novamente.

Me curando.

Retomando a tortura a qual tinha começado.

Ela continuou.

Ela arrancou meus membros, em meio aos meus gritos.

E toda vez quando via que eu não aguentaria me curava.

Retomando o processo repetidas vezes.

Não implorei, pois sei por experiência própria que isso não adiantaria. Só a faria ficar mais empolgada.

Vi quando enquanto o sangue escorria, e cobria a parede. Quando não aguentava e vomitava ali mesmo.

Vi enquanto ela me desmembrava. Quando o sorriso surgia em seu rosto.

Vi quando ela se deu por satisfeita, e chamou o guarda que se encontrava um pouco longe.

Quando ela pegou a mesma barra de ferro e esquentou, até que ela ficasse vermelha, e se aproximou de mim, puxando meus cabelos, levantando meu rosto.
O ferro quente se aproximou do meu olho direito, ele estava vermelho por conta do fogo. Ele o pós em frente ao meu olho, e antes que ela pudesse finca-lo...

Foi naquele momento, que falei, que soltei um grito do fundo da minha garganta. Sentindo a mesma sangrar devido ao meu esforço.

- NÃOOOOOO!

Herdeira do Caos- PROFECIAWhere stories live. Discover now