Capítulo 9

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Uma gargalhada distante e o som de algo caindo no chão, ecoam em meu cérebro adormecido, forçando-me a abrir um dos olhos. Olho para o relógio em minha cabeceira, através das pálpebras pesadas, vejo que são apenas sete da manhã. A luz do sol entra no quarto e ameaça despertar-me de vez, mas me aninho preguiçosamente na cama. Respirando fundo, sinto o perfume celestial, intoxicante e entorpecente de Álvaro, enquanto tento dormir outra vez.

Álvaro?

Mas o que...?

Então, me dou conta de que ainda estou com o suéter dele, por um breve instante, me permito apreciar o seu cheiro, que me faz lembrar de quando nos encontramos no restaurante. Inspiro e consigo identificar o aroma com precisão: uma mistura de perfume, sabonete e loção pós-barba.

Sento-me às pressas. O que estou fazendo?

Suspirando por um simples cheiro?

Não tem lógica.

Estou oficialmente perdendo a cabeça.

Lelé da cuca.

Em meio segundo, arranco o suéter do corpo, pulo da cama e, sem pensar muito, enfio-o numa gaveta da mesinha de cabeceira. Com dedos trêmulos, esfrego os olhos e tento me recompor. Depois de alguns minutos, a ansiedade vai passando e me acomodo de novo na cama, mas não consigo voltar a dormir. Então, decido tomar uma chuveirada.

Quando desço. Vejo Levi sentado na ilha da cozinha, com a cabeça escondida entre os braços dobrados, murmurando para si mesmo. Ao seu lado, Álvaro sorri para mim por cima do jornal. Como sempre acontece quando ele faz isso, todo o meu corpo entra em estado de alerta. Sinto o sangue começar a pulsar mais depressa quando caminho lentamente até à ilha.

— Levi está prometendo nunca mais pôr uma gota de uísque na boca, se a ressaca permitir que ele sobreviva a este dia. — Álvaro sorri e toma um gole de café — Sabe, o álcool prejudicou seu estômago. Se ele tossir aqui, pode esperar o vendaval sair de dentro de suas calças.

Apesar de abafadas pelos braços, as palavras de Levi saem claras e objetivas:

— Vai se foder, Álvaro.

Ele ri e olha para mim.

— Quer café?

— Quero sim. Obrigada. — me sento em umas das banquetas do balcão. Sim, claramente, a que se encontra mais longe de Álvaro.

— De nada. — responde ele, piscando para mim. Então, se levanta, pega uma caneca no armário e serve o café, depois vai até a geladeira. Dando uma viradinha para trás, ele me dedica um sorriso — Posso colocar leite em seu café?

Fico boquiaberta, as palavras me dão calor no estômago. Uma camada de suor brota em minha pele, uma onda quente vai aumentando em meu centro.

Ele quer me dar leite, natural da vaca ou natural de seu p...?

Não!

Pare de ser louca.

— Sim, pode colocar leite.

Álvaro arqueia a sobrancelha com malícia e vem até mim. Quando vou pegar a caneca, ele enfia alguma coisa em minha mão. Olho de relance para Levi, que ainda se esconde da luz. Abro a mão, vendo o que ele me deu: um amendoim.

Olho para Álvaro, que agora se sentou à minha frente e beberica seu café calmamente, com o jornal na mão e um sorrisinho.

Escutamos a porta da sala ser aberta, Levi endireita o corpo e se vira depressa. Solta um gemido quando Álvaro passa por ele, dando uma cutucada em suas costas, seguindo para receber seu convidado. Observo enquanto ele cumprimenta o homem que parece ser seu parente, pois ele é bonito e tem a mesma cor de cabelos e traços bem delineados que ele, porém, um corpo um pouco menos musculoso e mais velho.

UMA MÃE PARA O FILHO DO CAFAJESTE Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang