- E tu Anna? Como te sentes?

Ela pousou os talheres e limpou a garganta timidamente – Bem, um pouco cansada da viagem apenas.

- Imagino que estejas cansada, é um voo muito longo. E ainda por cima chegaste justamente hoje. Mal tiveste tempo para descansar!

Ela deu um pequeno sorriso e negou com a cabeça – Foi escolha minha, na verdade! Por isso não me posso queixar.

- E em relação ao teu novo emprego? – agora foi a Elaine quem perguntou – Não estás ansiosa por começar a dar aulas? Quando me disseram que a vaga de professor de Literatura Moderna estava aberta eu soube logo que a Anna seria a pessoa ideal para o cargo, filha.

Professora? Que sexy...

- Começo daqui a dois dias e ainda não sei onde fica a universidade sequer... - sorriu um pouco mais relaxada.

- Não seja por isso! – exclamou o meu pai - O Leo estudou lá e de certeza que te pode levar amanhã para que fiques a conhecer!

- Que ótima ideia! - a Elaine deu um salto no lugar, com um entusiasmo que eu diria ser desnecessário - Eu adorava poder levar-te lá, filha, mas amanhã tenho o dia cheio de reuniões. – acrescentou.

O desconforto da Anna era tão grande que se tornava visível – Não há necessidade, eu posso muito bem resolver isso sozinha. Para mais, não quero dar trabalho ao Leonardo!

Adorei ouvi-la dizer o meu nome...

- Eu levo-te. – interferi – Será um prazer poder ajudar.

Consegui que me olhasse e desta vez senti uma faísca de algo ao qual não sabia dar nome, mas que me despertou a vontade de suster aquele olhar por mais uns segundos.

- Não é necessário. – insistiu, teimosa – Além disse, acredito que ele não saiba onde fica a ala de literatura.

- Sei sim, namorei com uma miúda que estudava Literatura Inglesa. – garanti-lhe, fazendo-a desistir de ripostar.

A noite continuou em volta de trivialidades e conversas que pouco me interessavam. Quando o assunto girou novamente sobre a ideia de eu levar a Anna à universidade no dia seguinte, ela insistiu que não era necessário, mas eu não dei o braço a torcer. Algo me dizia que se não o fizesse, estaria a perder uma grande oportunidade de me divertir um pouco, com a minha nova irmã.

A festa estendeu-se por mais umas três ou quatro horas, mas logo após o discurso do meu pai, arranjei forma de sair sem ser notado. Era domingo e já passava da meia-noite, o que significava que dentro de pouco tempo, os meus amigos também estariam fora de casa prontos para mais uma noite de festa na capital inglesa. Deslizei silenciosamente pelos corredores, evitando os olhares curiosos dos convidados que ainda desfrutavam da festa. No momento em que alcancei a porta de saída, senti o frio noturno bater-me no rosto e escapulindo-me como um puto de 16 anos, fui direto para casa do Liam.

- Que tal a festa? – perguntou-me colocando um cigarro na boca.

- Mais do mesmo... tremendamente chata! – ele riu-se enquanto eu acendia um dos seus cigarros – No entanto... - dei um trago no cigarro – Conheci a minha irmãzinha.

- É boa?

Ri da sua pergunta. A verdade é que 'boa', era um eufemismo. Ela não era "boa", ela era podre de boa, porém, preferi ocultar esse detalhe do meu melhor amigo.

- Safa-se. – respondi, com um sorriso divertido nos lábios.

Eu não ia dizer o que realmente achava dela, ele não precisava de saber.

Seguimos para o Under por volta das duas. A noite estava especialmente fria, mas isso não parecia ser impedimento para todas aquelas pernas nuas na fila de espera, fila essa que dava a volta ao quarteirão.

Os apelidos Van der Wood e Hill eram já bem famosos na noite de Londres, então esperar para entrar nunca era algo pelo qual tínhamos de passar.

Ao entrar na discoteca fui inebriado por em cheiro forte a álcool, perfume e tabaco, nada a que já não estivesse habituado. Todos esperavam por nós na zona VIP, mas eu queria ir para o meio da pista divertir-me um pouco, antes de tratar de negócios.

- Eu vou ali beber qualquer coisa. Já te encontro! – informei o Liam, antes de o abandonar.

Lancei-me para a pista da discoteca, imerso na batida pulsante da música eletrônica que preenchia o ar. As luzes coloridas piscavam freneticamente, lançando sombras e reflexos inconstantes por toda a parte. O calor do local misturava-se com a eletricidade no ar, criando uma atmosfera carregada de energia.

Enquanto eu me movia pela pista, avistei uma mulher deslumbrante à minha frente. Os seus olhos eram como um íman, atraindo o meu olhar, e o seu sorriso irresistível. Ela dançava, sedutora, movendo-se ao ritmo da música, e eu não conseguia resistir à tentação de me aproximar.

Colei o meu corpo ao dela e comecei a dançar, deixando a música nos envolver. Os nossos corpos moviam-se juntos, como se estivéssemos a seguir uma coreografia invisível, e a atração mútua crescia. Naquele momento eu pensava em só uma coisa. COME-LA!

Depois de um tempo a dançar, ela puxou a minha mão e sussurrou-me ao ouvido, sugerindo irmos para um lugar mais tranquilo. Sem pensar duas vezes, levei-a até à casa de banho da discoteca. Lá, o ambiente era mais silencioso e íntimo, com uma luz suave que criava uma atmosfera ainda mais sensual.

À medida que nos beijávamos, a minha vontade de a ter ali, naquele momento, se intensificava, mas a verdade é que eu tinha pressa e precisava de bazar.

- Qual é o teu nome? - perguntei, ainda ofegante.

Ela deu-me um sorriso enigmático e sussurrou o seu nome suavemente no meu ouvido.

- Prazer, Rachel! – respondi.

- Não me vais dizer o teu nome?

- Talvez noutro dia. - Dei-lhe um último beijo ardente e saí da casa de banho, deixando-a sozinha à espera de saber qual era o meu nome. Tinha negócios a tratar e miúdas como aquela, apareciam todas as noites.   

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