Capítulo 4

209 22 1
                                    

- Vejo que além de ser ousado e petulante, é desastrado

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


- Vejo que além de ser ousado e petulante, é desastrado. - Ele sorri debochado. Ignoro seu comentário sarcástico, engolindo com farinha a vontade de manda-lo ir se foder ali mesmo.

- Bom dia, senhor Beauchamp. - O cumprimento ignorando seu olhar de deboche direcionado a mim.

Ele não me responde, e fica me encarando de um jeito estranho, o seu olhar é tão  desconcertante, parece enxergar minha alma, e ao mesmo tempo lê meus pensamentos.

Não abaixo meu olhar um segundo sequer, e ficamos nos encarando por algum tempo, se ele acha que vou ficar igual um idiota aceitando suas grosserias, ele tá muito enganado.

O tal Sr Beauchamp me desafia com o olhar mas não cedo, enfim ele me aponta uma das cadeiras em frente sua mesa.

- Sente-se. - Praticamente ordena.

Obedeço já que minhas pernas estão bambas de nervosismo, e poderia cair de novo a qualquer momento.

- Obrigado. - murmuro tentando não transparecer timidez mas se tratando de mim, é claro que eu não conseguia.

Ele pega uma folha em sua mesa e começa a examina-la, provavelmente é meu currículo, começo a torcer minhas mãos em meu colo, e fico tentando descobrir o que se passa na cabeça dele.

- Bom, senhor Urrea, vejo que não tem nenhuma experiência com criança.

- Não, não tenho senhor Beau... - Ele me interrompe grosseiramente.

- O que o senhor faz aqui então? Acha que eu colocaria uma pessoa sem experiência alguma pra cuidar de minha filha? - Me olha com desdém.

- N-Não senhor... Quer dizer... Talvez? - Lhe ofereço um sorriso sem graça e me condeno por parecer tão idiota.

Pela primeira vez abaixo a minha cabeça e meus olhos começam a arder com lágrimas não derramadas, pisco várias vezes para contê-las, mas não vou dar esse gostinho a ele de me ver desmoronar em sua frente.

Levanto a cabeça com um sorriso forçado no rosto, ele continua a me encarar e esperando a minha resposta.

- Concordo com o Senhor em não contratar quem não tem experiência na área, e ainda sem indicação alguma, mas sei que sou capaz de fazer o trabalho senhor Beauchamp, se não, nem estaria aqui.

- O senhor foi demitido do trabalho anterior, certo? — Ele pergunta encarando minha ficha curricular.

Volta seu olhar com um ar debochado para mim, provavelmente acha que não fui bom o suficiente no meu trabalho.

– Certo. — Digo apenas.

Balanço minha cabeça afirmando sua pergunta, vejo que alguém pesquisou sobre meu emprego anterior, só não pesquisou o suficiente, se não saberia que fui mandado embora porque precisava faltar muito do serviço para cuidar de minha mãe.

- Bom... - Ele passa as mãos no cabelo, depois coça o queixo, que homem estranho, parece que minha presença não é tão agradável para o "senhor dono do mundo" sentado em minha frente. - Você não é o que estou procurando pra lidar com minha filha, do jeito que você aparenta ser desastrado, pode ser perigoso colocar fogo em minha casa. Preciso de alguém que saiba cuidar de crianças, pelo que me parece, você não sabe fazer isso.

- S-Se o senhor me der uma chance não irá se arrepender senhor Beauchamp, e.... - Ele me interrompe novamente.

- E além do mais, não acha meio estranho um homem querer a vaga de babá?

- E-Eu tô desesperado por um emprego. - gaguejo e ele me fuzila meu olhar, o jeito que aqueles olhos azuis me encaravam era tão intenso, eu nunca, nem em um milhão de anos poderia decifrar eles.

- Sinto muito mas o senhor está longe do perfil que estou procurando. - fecho os olhos ouvindo tudo calado e sem palavras, mais uma vez eu não perdi uma oportunidade de emprego. - Tenho mais algumas pessoas para entrevistar senhor Urrea, mas por enquanto você está no final da lista, se eu decidir lhe contratar o que é pouco provável, minha secretária irá te ligar.

Ele se levanta e eu faço o mesmo, me estende a mão, então fico olhando uns segundos e pego sua mão, depois que me chuta quer ser educado, babaca.

- Tenha um bom dia, feche a porta ao sair.

Ele se senta novamente, e nem me dirige mas o olhar, não tive nem tempo de lhe desejar um péssimo dia, sou obrigado a me movimentar para fora da sala, antes que pulasse por cima daquela mesa e acertasse minha mão naquele rosto perfeito, o obrigando a me contratar de qualquer forma.

Existe alguém mais sem sorte que eu nesse mundo? Provavelmente não

Idiota de merda, filho de uma mãe prepotente, se acha melhor do só porque é rico.

- Babaca, arrogante de merda! - Murmuro pra mim mesmo, mas quando percebo acho que falei alto demais.

Antes de sair da sala dou uma última olhada pra trás e me arrependo, ele está me fulminando com os olhos.

Dou-lhe um sorriso fofo, e um olhar provocativo e por fim fecho a porta atrás de mim. Pelo menos ele ficaria com uma péssima impressão de mim, estava satisfeito com isso, já que pretendia nunca mais vê-lo na minha vida.

______________________________

votem!!

dré¡

O BABÁ | ⁿᵒˢʰWhere stories live. Discover now