07| Não está muito longe.

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O Eduardo mal olhou na minha cara, já fazem dois dias desde que ele surtou até tentei falar com ele, mas me ignorou completamente, o dia inteiro, como tem feito ultimamente...
Estava no quarto da Cristina, no final da tarde, junto com Camilla, estávamos tentando resolver uma atividade para casa que recebemos... mas minha mente estava distante.

- Aline?Alineee.- chamava Cristina.- Volta para a terra.

- Oi? O que aconteceu?-pergunto desnorteada.

- Respondeu a letra d da segunda questão?- Sorriu Camilla questionando.- Pelo que to vendo não né? você tá no mundo da lua.

- Sinceramente não tenho cabeça pra isso agora! A gente não estudou o suficiente por hoje?- ambas concordam.

- Gente.- Começa Cristina.- Não falem para ninguém, mas eu tô ficando com o Miguel.- Deu pulinhos de empolgação.

- Desde quando?- perguntei sem acreditar.

- Começou quando a gente estava acampado na mata, agora só continuamos. E você Aline, tá ficando como Eduardo?- levantou a sobrancelha com malícia.

- Não, nem gosto daquele traste... a gente até brigou dois dias atrás.

- Pra que brigar mulher!? Pega logo ele e pronto.- afirmou Cristina com a maior naturalidade.

- Também acho. Eu e Felipe, por exemplo, a gente se conheceu quando criança, mas tipo, a gente acabou se afastando, mas um belo dia, eu estava muito atrevida e animada, segui ele movida pela emoção, ele me seguiu de volta... e a história simplesmente desenrolou.- Camilla fez sinal de belezinha- e tudo certo, firme e forte até hoje, Graças a Deus.

- Bom, mas a diferença é que eu não gosto do Eduardo.- dei de ombros.

- Mas pelo que eu tô vendo você gosta sim, tá aí toda avoada não pensando em nada, distraída, brigou com ele, e você quer dizer que é tudo conhecidencia!?- questionou Camilla.

- Eu concordo, e acho melhor você ir rápido, já que a Verônica tá obcecada por ele desde que viu ele.- alertou Cristina.

- Por mim ela pode ficar com ele a vontade, não me importo nenhum pouco.

- Ata, sei...- desdenhou Camilla.

Eu preferi ignorar aquelas duas, mesmo que por dentro eu tenha que admitir que sinto algo por ele, ódio, e muito por sinal.

[...]

Voltei para o meu quarto, após muito conversar com as meninas, e me surpreendo ao me deparar com a Verônica .

- Quem te deu o direito de entrar aqui assim?- questiono ríspida.

- Não se preocupe, vou ser breve. Eu vim te agradecer.- Sorriu de forma forçada e veio até mim, notando minha confusão justificou - Você tá se afastando do Dudu, muito bem, tomou juízo e percebeu que eu sou perfeita para ele, finalmente te vi tomar uma decisão inteligente.

- Sério que veio me falar isso?- ri com deboche.- Não me interesso pelo que você acha, e muito menos pelo Eduardo, fica com ele e seja muito feliz. Agora sai do meu quarto.

- Você é tão rude, mas tinha que ser né!? Uma pobre feia dessas! Não sei o que o Dudu, viu numa...- Suspirou me olhando com desprezo.

- Numa o que? Fala.

- Não vale a pena continuar gastando saliva com você.- Saiu andando como se estivesse vitoriosa.

Eu realmente não sei o que ela queria dizer, mas suponho que não seja nada de bom.

Não consigo deixar de pensar na crise do Eduardo, será que foi por causa do filme?
Mal fico sozinha com meus pensamentos, escuto a porta bater, digo para a pessoa entrar, e fico confusa quando vejo Pedro.

- Precisa de alguma coisa?

- Ah, é, eu queria te pedir ajuda, na atividade de Matemática.- Entrou com um caderno em mãos.- Eu sei que agora está meio tarde, mas é que eu fiquei com vergonha de vir antes, tomei coragem agora.

- Não tem problema. Eu te ajudo sim.

Fiquei um bom tempo ajudando ele, teve um momento que foi até buscar um suco para a gente permanecer acordado, mas me bateu um sono tão forte... tão forte...

[...]

Acabei capotando, quando acordei me deparo com gritos na porta do quarto, era a voz do Eduardo e do Pedro.

- Ei! -Dou um grito.- o que está acontecendo aqui!?

- O Eduardo fazendo escândalo!- Eduardo me fita o olhar com raiva, e eu simplesmente não entendo absolutamente nada.

Ele simplesmente sai marchando, eu tento ir atrás dele mas o Pedro segura meu braço.

- Não vale a pena! - Me olha no fundo dos olhos.- ele surtou porque... eu sem querer acabei dormindo no seu quarto, e não quis dizer o que tava fazendo lá.

- Ele é um idiota! - suspiro.

- Realmente.- diz soltando me.- ele acha que você é propriedade dele, trata a situação como se fosse seu dono e estivesse com a razão.

Me irrito e simplesmente entro no quarto.
Quem ele pensa que é? Me pergunto... mas e se as coisas não aconteceram desse jeito???? Talvez eu esteja querendo justificar as atitudes aleatórias do Eduardo, melhor é eu parar de pensar nele... mas é difícil. Aaaaaa o que eu posso fazer se ele desperta em mim uma irritação incomum... melhor eu pensar em outras coisas, como por exemplo, descobrir o que realmente estamos fazendo aqui.

Temos aulas tão aleatórias durante o dia, Anatomia, linguagem corporal, artes marciais, eu acho interessante o conceito, mas porque simplesmente do nada o governo vai querer bancar um ensino tão bom para a população? Porque nem todos podem ter acesso a isso? Qual é o motivo dessa seleção? Camilla me disse que a equipe dela foi desclassificada, mas como assim? Eles simplesmente foram expulsos por não saber se virar numa mata aleatória na qual nos jogaram!? Talvez eu esteja paranoica, mas algo me intriga muito nesse lugar, nessa experiência de modo geral.

Meus antigos professores me ensinaram que o governo nunca faz nada por acaso ou só porque quer ser bonzinho, na verdade quanto mais controle eles tiverem sobre a população, mais lucrativo isso é para eles.

Não sei se eu sou louca, mas algo de muito errado não está certo nisso tudo.

Apesar das minhas suspeitas eu ainda tenho muito o que fazer, mesmo com o fato de as aulas, de verdade, terem se iniciado recentemente, os professores não pegam nem um pouco leve.
Ainda somos obrigados a criar um grupo de estudos até o final do mês.

O lado positivo é que a maioria realmente consegue absorver os conteúdos e quem não consegue, tem reforço, além disso temos aulas extras para revisar os assuntos do fundamental.

Jantamos e eu fiquei no jardim conversando um pouco com a Cris e a Milla.
Quando decido voltar ao meu quarto e entro, lá está ele...

- Você curte mesmo invasões né? É o seu hobbie?- fecho a porta e lhe fito um olhar cheia de odio.- Qual vai ser a sua desculpa dessa vez? Tô muito curiosa para ouvir Eduardo.

- Você é uma incógnita. - suspira me encarando no fundo dos olhos. - Eu ia te pedir desculpas por causa do meu surto, e aí vejo o Pedro saindo do seu quarto... na minha cabeça só veio uma coisa "Por que ela se incomoda tanto comigo, mas ele, ela simplesmente deixa ficar com ela assim?" A única resposta que encontro, é que você deve gostar dele, mas isso não faz sentido, vocês mal se falam... Eu até queria pedir que você me explicasse, mas eu já sei o que você vai dizer "Eu não te devo explicações, você não é nada meu!", pra ser sincero, nem eu sei o que estou fazendo aqui agora.- Nesse momento seu olhar parecia vazio e cheio de frustração. - Olha, eu gosto de você, de verdade. Sei que é muito recente e repentino, mas é o que eu sinto, por isso acho melhor parar de insistir, acho que já entendi o recado. Eu te incomodo,você me machuca e nós dois saímos revoltados com a situação.

Eu fiquei extremamente sem reação, ele simplesmente saiu do meu quarto sem dizer mais nada.
Minha mente ficou mais confusa do que já estava.

De onde ele tirou a ideia de que eu gosto do Pedro?

Quer saber? Sinceramente, dizem que as mulheres são complicadas, mas os homens são extremamente estranhos, nada que eles fazem tem sentido, talvez seja verdade o que dizem "Homem não pensa".

Operação O19T23Where stories live. Discover now