JOGO DE MARIONETES | O egoísmo dos homens revela suas sombras mais obscuras.
Valentim nunca enxergou Maeve como uma criança.
Desde o momento em que a sequestrou ainda bebê, ela foi apenas um experimento. Uma arma em potencial.
Criada entre cientista...
Rai'uk inclinou a cabeça com um meio sorriso cansado. Sua voz grave soou baixa:
— Todos, de um jeito ou de outro, acabam se apaixonando por Pandora. É como eu sempre digo, May. — chamou-a pelo apelido que só ele usava.
Maeve olhou para trás e assentiu com entusiasmo.
— Realmente... é impossível não amar.
Ele caminhou alguns passos adiante, parando ao lado dela. Seus olhos dourados refletiram a luz azulada das plantas. Por um instante, parecia de volta ao lar. A saudade apertou, mas ele engoliu seco antes de continuar:
— Quem sabe, quando você ganhar seu avatar, eu não possa levá-la até a Árvore das Almas. — seus lábios se curvaram em um sorriso, embora seus olhos demonstrassem outra coisa. — É uma experiência que não há palavras para descrever.
Maeve arregalou os olhos.
— Eu adoraria! — respondeu sem hesitar, sorrindo largo.
— Sabe quando vai ganhar seu avatar? — Rai'uk perguntou.
— Meu pai disse que quando eu fizer 12 anos. Isso é daqui a... três semanas.
O coração dela acelerou só de falar em voz alta. A ideia parecia um sonho próximo demais para ser real. Naquele instante, sua mente se encheu de imagens: correr pelos campos sem medo, escalar árvores, sentir o vento do voo sobre um banshee. Tudo isso estava tão perto que quase podia tocar.
Rai'uk a observava em silêncio, os lábios curvados em um sorriso melancólico. Para ela, o futuro era uma promessa. Para ele, era uma prisão disfarçada de liberdade. Ainda assim, não teve coragem de apagar a chama da esperança em seus olhos.
— Três semanas... — murmurou, mais para si do que para ela, e voltou o olhar para a floresta, onde as folhas brilhavam como se respondessem à risada leve de Maeve.
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MAEVE ASSISTIU A TODOS os vídeos de Grace aos quais teve acesso. Nenhum escapou. Cada gravação da doutora Augustine se tornou uma ferida aberta na mente da menina. O ódio pela mulher que a trouxe ao mundo ardia dentro dela como fogo.
Às vezes, quando se lembrava das palavras de Grace "espero que morra, se não morrer, não vai ficar comigo" Maeve sentia o corpo inteiro tremer. Era um misto de raiva e tristeza que ela não sabia como controlar.
Com o tempo, aprendeu a canalizar tudo isso. Quando treinava combate, quando socava o saco de pancadas, quando atirava, quando corria até os pulmões queimarem, tudo o que sentia virava força. Valentim dizia que ela precisava ser forte. Que só assim nunca seria ferida como sua mãe a feriu.
A Augustine treinava desde os oito anos. Tinha punhos firmes, olhares frios e uma determinação que assustava até os soldados adultos. Aos dez, já entendia o mundo melhor do que muitas pessoas crescidas. E era exatamente o que Valentim queria.