A grande fuga
Sam acordou nauseado, ao tentar levantar sentiu como se seu cérebro dançasse em seu crânio, permaneceu apenas sentado com a mão na cabeça.
- Você está bem? - Sam reconheceu a voz do anjo e o encarou.
- Eu pareço bem pra você? - Sorian ponderou uma resposta, porém Sam não esperou por ela. - Parece que estou de ressaca sem nem ter bebido, que injusto. - Ele olhou em volta analisando o lugar. - Imagino que estamos em algum tipo de prisão, certo?
- Correto. - confirmou o anjo.
- Ok. E por que você está aqui?! - No momento essa era a maior curiosidade de Sam, que crime o tão certinho e careta Sorian poderia ter cometido para ser preso?
- Bem, eu ataquei um padre... - começou Sorian, mas Sam desatou a rir sem deixar que ele terminasse.
- Você atacou um padre?! - Disse Sam em meio aos risos. - Cara, o que eu não daria para ter visto isso.
- Foi necessário, ele estava sob efeito de hipnose demoníaca. - Sam parou de rir no mesmo instante. - Eu tentei fazê-lo se libertar, mas não consegui. Tive que nocauteá-lo, os fiéis entraram na igreja e me viram com o homem nos braços. Não tive oportunidade de me explicar. Os oficiais me acusaram de heresia e tentativa de assassinato e me trouxeram para cá. Já faz algumas horas.
- Que merda! - Exclamou Sam. - Se o demônio está infiltrado na igreja será muito difícil de encontrá-lo, ele pode ter todo o clero sob seu controle e ainda os fiéis que ele pode influenciar sem nem precisar da hipnose. - Ele fez uma pausa, pensando. - Já decidi. Vamos fugir dessa prisão meia boca e ir embora dessa cidade o mais rápido possível.
- Não podemos ir. - Protestou Sorian.
- Você me ouviu?! Não poderemos fazer nada aqui. Se ficarmos vamos apenas ser mortos!
- Ainda assim, não posso abandonar essas pessoas. - O anjo insistiu. Sam respirou fundo controlando a raiva.
- Fale por você, eu vou embora agora. Se você quer ficar e bancar o bom samaritano o problema é seu, morra sozinho.
Sam levantou cambaleante se apoiando na parede cheia de limo às suas costas, sentiu que poderia vomitar a qualquer instante. Caminhou até Draken que ainda estava dormindo e o chamou, o filhote levantou a cabeça piscando os olhos ainda sonolentos, levantou e caiu logo em seguida, ele parecia confuso, tentou levantar-se de novo e dessa vez se manteve de pé, vomitou dois segundos depois.
- Vamos, monstrinho, seja forte. Temos que sair daqui.
- Monstrinho - Draken repetiu meio enrolado. Sam o olhou com os olhos esbugalhados, surpreso, girou a cabeça lentamente em direção ao anjo em busca de uma confirmação de que ele não estava alucinando por causa da substância alquímica em seu corpo.
- Não sabia que ele podia falar - Sorian disse confirmando para Sam de que não foi o único que ouviu o filhote falar.
- Ele não podia. Não até agora pelo menos. - Sam respondeu.
Não houve tempo para eles se preocuparem com as novas habilidades de Draken, passos firmes e pesados foram ouvidos no andar de cima, para logo em seguida o alçapão ser aberto abruptamente. Botas pretas e muito bem engraxadas apareceram descendo os degraus. Um homem humano trajando a farda azul escura dos Patrulheiros pisou no último degrau, posicionando-se ereto com as mãos atrás das costas. Era alto e tinha os ombros largos, no peito exibia algumas medalhas douradas polidas a ponto de se ver no reflexo, tinha uma idade avançada - para um humano - e uma aura imponente, ameaçadora para algumas pessoas. Ele analisou cada um dos três prisioneiros em silêncio por longos segundos.
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A Última Esperança - Os Renegados
Fantasy🥈Segundo lugar no Concurso Dulce Morsum na categoria Fantasia ✨✵⊷⊶⊷❃ː·★•✵•★·ː❃⊶⊷⊶✵✨ Em meio a uma guerra celestial entre anjos e demônios, que está trazendo caos e ruína para o mundo, uma parceria improvável é criada: Sam, um demônio que teve seus...