Capítulo 2: A garota, um gato e meu professor de história

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Nada mais normal do que ganhar um cachorro novo, certo?! A não ser que esse cachorro seja, na verdade, um espírito da natureza, mas, por incrível que pareça, as coisas iriam ficar ainda mais estranhas e eu ainda nem fazia ideia.

Eu estava completamente perdido, segundo meus pais eu voltei com ele no colo todo ensopado e falando sobre ele tentar pegar um gato na floresta, tomei, um banho e fui dormir após o jantar..., MAS EU NÃO ME LEMBRAVA DE NADA DISSO. Eu não tinha um momento para tentar falar com ele sobre aquilo, já que meu pai o levou no sábado para comprar ração, uma coleira e umas roupas para frio (acho que eu estava sendo substituído aqui) e, no domingo, fomos visitar minha avó e o deixamos em casa, já que ela não gostava muito de cães (algo sobre meu falecido avô e um cachorro que ele tinha).

Já era segunda de manhã e eu precisava devolver uns livros na biblioteca da cidade, pois iria passar da data de devolução. Levantei-me por volta das 7:30, o sol estava brilhando no céu e alguns pássaros cantavam. Abri minha janela e, como moramos em um lugar com bastante vegetação, era possível sentir aquele vento fresco da manhã. Tomei meu café e vesti uma camiseta cinza com uma pequena logo no ombro direito e uma bermuda preta que ia até abaixo do joelho e meu tênis preto com riscas brancas. Meu cabelo sempre foi caído e liso então apenas uma passada de mãos já o deixava arrumado.

Coloquei os livros na minha mochila, eram algumas recomendações do meu professor favorito o senhor Jones, o típico professor de história que parecia ser tão velho quanto a matéria que ensinava. Ele dizia ter vindo dos Estados Unidos no ano passado e sempre usava alguma camiseta de formandos do ano anterior. Tinha cabelos curtos e grisalhos com olhos verdes, era bem alto (cerca de 1,90m) e tinhas os braços bem peludos, além de um cheiro meio forte que sempre me fez perguntar que tipo de colônia ele usava. Parecia algo como uma floresta mofada... Era bem estranho! Mas, apesar da aparência estranha, ele era um cara legal... Até gostava de livros de suspense e terror também. Quando nos conhecemos ele me recomendou uns livros muito bons e às vezes eu ia à casa dele pegar alguns emprestados, já que ele tinha uma enorme coleção de livros muito antigos daquele com capas de couro e coisas assim, recentemente ele havia me recomendado um livro sobre monstros que havia na biblioteca da cidade.

Me despedi da minha mãe que assistia televisão na sala, era folga dela, mas como meu pai havia ido trabalhar com o carro ela não poderia me levar. O cachorro dormia no sofá com a cabeça em seu colo, apanhei meus fones, coloquei meu colar e sai, a cidade não era muito grande, mas a biblioteca ficava na direção oposta da minha casa, cerca de uns 40 minutos a pé. Caminhei pelo mesmo trajeto onde havia acontecido toda aquela loucura na sexta à noite. Queria muito perguntar tudo ao Fuukami, mas não tínhamos um tempo livre, já que ele ficava no quarto dos meus pais, mas estava tranquilo, pois no dia seguinte eu teria tempo, já que meus pais iriam visitar um velho amigo do meu pai da época do colégio e eu iria ficar em casa, me dando tempo de me acertar com o ele.

Caminhei por uns 30 minutos com as mãos nos bolsos ouvindo minhas músicas até chegar em frente a uma sorveteria, pela qual eu passava algumas vezes, e senti uma vontade de tomar um sorvete de chocolate com menta. Era um tanto grande, havia várias mesas e sempre tocavam músicas do momento lá dentro, tinha algumas pessoas sentadas por ali: uma senhora com seus dois netos aos risos, uma mulher e um rapaz que eu acreditei serem um casal, algumas crianças curtindo a primeira semana de férias com os irmãos e irmãs mais velhos e, no canto direito, perto da máquina de refrigerante em lata, uma garota que não me era estranha, ela olhava pela janela enquanto bebia um milkshake que eu não soube o sabor, tinha cabelos ruivos até os ombros, usava óculos de armação preta daqueles pequenos e quadrados, estava com fones de ouvido daqueles grandes de cor preta, uma camiseta preta com um desenho de um gato dormindo estampado de vermelho e cinza uma calça jeans e sapatos pretos, ela era muito bonita, mas eu acho que a encarei por tempo demais e ela pareceu notar e me encarou de volta fechando levemente o rosto, fiz com quem tinha recebido uma mensagem no meu celular e fui pedir meu sorvete e sai dali rumo a biblioteca.

O espírito da AguaWhere stories live. Discover now