𝐌𝐎𝐍𝐒𝐓𝐄𝐑

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𝐿𝒾𝒶𝓂

Medo.

Era tudo o que estava esboçado no rosto de Maria Cecília. Era angustiante vê-la daquela maneira, pior do que anos atrás, pior do que qualquer crise que ela já teve e eu estava por perto. Tudo o que poderia fazer era simplesmente estar ali, com ela, dizendo apenas palavras de conforto, não tinha mais nada a ser feito além de esperar que tudo isso passasse.

Imaginei milhares de coisas quando ela saiu correndo da sala, mas de alguma forma eu sabia que ela precisava de ajuda, que precisava de alguém ao seu lado. Mas a forma como ela me implorou para ir embora me assustou, o que meu deu certeza de seu ódio por mim.

Seu rosto foi suavizando aos poucos à medida em que acariciava o seu rosto, mas as palavras que ela disse ainda não saiam da minha mente, ela definitivamente não me queria ali, mesmo que fosse para ajudá-la. Foi então que relutantemente arranquei minhas mão de seu rosto, fazendo com que toda a turbulência que estava em minha barriga se interrompesse imediatamente. Foi algo difícil de se fazer, já que tudo que eu queria era continuar ali, me levantei rápido me certificando de que ela estava bem, e praticamente corri para a porta que estava entreaberta, facilitando que não houvesse barulho.

- Liam?- Um sussurro foi ouvido, ecoando por todo o ambiente silencioso.

- Sim? - Respondi me aproximando um pouco, não muito, para que ela não se sentisse desconfortável.

- Fique. - Disse de forma arrastada, como quem dissesse uma verdade mas não gostaria que ninguém ouvisse. - Fique aqui comigo, apenas para segurar minha mão. - Sua voz implorava por aquilo, e apenas o som me faria fazer qualquer coisa por ela.

- É claro, Ceci. - Me prontifiquei a me ajoelhar em sua frente, logo agarrando suas mãos. - Sempre que precisar, eu estarei aqui. - Sussurrei perto de seu rosto. - Sempre.

Seu rosto estava sereno, mas mesmo assim pude ver em seus olhos o agradecimento estampado, seus lindos olhos, que me olhavam com curiosidade, praticamente vasculhando meus segredos e lendo minha mente. Me permiti deixar um beijo casto em sua testa, e a mesma aceitou de bom grado, deixando que suas pálpebras que pareciam pesadas, descansarem.

A súplica de Ceci para que eu ficasse foi a confirmação de que eu nunca mais a deixaria. Me restavam dúvidas se ela ainda me aceitaria depois de tanto tempo, mas isso foi varrido para um lugar longe no momento em que ela me chamou, no momento que ela me escolheu para segurar suas mãos.

- Meu remédio. - Disse, ainda com os olhos fechados. - Estão na minha bolsa, Liam.

Alcancei sua bolsa e abri vasculhando a procura de algum comprimido ou frasco que fosse semelhante a um remédio.

- Está em um bolso interno. - Pontuou, se sentando ainda um pouco tonta, mas melhor que antes. Afundei minha mão e alcancei um conta gotas pequeno, e me assustei.

- Tarja preta? - Questionei, um remédio desses de mal uso resultaria em dependência e muitos efeitos colaterais.

- São controlados, Peterson. - Explicou, esticando a mão para pegar o frasco das minhas mãos, alcançando com sucesso.

Se medicou com prontidão, me fazendo questionar se realmente era de uso controlado.

- Não duvide, não seria louca de tomar um remédio desses como se fosse água. - Disse, como se lesse os meus pensamentos. - Minhas crises vem aumentando nos últimos meses, dificilmente alguém consegue me ajudar. - Continuou.

- Por que?

- Simples, eu saio correndo para um lugar seguro antes que me vejam nesse estado. Mas hoje foi diferente. - Me olhou com curiosidade. - Como sabia? - Questionou.

- Eu não sabia. - Ela arqueou a sobrancelha. Me escorei em sua mesa e cruzei os braços. - Apenas me levantei e fui atrás de você.- Expliquei, era um mistério para mim também. No momento em que ela saiu eu me levantei automaticamente. Não houveram questionamentos. Não houve respostas. Eu apenas fui ao seu encontro.

Ela apenas balançou a cabeça em concordância, mas eu sabia que ela estava tão confusa quanto eu.

- Daqui alguns minutos eu vou cair em um sono profundo. - Mencionou. - Pode ficar aqui até isso acontecer? - Questionou, se deitando novamente no sofá de cor clara.

- É claro. - Me sentei em um espaço que ela deixou logo alcançando sua mão, que me puxou com força para deitar com ela, nos fazendo ficar espremidos. Olhei para a mesma procurando resquícios de desconforto, que era inexistente, já que a mesma esboçava uma face calma.

Procurei me deitar por baixo de Ceci para deixá-la mais confortável, logo conseguindo com sucesso fazê-la encostar sua cabeça em meu peitoral. Acariciei seu braço por alguns segundos, ajudando com que ela caísse em um sono profundo. Aquela proximidade que estávamos tendo me fazia arrepiar, ansiava por isso a muito tempo.

Mas esses pensamentos duraram pouco tempo, já que minha mente logo foi levada à horrível crise que Ceci revelou minutos atrás. Aparentemente, esse breu a consumia muito rápido, Ceci se mostrou estar acostumada com esse monstro que andava ao seu lado, mas que com o tempo, ela parecia ter se acostumado. Definitivamente seu transtorno não era algo leve ou passageiro, e que provavelmente tornava sua vida mais difícil, e mesmo com tantos aspectos ruins, ela insistia em passar por tudo sozinha, insistia em ser forte para lidar com uma escuridão que a consumia por dentro rapidamente enquanto o mundo a sua volta não via, não ouvia e não falava nada, já que ela se escondia, se escondia para tentar se curar. A sua guerra contra essa doença com toda certeza não era fácil, mas mesmo assim ela se manteve forte durante tanto tempo, nas sombras e só.

Ela não merecia tanta dor, tanta angústia e medo. Mas do que ela teria tanto medo? De mim? Das pessoas? Da pressão diária? Ou de si mesma? Essas perguntas rondavam minha mente, enquanto a mesma respirava calmante contra mim.

Tantos gritos empurrados para o fundo da gaveta em sua mente, me fazendo questionar novamente quando foi a última vez que Ceci procurou ajuda? Ela provavelmente fingia bem, tão bem que sua família nem deve saber do seu consumo de remédios fortes. Abracei ainda mais seu corpo procurando tentar passar toda aquela angústia e sofrimento para mim, eu tomaria tudo isso dela, se fosse possível, tiraria toda a sua dor.

- Eu estou aqui. - Sussurrei baixo. - Agora é para sempre, querida.












𝐀𝐓𝐄𝐍𝐂̧𝐀̃𝐎

Se você, leitor, sofre de algum tipo de crise mental, lembre-se, você não está sozinho. Ao reconhecer uma crise, siga as seguintes instruções:

1. Respire profundamente. Concentre-se em inspirar e expirar lentamente para acalmar sua mente.

2. Identifique cinco objetos ao seu redor. Nomeie-os em voz alta para ancorar-se no presente.

3. Ligue para um amigo de confiança. Às vezes, compartilhar ajuda a aliviar a ansiedade.

4. Considere a possibilidade de procurar apoio profissional, como um terapeuta ou psicólogo.

5. Esteja ciente de recursos de emergência, como linhas telefônicas de apoio, caso necessite de ajuda imediata.

Essa luta não é fácil, mas sei que você consegue.

Todas As Flores Que Te Enviei - Série Os Romana's | Livro 1 Donde viven las historias. Descúbrelo ahora