Capítulo 3:

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Combate mortal

Sam Sadreen seguia com seu mais novo companheiro de viagem, indo em direção a cidade da qual os viajantes mortos falavam, ele seguia cauteloso, sem tirar os olhos da criatura a qual mantinha sob seu encantamento, dada as circunstâncias, Sam não tinha certeza sobre quanto tempo duraria sua hipnose, controlar um ser racional é fácil, dependendo da pessoas a hipnose pode durar até mesmo anos sem precisar de renovação da magia, entretanto, com um animal irracional o feitiço é mais volátil, animais vivem por instintos, então se o instinto for mais forte que o transe, o animal pode se libertar. E aos olhos de Sam, a criatura que o seguia era puramente instinto.

Durante a viagem, Sadreen se pegou olhando para o braço arranhado pela besta, se perguntava porquê ele não havia conseguido matá-la, mesmo agora ele não sentia ódio pelo monstrinho - e ele odiava pessoas e criaturas por bem menos motivos - era como se algo dentro dele o impedisse de sentir qualquer hostilidade contra o bicho que o seguia obediente. Sam costumava ser um soldado cruel e impiedoso, sentia grande satisfação em destruir e matar, poucas coisas lhe davam mais prazer que incendiar uma cidade e torturar seus moradores até a morte. Sam Sadreen nasceu para trazer caos e desespero!

Ou assim ele era antes de seu encontro desastroso com um dos Dragões Primordiais. Agora, o temível Sam Sadreen sente certo remorso até mesmo ao abater seu jantar, embora ele negue e tente ignorar esse sentimento indigno de um demônio de sua casta.

Sam seguia para leste, apesar de não poder ver diretamente o sol, por conta da densa folhagem das árvores, sabia que passava de meio-dia. Começava a sentir fome novamente, mas ele não tinha tempo para caçar agora. A fome, o calor úmido e os mosquitos lhe atormentava como nunca, o demônio tinha certeza de que mataria qualquer criatura azarada que cruzasse seu caminho naquele momento.

Um pouco mais a frente em seu caminho, Sadreen sente algo que não sentia há algum tempo: a presença de outro demônio. Sam esqueceu-se da fome e dos mosquitos, esqueceu-se até mesmo da sua irritação. Agora, em sua mente, só havia espaço para a cautela. Sua cabeça estava à prêmio e nenhuma outra espécie a quer em uma estaca mais que os seus irmãos demônios.

Sadreen olha em volta, ele não sabia o que poderia acontecer quando se encontrasse com o outro demônio, achou melhor manter a criatura a uma distância segura. Ele reforçou o encantamento de hipnose - por precaução - e ordenou que a criatura se escondesse no tronco oco de uma árvore e permanecesse lá até que ele retornasse. Com uma última olhada para o bicho escondido, Sam usa uma habilidade de locomoção que aprendeu com os demônios de castas inferiores, uma técnica de se mover rapidamente sob o solo chamada de caminho abissal. Ao respirar profundamente, Sam Sadreen sente seu corpo afundar, como se estivesse sendo absorvido pela terra, um círculo de cinzas e marcado no ponto onde ele submergiu.

Era como mergulhar num pântano lamacento, denso e escuro. Guiado pela presença do outro demônio, em pouco tempo emerge do chão a uns bons metros de distância. Protegido pela vegetação, Sam se aproxima devagar para ver seu irmão, era um demônio de contrato, umas das castas mais baixas, e estava prestes a fechar mais um acordo desonesto com um homem humano. Porém antes que as mãos fossem apertadas e o contrato selado uma voz os interrompeu.

- Papai!

Era a voz de uma criança, ela estava nos braços de um homem com um rosto familiar, o corpo de Sam congela e seu coração acelera, aquele homem, sem dúvida, é o anjo que poupou sua vida anos atrás. Sam não poderia esquecer o rosto do inimigo que se recusou a desferir o golpe final. Ainda com os músculos tensos, Sam assiste a cena se desenrolar, ele com certeza não iria se envolver.

- Senhor, não aperte a mão desse demônio! - alertou Sorian. - Se fizer isso estará abandonado sua filha e não salvando sua esposa. - O anjo diz com a voz firme.

A Última  Esperança - Os RenegadosWhere stories live. Discover now