Capítulo 4

264 34 37
                                    

Ni-Ki me puxou até uma pequena e apertada sala aos fundos da loja retrô e depois nos escondemos em um armário super pequeno e empoeirado.

Eu estava hiperventilando. Era como se todas aquelas lembranças traumáticas estivessem voltando. Eu estava suando e não conseguia controlar minha respiração até que Ni-Ki me forçou a olhar em sua direção.

— Me dá suas mãos e respira fundo. — Fiz o que ele mandou e então o japonês segurou minhas mãos, apertando-as bem forte.

— Eu tô aqui. Nada de mal vai acontecer. Conta até 5 comigo. — Começamos a contar os números e repetimos isso por 3 vezes até minha respiração se regular.

— Está se sentindo melhor?

— S-sim— gaguejei, mas então ouço mais um barulho de uma porta sendo batida contra a parede. São eles. Estão vindo em nossa direção.

Ni-Ki deve ter percebido como congelei no momento e me puxou para um abraço apertado, conseguindo me acalmar e fazendo-me sentir segura. Assim como há 8 anos atrás.

Flashback
Ni-Ki e Liv com 8 anos

— Kiki, anda mais devagar! — Eu falava para o japonês andando rápido à minha frente.

— Quantas vezes eu já te disse que não é 'Kiki' e sim 'Riki'? — o japonês questiona esbravejando.

— Mas 'Kiki' é mais fofo. Igual a personagem do filme Ghibli.

—  Você ama encher minha paciência, né, Liv?

— É minha brincadeira favorita!

Depois de várias discussões ao longo do caminho, finalmente chegamos até a loja de conveniência. Minha mãe iria fazer um bolo para o lanche da tarde de Jay, seus amigos e eu, sua irmãzinha. Porém, dona Park esqueceu de repor o estoque de ovos e trigo, e cá estou eu com um mini japonês emburrado para fazer as compras.

— Já achei os ovos, Liv!— anunciou. — Já achou a farinha de trigo?

— Sim, vamos pag-

Interrompo minha fala quando ouço a porta da loja de conveniência abrir bruscamente.

— Passa o dinheiro, velho! Passa logo!

Era um assalto.

Eu não soube como reagir. Apenas fiquei parada no lugar sem expressar nenhuma reação. Minha mente dizia "corre", mas meu corpo não obedecia. Então, quando a minha visão estava começando a ficar turva, sinto alguém me puxando pela loja e nos escondendo atrás de uma prateleira alta.

— Tá tudo bem, Liv. Sou eu, o Kiki. Segura a minha mão.— Ele falava sussurrando. Eu ainda não tinha capacidade de reagir, então Riki pega minhas mãos.

— Vamos contar até 5 bem devagar, tá bom? 1, 2, 3, 4, 5. Isso. Muito bom. Mais uma vez.

Fizemos isso até eu me acalmar e voltar aos meus sensos. Minhas mãos estavam geladas e percebi que estava ficando pálida. Ainda estava com muito medo da situação. Acho que Riki percebeu isso, porque no instante seguinte, ele me puxou para um abraço.

— Eu prometo que vou te proteger.— sussurrou.— apesar de sempre nos irritarmos ou brigarmos, eu jamais deixarei algo de ruim acontecer com você.

Com essa fala ele aperta mais o abraço e eu começo a chorar. É um choro de alívio, de segurança.

— Promete?— sussurro

— Prometo.

E essa promessa faz com que eu me sentisse protegida e segura, conseguindo me acalmar.

Ficamos abraçados e escondidos até que os assaltantes foram embora. Riki ainda tinha algumas moedas consigo e me comprou um sorvete de torta de limão para me acalmar. Desde esse dia, esse virou meu sabor de sorvete favorito.

Entre quadras & sorvetes Where stories live. Discover now