Capítulo 1: O menino, o colar e o cachorro

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Já parou pra pensar como a vida costuma ser chata? Quero dizer... Você passa sua infância estudando e brincando com seus amigos, aí então se forma e tem que arrumar um trabalho... Eu sinceramente nunca achei isso atrativo. Na realidade isso não passa de uma porcaria, mas era assim que eu vivia, até a noite em que tudo mudou.

Espera, acho que estou começando da metade né? Vou me apresentar: Sou Henry Aznik, tenho 16 anos, cabelos pretos curtos, 1,65m de altura, gosto de músicas, jogos, livros, animais..., mas isso é uma história, não meu perfil do site de relacionamentos, então vamos lá... Essa história começa no meu último dia de aula do primeiro colégio.

Eu tinha tido um ano normal, era uma escola nova, mas fiz uns amigos legais com quem às vezes eu saía pra comer algo ou só bater papo e coisas do tipo. Só havia um problema: meus amigos moravam do outro lado da cidade, então eu tinha que voltar sozinho todos os dias. Por isso eu sempre usava meus fones de ouvido na saída da escola.

Pelo caminho que eu passava havia algumas áreas com muitas árvores, já que era a parte mais antiga e longe do centro da cidade. Eu costumava ver alguns cães ou crianças brincando por ali, estava todo animado com um álbum novo da minha banda favorita quando a música nos meus fones parou e eu percebi que não os havia carregado na noite anterior.

– Ah, fala sério! Justo hoje que está com esse vento bom estou sem música!

Assim que exclamei, ouvi um som de um cão que parecia estar com dor. Comecei a olhar ao redor tentando achar de onde vinha, então avistei no meio de umas árvores, nas sombras, um pequeno cão. Estava muito sujo, mas dava pra ver que seus pelos eram brancos. Me aproximei com calma, ele me olhou nos olhos e rosnou pra mim. Foi aí que lembrei que tinha guardado um pedaço do meu sanduíche do almoço.

– Calma amiguinho, olha eu só quero te ajudar. Olha, você deve estar com fome então pode comer.

Eu coloquei o sanduíche perto dele, que ficou me olhando por alguns segundos até que se levantou e tentou sair do lugar. Porém deu apenas alguns passos e caiu desmaiado no chão. Eu simplesmente não podia deixar ele ali, então o peguei no colo e resolvi que iria levá-lo para minha casa.

– Bom... Mesmo que meus pais não me deixem ficar com ele, depois que ele melhorar eu posso procurar um dono.

Estava quase chegando em casa quando o céu começou a fechar. Parecia que ia vir uma tempestade, por isso, acelerei o passo para não tomar chuva. A umas 2 quadras da minha casa eu virei uma esquina correndo e alguém acertou meu ombro, quase me fazendo derrubar o cão.

– Ai! – Exclamou. – Não sabe olhar por onde anda não, cara?

Era uma garota, parecia ter a minha idade. Ela usava um short branco e uma camiseta vermelha com um desenho fofo de gatos. Tinha cabelos ruivos curtos e, no momento, estava com cara de estar bem descontente. Assim que ela viu o cachorro nos meus braços seu olhar mudou para algo que não parecia ser apenas curiosidade.

– Olha esse aí não é um...?

– Me desculpe, eu estou com um pouco de pressa. Foi mal mesmo!

Sai correndo pra minha casa. Poucos minutos depois, eu já estava no meu quarto. Peguei algumas roupas velhas que minha mãe vivia me mandando jogar fora e cobri um pedaço do chão, afinal, minha mãe me mataria se visse um cão tão sujo na minha cama. Peguei meu celular e comecei a pesquisar números de veterinários na região. Notei que o som forte da chuva havia começado quando o cão acordou.

– Oi rapaz. Aqui, como eu acho que você não gosta de sanduíche, peguei uma salsicha pra você. O King sempre diz que o cachorro dele adora! Aliás, King é o nick de um dos meus amigos... Espera, por que eu estou te explicando isso? – Tentei sorrir para ele, mas não sei se cachorros entendem sorrisos.

O espírito da AguaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora