Two.

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Os seus olhos cansados pesam após amanhecer o dia em seu trabalho infeliz naquela boate e completar a manhã em um trabalho de meio período, em uma cafeteria próxima a sua residência - com especificidade à uma quadra de distância - , para enfim, chegar em sua casinha minúscula que mal havia divisória entre os cômodos - exceto o banheiro -, não comer nem ao menos um pedaço de pão, deitar em sua cama e simplesmente desmaiar com o cansaço que o tomava. Esta era a rotina do pobre garoto de 21 anos de idade, tendo folga apenas nas segundas-feiras, estas que eram aproveitadas para repor o descanso que não conseguia repor durante a semana.

Em meio a moleza que este sentia pelas tardes e parte da noite mal dormidas, ele comia um simples pão com manteiga, por ser a única coisa que a exaustão o permitia fazer, maldita a vida que lhe foi concedida por quem quer que fosse o seu criador. Enquanto comia lentamente, pensava no que havia feito de tão ruim para ter a vida que tem, infelicidade, traumas, inseguranças... Nem ao menos era capaz de lembrar a última vez que deu um sorriso sincero, por mais mínimo que este fosse. Felicidade, empatia, humor, gratidão, esperança, eram coisas atualmente desconhecidas...

Perdera seus pais aos nove anos em um acidente de carro, sem familiares por perto, se viu obrigado a se tornar um adulto em um corpo de criança, as responsabilidades chegaram cedo demais, junto ao estresse, ansiedade e infelizmente a depressão. Sobreviveu pedindo esmolas na rua, em semáforos, tudo para sobreviver, afinal, o que uma criança de nove anos que mal havia chegado ao ensino fundamental poderia fazer? De fato, não era fácil. Cresceu sendo humilhado, agredido, assediado e abusado por qualquer verme que jurava ter o direito por ter lhe dado mínimas moedas. Seu choro alto, gritos de desespero e socorro, sempre foram ignorados. CÉUS, era só uma criança, como permitiam e fingiam não ver tamanha crueldade? Ele tentou de tudo, foi a delegacias e mais delegacias, mas ninguém o dera voz, afinal, era uma criança e "não sabia do que estava falando" na visão dos policiais e delegados. Desde então, se passaram seus dez, onze, doze, treze, quatorze e quinze anos, onde finalmente pôde trabalhar em uma padaria e ganhar alguns trocados, ou até mesmo, pedir comida em troca de seu "salário" que mal chegava aos 2.000 won's (aproximadamente 7,36 reais), embora tivesse uma alimentação garantida todos os dias, por demonstrar um bom desempenho, ainda não estava livre das mãos nojentas que o tocavam sem sua permissão.

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⏰ Last updated: Oct 27, 2023 ⏰

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