PUPPET GAME ' NETEYAM SULLY

001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

Foi nessa idade que ele começou a moldar o que ela pensava sobre Pandora.

Valentim a levava até o centro de comando quase todas as noites. As luzes frias do laboratório refletiam no rosto da menina, que observava as telas com atenção. Ele mostrava gravações antigas: ataques dos Na'vi, batalhas, humanos caídos, bases queimadas.

— Eles nunca foram pacíficos, Maeve — dizia ele, a voz calma. — Olhe como agem. Mataram cientistas, soldados, destruíram tudo que tentamos construir.

Ela assistia em silêncio, o rosto imóvel. As imagens eram fortes, cheias de gritos e tiros, mas Valentim sempre pausava nas partes certas, nos momentos em que os Na'vi pareciam monstros.

— Mas... — às vezes ela hesitava. — A Grace... ela vivia entre eles, não vivia?

Valentim respirava fundo e a olhava com um ar pesado.

— E olhe o que aconteceu com ela. — dizia, girando a cadeira devagar para encará-la. — Grace se perdeu. Foi manipulada. Confundiu o inimigo com o amigo.

Maeve baixava os olhos. Ela queria odiar Grace, mas às vezes doía demais.

— Ela escolheu o lado errado. — concluiu Valentim, com firmeza. — E pagou o preço por isso.

Silêncio. O som dos monitores preenchia o ar.

Então ele pegou uma pasta e espalhou algumas fotos sobre a mesa metálica.

— Vamos ver se você lembra deles. — disse, quase como se fosse um jogo.

A primeira imagem mostrava um homem sorrindo em frente a uma floresta.

— E esse é...?

Maeve reconheceu imediatamente.

— Jake Sully.

Ela já tinha visto vídeos dele com Grace. No começo, sentia curiosidade, até simpatia. Mas com o tempo, vendo as imagens que Valentim escolhia, algo dentro dela mudou. Passou a sentir repulsa.

— Um traidor. — murmurou ela, com raiva.

Valentim sorriu de leve.

— Isso mesmo. Um homem que virou as costas para seu próprio povo.

Ele colocou outra foto na frente dela. Era de uma Na'vi de pele azul e olhos dourados.

— E essa?

— Neytiri.

Valentim se inclinou, apoiando as mãos na mesa. Seu olhar ficou sério.

— Fique longe dela se não quiser morrer.

Maeve olhou para a foto por alguns segundos. Neytiri parecia forte, selvagem, quase bonita. Mas a voz de Valentim ecoava na cabeça dela como uma ordem.

"Fique longe."

— Sabe, pai... — Maeve começou, ainda olhando para a foto de Neytiri. — Nem todos eles são ruins.

Valentim ergueu uma sobrancelha.

— Ah, é? — perguntou com calma. — E o que te faz pensar isso?

Ela hesitou um pouco antes de responder.

— O Rai'uk não é ruim. Ele me ensinou muitas coisas sobre o clã dele. Ele me contou histórias, falou sobre a Árvore das Almas, sobre como eles acreditam em Eywa... — sorriu de leve, lembrando. — Ele é diferente.

Valentim cruzou os braços e a observou atentamente, como se avaliasse cada gesto.

— Diferente? — repetiu, se aproximando devagar. — Maeve... o Rai'uk é prisioneiro. Ele está vivo porque nós deixamos.