05. Espelhos

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Maya Matthews

A noite caía sobre o nosso grupo enquanto nos aproximávamos furtivamente de Woodbury. O mapa que tracei e a perícia do Daryl na floresta eram nossas melhores apostas para evitar detecção. A tensão no ar era visível, mas a determinação em nossos olhos mostrava que estávamos dispostos a enfrentar qualquer desafio.

A cidade estava à vista, e eu os guiava pela floresta, nos mantivemos unidos, cada passo cuidadoso, antecipando o que poderíamos encontrar.

Ao nos aproximarmos do coração de Woodbury, o som de tiros ecoou, indicando que não éramos os únicos presentes. Um tiroteio intenso começou, e nos vimos envolvidos em uma batalha surpreendente. Zumbis vagavam pelas em direção a cidade atraídos pelo barulho dos disparos.

Eu estava à frente, lutando habilmente com as armas que aprendi a usar em Alexandria. Meu treinamento improvisado estava dando frutos, cada tiro certeiro derrubava um oponente. Contudo, a realidade de uma batalha era implacável, e as balas começaram a se esgotar.

O desespero se instalou enquanto eu percebia a situação. Meu olhar procurava freneticamente por uma saída, mas a única opção parecia ser uma sala próxima. Corri, me enfiando no lugar, buscando abrigo temporário.

A sala estava escura e silenciosa, oferecendo um breve refúgio do caos lá fora. Por um momento,me permiti respirar aliviada, mas logo a ansiedade se instalou novamente, a porta começou a fazer barulho como se alguém estivesse tentando abrir ela e eu dei alguns passos para trás, me encostando em algo, quando olhei vi que era um espelho e foi quando o mundo à minha volta começou a tremer, se destorcer como se estivesse se desintegrando. Uma sensação de vertigem me envolveu, e quando tudo se acalmou, eu estava em casa, no meu mundo,na vida real.

O som da minha chegada foi do meu corpo batendo contra o chão com força, minha bunda estava dolorida pela batida forte.

—Que merda é essa?— Falei me levantando e caminhando pelo meu quarto.

—Tem alguém aí?— A voz da minha madrinha ecoou pela casa e eu abri a porta do quarto— Aí meu Deus — A mulher gritou me abraçando com força.

—Calma, eu tô bem— O tempo que eu passei no universo alternativo também passou aqui, então eu estava desaparecida aqui durante todo esse tempo— Tô viva, ninguém fez nada comigo.

Minha madrinha me encarava com olhos arregalados e confusos. Eu podia imaginar o choque e alívio que ela estava sentindo. Desfiz o abraço e a segui até a sala, onde minha família, agora com expressões de mistura entre surpresa e alegria, estava reunida.

—Maya, onde você estava? Estávamos preocupados. — Perguntou minha madrinha com os olhos marejados.

—É uma longa história... meio maluca. Eu juro que conto tudo. — Respondi, ainda tentando me ajustar à normalidade do meu mundo. — Ou não.

— Você deve estar morrendo de fome, vem, vou preparar uma lasanha pra você— A mulher falou sorridente caminhando em direção a cozinha segurando minhas mãos.

Minha madrinha não saiu de perto de mim, nem por um segundo, o único momento que tive paz foi quando decidi tomar um longo banho quente de banheira, pra tirar todo aquela sujeira do meu corpo, fechei meus olhos pra finalmente relaxar em paz.

"A Maya não tá aqui, ela ficou pra trás, a gente tem que voltar — Carl gritava com Rick tentando voltar para woodbury"

Abri meus olhos assustada tentando entender o que havia acabado de acontecer mas eu ainda estava na minha casa, na banheira.

— O que diabos foi isso? — Murmurei para mim mesma, enquanto ainda sentia a água quente da banheira ao meu redor. A voz do Carl ressoava na minha mente, mas eu estava em casa, no meu mundo.

Decidi não dar muita importância ao que parecia ser uma alucinação e continuei aproveitando o banho. Após algum tempo, vesti roupas limpas e desci para a cozinha, onde o cheiro de lasanha estava ficando mais forte.

A conversa à mesa estava animada, mas percebi que todos me lançavam olhares curiosos. Minha madrinha tentava manter o clima leve.

— Então, Maya, onde você estava? — Perguntou ela, com um sorriso forçado.

— Sabe como é, algumas reviravoltas na vida. Mas estou de volta agora. — Tentei parecer descontraída, mas a expressão deles indicava que minha resposta não era suficiente.

O jantar continuou com perguntas veladas sobre minha ausência, e eu desconversava com respostas vagas. Não estava pronta para compartilhar a loucura que vivi em outro universo.

Depois do jantar, fui para o meu quarto, e o peso da situação começou a me atingir. Sentei na beirada da cama, olhando para o espelho do guarda-roupa e era como se ele me chamasse.

— Isso não pode ser real. — Sussurrei para mim mesma.

Mas as lembranças eram tão vívidas. Decidi dar um tempo para minha mente processar tudo. Me deitei na cama e fiquei encarando o teto, refletindo sobre as diferenças entre os dois mundos.

A escuridão do meu quarto era cortada apenas pela fraca luz da lua que penetrava pela janela. Enquanto eu mergulhava no sono, uma sensação de inquietação me envolveu. Parecia que algo estava prestes a acontecer.

No meu sonho, as vozes conhecidas de Carl, Carol e Daryl ecoavam. Eles discutiam sobre minha ausência, planejando procurar por mim. A sensação de preocupação deles era palpável, como se estivessem em uma busca incansável.

Enquanto a conversa continuava, uma frase de Carl se destacou, cortando o tumulto das vozes: "Maya, onde você está?". Seu tom era carregado de urgência e, estranhamente, eu podia sentir seu olhar fixo em mim, mesmo estando em um sonho.

A voz dele repetiu meu nome várias vezes, como um eco persistente. Cada chamado parecia mais próximo, mais real. Foi quando, de repente, acordei, a escuridão do quarto se dissolvendo à medida que minha visão se ajustava à fraca luminosidade.

— Maya... — A voz de Carl ainda reverberava em meus ouvidos, ecoando como uma última nota do sonho que se desvanecia.

Olhei ao redor, percebendo que ainda estava na minha cama, na minha realidade. O coração batia forte, e a sensação de estar conectada com o outro mundo persistia, mesmo que agora eu estivesse acordada.

Wake Me Up • Carl Grimes Where stories live. Discover now