001. THE FIRST TEST. THE FIRST PLAN

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Maeve fungou contra o peito dele, absorvendo cada palavra. A dor do abandono agora se misturava ao medo e também à gratidão. O único lugar onde ela se sentia segura era ali, nos braços do homem que a criava.

Valentim fechou os olhos, satisfeito. Cada lágrima dela era um tijolo a mais no muro que ele erguia em torno de sua mente.

DIAS, MESES E ANOS se passaram, e Maeve tinha 9 anos quando teve seu primeiro contato com um nativo

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DIAS, MESES E ANOS se passaram, e Maeve tinha 9 anos quando teve seu primeiro contato com um nativo. Seu nome era Rai'uk. Ele havia sido capturado ainda aos 16 anos, arrancado de sua família e de seu clã Omatikaya, e desde então permanecia em cativeiro.

Valentim viu nele uma oportunidade valiosa. Rai'uk carregava em si o conhecimento da língua, dos costumes e das tradições Na'vi, exatamente o que Valentim queria que Maeve dominasse. Ele não desejava apenas que a menina aprendesse a falar como eles, mas que se moldasse inteiramente em sua forma de viver.

O plano era simples: quando seu avatar estivesse pronto, Maeve já teria aprendido a ser uma deles.

Rai'uk não tinha escolha. Ainda era jovem e, mesmo sendo leal ao seu povo, o medo da morte era um peso constante. Valentim havia deixado claro: se não ensinasse a garota, morreria.

Para Maeve, no entanto, tudo era diferente. Ela mergulhou nos ensinamentos com entusiasmo, absorvendo cada palavra, cada história contada por Rai'uk. Aos poucos, a relação entre eles cresceu além do que Valentim poderia prever. O Na'vi, apesar de resistir por dentro, encontrou na menina uma companhia inesperada. Já ela, sozinha no mundo, encontrou nele um amigo.

Conversavam longamente em Na'vi, muitas vezes sobre assuntos banais como o céu, os animais, sonhos e brincadeiras que ela inventava. Rai'uk, ainda que amargurado pela prisão, não conseguia evitar sorrir quando estava com a menina. Ela o tratava sem a distância com que os adultos humanos o viam.

Sempre que uma lição prática exigia a floresta, os dois podiam explorá-la juntos, mesmo que nunca sozinhos: dois ou três soldados os acompanhavam, mantendo-se próximos demais para que Rai'uk se esquecesse da sua condição. Ainda assim, entre as árvores, havia momentos em que ele quase acreditava estar livre outra vez.

Maeve, com o tempo, passou a vê-lo como irmão. já Rai'uk dividia-se entre o afeto real que sentia por ela e a dor de estar, mesmo que à força, moldando uma humana à imagem do seu povo.

Maeve passou a palma da mão pelas folhas bioluminescentes, observando como brilhavam sob o menor toque. Seu rosto se iluminou ao tentar formular a frase em Na'vi, sua voz ainda infantil:

— Oel ngati kameie... — hesitou, riu baixinho e então completou em sua língua materna — Eu amo essa floresta.

A textura macia das folhas contra seus dedos era uma sensação extraordinária. Cada toque parecia vibrar dentro dela, como se o lugar a reconhecesse. Havia algo naquela conexão que a fazia sentir-se parte de Pandora, mesmo sem compreender completamente o porquê.

PUPPET GAME ' NETEYAM SULLYWhere stories live. Discover now