Sana
Quando o caso chegou até mim, eu ainda estava dormindo.
Despertei com meu celular tocando desesperadamente. Olhei o visor e li o nome do meu chefe. No mesmo instante eu levantei meu tronco e atendi a chamada. Ele me contou o que estava acontecendo e precisava que eu fosse urgentemente até a Lex. A firma de Jihyo. Eu definitivamente achei muito estranho e pedi para que ele me mandasse todos os documentos, eu estaria chegando em 1 hora.
Me arrumei o mais rápido que pude e fui pro carro já dando partida. No meio do caminho, quando parei no sinal vermelho, abri o arquivo no meu celular e comecei a ler. Segundos depois meu chefe me mandou uma mensagem falando quem era a advogada da acusação: Park Jihyo.
Depois de ler aquele nome, eu comecei a rir. Ri de nervoso, desespero e principalmente de diversão. Eu sabia que ela ficaria pilhada quando descobrisse que eu era a advogada de defesa, sabia que ela me foderia de jeito, mas eu estava até animada para isso acontecer.
E o que eu imaginava aconteceu. Quando ela me viu, senti sua confusão e raiva sendo direcionadas em mim como se fossem balas de canhão. Desde nossa faculdade era assim, eu gostava de tirar a paciência dela, era interessante ver e eu achava bonitinho como ela ficava vermelha. Depois de um tempo, percebi que ela realmente ficava brava e estressada comigo e então comecei a maneirar nas formas de tirar ela do sério. E eu acho que foi dessa forma que passei a me importar demais com ela.
Eu fazia ela enlouquecer quando testava a paciência dela, e eu gostava disso. Mas depois que vi ela chorar de pura raiva, percebi que não deveria ver tanto conforto nisso. Eu pedi desculpas e depois de um bom tempo ela me perdoou. Mas fiquei feliz quando descobri que nossa relação de gato e cachorro não iria mudar. Ela ainda gostava de me ver com raiva e me desafiar nas atividades da faculdade. Eu fazia o mesmo. E assim seguimos nossos anos na faculdade, isso até o último ano, mas isso é história para outra hora.
Voltando à situação que aconteceu na Lex. Eu agi da forma que sou, fui direta no que queria ali e depois de receber a resposta, decidi sair com meu cliente. Acontece que meu cliente parece não ter muita consciência que bater no acusador daria para ele uma boa punição e vantagem para eles. Para minha sorte nada demais aconteceu e depois que saímos do prédio, eu dei alguns bons sermões nele, espero que tenha entendido. Não entro em casos para perder e me recuso perder esse.
Cheguei na Forseti e fui direto para minha sala, fechei a porta e me joguei na minha cadeira. Fiquei olhando pro teto e sorrindo imaginando o que isso daria. Pensei que logo receberia uma mensagem de Jihyo e ela não me decepcionou. Como achava, ela parecia estar muito estressada comigo, respondi ela e depois desliguei o celular. Precisava focar no caso até a hora que iria sair dali.
Anoiteceu e fui direto para o apartamento de Jihyo. Assim como o meu, o dela ficava no centro de Seul em um prédio alto e novo. Entrei e dei boa noite ao segurança, eles já me conheciam e Jihyo tinha dado permissão para eu entrar e sair sem precisar avisar ela, tinha o mesmo no meu prédio para ela. Mas acho que no fundo ela gostaria de me proibir de subir. Fazer o que, né?
Como sempre, ela me recebeu com muito amor e carinho, me acompanhou até a sala e deixou um beijo na minha bochecha. Jihyo era muito gentil comigo.
Eu conseguia entender a raiva que ela sentia, mas infelizmente não pude fazer nada. Junseok era cliente da Forseti há anos e não seria eu que acabaria com esse contrato. Eu não concordava com o que ele tinha feito para o próprio irmão, mas assim como Jihyo, eu defenderia meu cliente e cumpriria minha ética como advogada de inocentá-lo das acusações que sofreu.
Eu e ela brigamos por causa disso. Nenhuma de nós iria dar o braço a torcer. E a noite acabou da forma já esperada pela gente. Por incrível que pareça, qualquer briga que tenha com ela acaba dessa forma: jogadas na cama, sem roupa e com sono.
Em certo momento da noite, eu me levantei e fui ao banheiro. Joguei uma água no corpo e vesti uma blusa dela. Saí do quarto e fui na cozinha pegar qualquer coisa pra comer. Quando terminei, iria voltar pro quarto, mas parei quando vi a porta do escritório dela aberta. Eu pensei muito no que fazer naquele momento. Poderia entrar e ver o que a família Kim tinha dito pra ela, ver as possíveis provas que ela tinha e assim acabar com aquele caso de uma vez.
Eu dei um passo na direção da porta.
Park estava dormindo profundamente no quarto e sabia que não iria acordar tão cedo. A mulher tinha um sono muito profundo. Iria entrar e ver. Mas eu parei no segundo passo.
Não estava certo.
Jihyo confiava em mim e eu confiava nela. Nós duas temos éticas parecidas e concordamos em poucas coisas, mas uma delas é bem clara: odiamos trapaça. Eu não podia fazer aquilo, não importava o que minha vontade de vencer me mandasse fazer. Infelizmente, nós duas caímos do lado oposto dessa vez, mas não vou ser eu que vou usar nossa relação para benefício próprio.
…
— Você tá muito fodida!
— Valeu, Mina! — Respondi minha amiga pela chamada de vídeo.
Já era um novo dia e de novo eu estava na Forseti vendo o caso, até que Mina e Momo me ligam. Estávamos longe, então essa era a forma de comunicação atual.
— Por nada! — Momo riu ouvindo a mais nova. Eu revirei os olhos.
— Quando a Nayeon me falou que vocês estavam no mesmo caso, mas de lados opostos eu pensei: A Terceira Guerra Mundial vai acontecer! — Momo quem falou dessa vez. Cocei minha testa.
Eu, Jihyo, minhas duas amigas e mais algumas amigas nossas, tínhamos nos formado juntas na faculdade de Direito da SNU, mas cada uma tinha seguido por um caminho ou firma diferente. Eu e Jihyo nos tornamos advogadas civis, cuidamos de casos que envolvem o cotidiano pessoal. Momo era uma procuradora e Mina era advogada criminal, ela sim que vê a bagaceira toda acontecer, se algo desse merda, era ela quem eu chamaria para me defender.
— Porque me ligaram mesmo? Vocês não tem, sei lá… Um corpo pra ver ou alguém pra caçar?! — As duas riram.
— Ter, tem! Mas gosto de ver você se lascar! — Momo falou e Mina concordou.
— Mas você não parece tá muito satisfeita com algo.
Aí está! A advogada criminal sendo uma advogada criminal! Mina sabia reconhecer problemas de longe, ver mentiras e mandar, até quem parece o mais santo, ir para o inferno. Sempre foi assim, por isso digo que ela escolheu a profissão certa!
— Não tô! Muitas coisas estão acontecendo e estou me vendo em um grande dilema pessoal!
Coloque dilema nisso!
— Quer compartilhar? — Momo falou amansando a voz.
— Não! Você vai me caçar se disser!
Consegui mudar o clima da conversa e então puxei outro assunto. Precisava esquecer esse caso por um momento, precisava conversar com elas e quem sabe sair para beber.
Precisava tirar Park Jihyo da minha cabeça no momento!
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• hey people! aqui está outro cap! espero que tenham gostado!! volto logo
• quem viu o filme de fnaf hein??? tenho muitas coisas pra surtar, mas ainda não posso contar spoiler pra quem não viu, hihi
soph.
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Alongside the Enemy - SaHyo
Teen Fiction[EM ANDAMENTO] Jihyo e Sana são conhecidas desde a faculdade como "cachorro e gato". As duas simplesmente não conseguiam se dar bem em nenhuma coisa que tentassem. E isso se perpetuou até depois da formação das duas na faculdade de Direito. Agora...