"FLAVORS"

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"FLAVORS"
SS 03 - SOUR CANDIES

THIRD

Quando alguma inocente garotinha na Coreia do Sul decide ganhar a vida na indústria do entretenimento, eu tenho certa pena da coitada. Ela precisa ter a consciência de que não terá grandes chances se não for magra, bonita e extremamente talentosa. O último requisito pode ser apenas um detalhe, pois se tiver os dois primeiros, os anos de treinamento em um programa de Trainee dentro de uma das centenas de empresas criadas para isso, daria o jeito certo de construir o "talento" necessário. Apesar do critério beleza também poder ser construído, era no talento que eles investiam em quem, presumidamente, não o tinham.
Então, vamos ver aqui a história completa de uma garotinha sul-coreana que enfrentou esse sistema tenebroso, mesmo tendo talento e quase não conseguiu realizar seu sonho, afinal, eu disse que são anos, não foi? Vejamos....

MINJI (민지)

Tudo começou quando a linda, bochechuda e de lindos olhos amendoados Yejin decidiu que queria ser cantora! Obviamente, os pais não a apoiaram, mas ela foi em busca de seu sonho mesmo assim. Determinação poderia ser o sobrenome da Yejin, o que na verdade era Kim, o nome de família mais comum na Coreia. Kim Yejin também era o nome de uma famosa esportista, mas, naquele país o que não faltava eram nomes iguais.

2005
Nesse ano, Yejin conseguiu convencer sua mãe a levá-la para participar de um concurso num programa de televisão infantil recém-lançado, chamado "Diver Child", e ele se propunha a exibir uma programação completamente voltada para os pequenos, com um controle parental ótimo, e estava começando a fazer sucesso, principalmente pelas animações da Disney que exibia. O concurso era para definir uma nova apresentadora carismática para representar o canal. Yejin foi uma entre as mais de mil garotinhas que se inscreveram.
A mãe de Yejin perdeu uma manhã e uma tarde inteira naquele processo, levando sua filha para cima e para baixo naquele prédio, e até almoçaram lá. Ela só não desistiu pois, gostou de ver a sua garota de oito anos tão empolgada em competir e ter uma chance de ser famosa.
- Filha, você sabe que aqui você não vai cantar como acha que vai, não é?
- Claro que vou, Eomma! (어마, mãe em coreano) Eles disseram que vão fazer um teste musical também, pois podem produzir um musical quando o programa tiver fazendo sucesso. Então, acho que tenho grandes chances!
Yejin disse aquilo com uma confiança infantil admirável, mas a mãe tinha receios. Daí, foram para as últimas provas do teste, o qual a Yejin disse que teria música e além disso, foi filmado para ser exibido no próprio canal. Demorou mais do que a mãe da Yejin imaginou, e no fim das contas, sua filha ficou em segundo lugar, mas foi aplaudida pelos jurados que se admiraram com o tom de voz dela. Yejin chorou bastante naquela noite.
No mesmo mês a empresa Diver Company, a do concurso, entrou em contato com a família dela dizendo que uma empresa de entretenimento estava propondo à Yejin a chance de virar uma Idol, totalmente sem custos, bastava ela passar numa audição. Ou seja, poucos dias depois, Yejin e sua mãe foram fazer a tal audição na empresa NCJ Entertainment, uma das três maiores no ramo do entretenimento e do K-pop e por sorte ela passou! Assim, começaria ali o seu tão esperado sonho.
Bom, naquele mesmo ano, a mãe da Yejin teve dúvidas sobre a definição de "sonho", afinal, a filha começou a sofrer com dores no corpo, nas pernas principalmente, e muitas vezes voltava para casa com o ânimo completamente destruído. Ainda assim, Yejin não queria sair e dizia que aquele era seu sonho! O pai da garota nem falava mais nada, sorte que sua irmã mais velha, Yejung lhe dava o ânimo necessário pra voltar no dia seguinte. E assim começou o sofrimento da Yejin.
Uma das primeiras coisas que as aspirantes à Idol - ou bailarinas, de modo geral -, tinha de fazer era ter flexibilidade e força muscular. A Yejin não tinha nenhum dos dois, mas como disse, tudo isso é construído a base de muito esforço e muitas dores. Yejin não sabia que sentiria tantas dores ao abrir as pernas ao ponto de sua virilha ter de tocar o chão. A instrutora, muitas das vezes, forçava as garotas com mais dificuldade à alcançar o objetivo esperado colocando seu peso sobre as costas delas. E esse processo demorou muito, mas muito tempo, pois quando se tem oito anos de idade isso é fácil, mas não com o passar do tempo, e teria de sempre estar se aperfeiçoando.

SOUR CANDIES - Contos de um Mundo Cruelmente ColoridoWhere stories live. Discover now