Las angeles

5. Uma verdadeira Ángel

Pérola Ángel

O dia estava abafado. Eu não tinha aula, porque hoje era feriado na Espanha. Desci as escadas para comer alguma coisa e vi várias pessoas limpando e organizando a casa. Em pouco tempo meu pai daria uma festa para os amigos mais próximos, o bom é que eu poderia ficar na piscina, mas eu não estava muito animada. Os convidados eram as famílias Salvatori, Esperanza, Gutierrez e uma que havia se mudado recentemente, os Duranti. Essa confraternização era um costume da minha família e também serviria como boas vindas ao recém chegados, porém significava que eu teria que ver Mark. Depois da conversa que tivemos na escola, sobre as intenções dele de assumir um relacionamento comigo, nós não nos falamos. Meu medo era que, por um surto, ele falasse algo para Cezar. Aí sim seria um caos. 

Fui em direção à cozinha e fiz um sanduíche com pão e queijo e peguei um copo de suco de laranja. Não vi Tony e nem minha mãe, Dani provavelmente estava se descabelando em algum lugar da casa para deixar tudo perfeito. Até então eu não havia visto os membros da família Duranti, só escutado sobre eles, não sabia o que esperar e estava curiosa. Caminhei até a área da piscina e meu pai estava lá. Assim que ele me viu, veio em minha direção com um semblante preocupado. Fiquei onde estava, apenas saboreando meu café da manhã.

-Pérola, preciso que você me ajude hoje. É um dia bem importante. - como sempre ele só se dirigia a mim se isso fosse vantajoso para ele. 

-Bom dia, pai. Eu dormi bem, obrigada. E você? - dei um gole no meu suco e procurei, tentando ver meu irmão em algum lugar.

-Filha, sem sarcasmo, por favor. Seu irmão não dormiu em casa, então não faço a mínima ideia de que horas esse incompetente vai chegar. - ele deu uma longa respirada e passou as mãos pelo rosto. - A sua mãe provavelmente não sairá do quarto, só se a senhora Salvatori vier, mas você sabe como está a situação e não sei se realmente vão aparecer. Eu preciso que você entretenha os convidados, certifique-se que estão se divertindo e que estejam confortáveis, principalmente os Duranti. Eles tem um filho e uma filha, Carter e London, devem ter a mesma idade que você. É essencial que todos sejam bem recebidos.

-Certo, pai. - imagino que com a falta de Agatha ele deveria estar um pouco perdido.

-Se alguém perguntar, diga que sua irmã está fazendo um intercâmbio por conta de suas notas boas, entendeu? Você tem 4 horas para se arrumar, se precisar saia para comprar roupas novas, mas você precisa estar esplêndida. Eu deixei marcado um horário no salão da Laís para você, daqui a uma hora. - ele colocou a mão no bolso e puxou a carteira, me dando um de seus cartões black. Até que aquilo não estava sendo tão ruim. - Pérola, você é linda, aproveite isso. E a partir de agora preciso que aprende a como ser uma filha da família Ángel.

-Obrigada, pai. Vou me certificar que tudo ocorra bem. - eu corei. Cezar nunca tinha me elogiado antes, sua atenção sempre era voltada para Agatha e agora que ela não estava ali parecia que finalmente se lembrou que tinha outra filha. 

-Senhor Ángel, poderia vir aqui? - um dos funcionários chamou meu pai e ele me deixou.

Nas últimas festas que minha família organizou eu sempre ficava em um canto sozinha, nunca gostei muito de interagir com os outros, esse era o papel da minha irmã. Não sabia muito bem o que fazer, mas de tanto ver ela recepcionando convidados acredito que não seria tão difícil. Tony raramente estava nas festas, ele não se sentia confortável. Ele era um menino muito radiante e ambientes com clima pesado não faziam bem para ele e aquelas festas só tinham dois objetivos, negócios e exibição de poder. Ouvi dizer que uma vez meu irmão esbarrou no filho de um chefe de uma máfia italiana e o menino quis brigar com ele, a reação de Tony foi chorar. Desde então meu pai não faz questão de tê-lo em suas festas, ele se envergonhado por seu filho não passar um ar de soberania. Não o tinha visto chegar ontem e comecei a me perguntar aonde Tony tinha ido noite passada.