Capítulo 6

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SOPHIA



— Eu vou matar a minha irmã. — repito, enquanto caminho por entre uma multidão de pessoas pulando, ao invés de dançar, alguns até mesmo esbarram em mim e pisam no meu pé. Sem falar no cheiro de cigarro espalhado pelo ar. E definitivamente, se tem um coisa que odeio é fumaça, de qualquer tipo, mas de nicotina é intragável.

Jesus Cristo.

Por que é mesmo que ainda caio nas armadilhas da minha irmã?

Já passava das vinte e duas horas, quando Bruna me ligou para avisar que estava em uma boate com Daniel, seu ficante, e insistiu para que eu viesse. Eu até tentei argumentar que estava exausta do dia de trabalho e pronta para dormir, mas ela não deu o braço a torcer.

Com muita insatisfação, coloquei um vestido, um salto e aqui estou eu, procurando por minha irmã, insuportável e ardilosa. Lentamente olho em direção ao bar, então, fico paralisada no lugar, como se eu tivesse criado raízes ali.

Ah, não.

Íris escuras, como dois buracos negros, se prendem às minhas.

Mordo os lábios para tentar controlar o pânico que invade cada parte do meu corpo, ao ver o senhor Cogumelo, bonito, gostoso e tesudo, ao lado do meu quase cunhado. O ar fica pesado, dificultando a minha respiração. Me equilibrar sobre os saltos fica mais difícil a cada passo.

Meu Deus, não é possível que os dois se conheçam. Estamos em São Paulo, isso é quase impossível.

Quanto mais me aproximo, mais o meu coração martela dentro do peito. Um sorriso curioso, porém, para lá de atraente se forma nos lábios do Sr. Cogumelo BGT, e uma covinha suave se forma em ambas as bochechas.

A beleza dele quase me faz perder o folego. Excitação, medo e dezenas de outros sentimentos percorrem por minhas veias. E mesmo que eu tente me controlar, não consigo deter meus olhos de descerem até o peito dele. Ele fica ainda mais bonito de traje informal – se é que isso é possível – usando uma camisa polo branca e jeans escuros que prendem na cintura. Os olhos dele parecem intensos, não piscam, eles estão cravados em mim, parecendo sugar todo o oxigênio de meus pulmões.

Com uma respiração funda e longa, me aproximo dos dois.

— Você chegou. Agora a festa realmente pode começar! — Daniel me agarra, me dando um abraço e me girando no ar.

Ele está rindo quando me coloca de volta ao chão. Inevitavelmente, abro um sorriso para ele. Fiquei muito próxima dele nesses últimos dias. Ele é um cara bacana, um ótimo parceiro para Bruna. Eu estava somente esperando o momento dos dois caírem na real e verem que esse lance de amizade colorida já tinha se transformado em algo mais.

— Cadê a Bruna?

— Está no banheiro. — ele aponta com a cabeça na direção, os cabelos escuros e fartos caindo sobre sua testa. Então, abre um sorriso malicioso — Deve estar me esperando... Sabe, curtimos um banheiro.

Faço uma careta, torcendo a boca em desgosto.

Informação demais...

— Que gafe, deixa eu apresentar vocês dois. — Daniel diz, fazendo as honras.

Ousando olhar para o sr. BGT, vejo quando uma faísca preenche seu olhar escuro e um sorriso pretencioso desenha seus lábios.

Ah, porra, ele vai descobrir uma das minhas mentirinhas.

— Álvaro, esta é a irmã caçula da Bruna, Sophia Albuquerque. Sophia, esse é Álvaro Campos, meu melhor amigo.

— Definitivamente, é um prazer conhecê-la, Sophia. — ele faz questão de dar ênfase em meu nome.

UMA MÃE PARA O FILHO DO CAFAJESTE Where stories live. Discover now