O Feirante

capítulo vinte

– Mamãe, mamãe, mamãe... – Talvez eu gritava agora ? Mas mesmo assim não saia som algum – Me abrace mamãe, me leve com você, eu imploro me...me leve. Mamãe me leve com você.

Pareciam horas que eu gritava e chorava por misericórdia, por um abraço na qual ela ficou me devendo todos esses anos. Pois ela havia me prometido isso, no mesmo dia que se foi, antes de me ver entrar no carro a caminho da escola, ela me prometeu me dar muitos beijos e um grande abraço se eu fosse um bom menino na escola.

– Jimin... – A sua voz... Deus como eu queria ouvir a voz dela.

Aquela voz foi capaz de secar minhas lágrimas em segundos, me fez parecer que eu nunca tivesse chorado a segundos. Me deixou em paz, como se tivesse me dopado.

– Me perdoe meu amor... perdoe a mamãe por ter o deixado. – Suas mãos pequenas e tão macias cobre meu pulso – Mas mamãe não quer você aqui ainda, não dessa forma meu amor... não deixe sua mãe triste ok?

Nego várias vezes – Por favor, me leve com você mamãe, eu não aguento mais, eu não consigo mais mamãe... – Falo em desespero mais não consigo ouvir minha própria voz.

– Meu amor... meu menino, você é tão forte querido – continuo negando sentindo a paz ir junto com ela a cada vento que sopra sobre seus cabelos – Você é tão forte meu amor, eu vou estar aqui, vou esperar você, mas não agora meu amor, você não pode vir agora ok?.

Grito e grito, mas sem voz, um grito mudo porque talvez eu nunca tenha dito uma palavra que pudesse emitir som algum.

E quando aquela dor e desespero de antes finalmente me atingiram, mamãe se foi com o vento.

– MAMÃE ! MAMÃE...

Algo forte me faz abrir os olhos e um solavanco em meu corpo me faz sentar rapidamente.

Sou jogado de volta pra trás, ao me deitar em algo macio, mãos me empurram com força pra me manter parado.

– Já está se estabilizando doutor, os batimentos retornaram.

Uma voz feminina soa longe aflita e aliviada ao mesmo tempo, meu peito arde como se algo tivesse batido nele, os movimentos ao meu redor vão se afastando assim como minha consciência.

***

Alguém me perseguia na escuridão, e a única coisa que eu podia ver a minha frente enquanto corria desesperado era mamãe, com seus braços abertos e seu sorriso tão lindo que não podia mostrar seus lindos olhos.

Corro desesperado para seus braços fugindo daquelas vozes e escuridão ao meu alcance, mas nunca conseguia chagar até mamãe.

Mas finalmente consigo segurar sua mão e com força sou puxado pra luz .

Meu corpo solavanca me fazendo sentar na cama aos prantos. Despertei de um sonho?
Me deparo com um quarto escuro e silencioso.
– Mamãe.... mamãe... – tento abraçar meus joelhos mas uma dor irritante me desperta mais uma vez, e como se toda adrenalina de meu corpo sumisse sinto minha cabeça pesar e tudo ao meu redor gira me fazendo cair pra trás na cama, mas antes de dormir pude ouvir ao longe alguém falando as pressas e logo saindo do lugar aonde estou.

Uma luz forte atinge meus olhos me fazendo fecha-los  assim que tento abri-los, me sinto enjoado e tonto, tento me adaptar com a claridade e tentar saber onde eu estou.