Desejo Profano (Trilogia Os Irmãos Lancelotti)

Capítulo 5

"A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta  em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio."

Martin Luther King Jr

Sou agraciada pela bela paisagem dessa cidade tão querida por muitos. Um clima agradável predomina pelo local, está tudo extremamente iluminado pelo sol quando pego minhas malas e começo a andar pelas ruas de Florença.

O conjunto de casas de aparência antiga e o grande rio ao meu lado, tornam a aparência do local agradável e muito bonita. Ainda assim, é impossível afastar o pesar em meu estômago. A sensação de que nunca deveria ter pisado nesse local permanece mais viva dentro de mim do que nunca.

Aperto com mais força minhas malas antes de suspirar. Quanto mais rápido eu terminar meu serviço por aqui, mais rápido voltarei. Meu pescoço dói um pouco pelo mal jeito que dormi no ônibus, não o suficiente para que seja a pior coisa do mundo, mas ainda assim é incômodo.

Entro em uma movimentada rua, onde diversas pessoas extremamente bem vestidas passam por mim, provavelmente indo para seus empregos. Algumas me encaram curiosas, outras com interesse. Aparentemente a calça preta e a blusa verde musgo não foram o suficiente para que eu me tornasse discreta. Ou talvez eu esteja chamando a atenção por estar simples demais. Isso explicaria a cara azeda da mulher que acabou de passar por mim. Resolvo ignorar isso quando enfim chego na pousada.

Algumas senhorinhas estão jogando baralho no sofá ao lado da recepção e as mesmas param para me encararem curiosas. Com certeza para fofocarem entre si novamente.

-Bom dia senhorita, em que posso ajudar?-Diz uma dessas senhorinhas depois de se levantar de seu grupinho, ela me encara de forma calorosa enquanto enxuga suas mãos em sua saia florida.

-Me chamo Alice, tenho um lugar alugado por uma temporada.-Digo fazendo com que a mesma sorria antes de mexer em algo no seu computador, verifico novamente a identidade falsa em minha mão, me repreendo pela pronúncia errada de algumas palavras do italiano, o que não parece ter incomodado a senhora a minha frente.

-Fico muito feliz em saber disso, adoro ver esse lugar cheio de pessoas. Você é americana certo? Seu italiano é muito bom.-Forço um sorriso para a senhorinha a minha frente. Meu corpo exige um belo e refrescante banho, o que infelizmente parece estar mais distante do que nunca.-Você é uma moça tão bonita, olha esse cabelo! Me lembra a minha época de mocinha, deve arrasar corações por aí.-Forço outro sorriso enquanto vejo a senhorinha pegar a chave. Meu cabelo liso e castanho a essa altura do campeonato já está abaixo dos seios, geralmente não costumo deixá-lo tão longo, porém não tive tempo para corta-lo.

-Somente os que eu quero.-Digo a fazendo rir.

-Está certo. Seu quarto fica no primeiro andar. Temos um restaurante de comida caseira naquele corredor que fica disponível durante todo o dia.-Agradeço antes de pegar a chave e por fim, ir rumo as escadas.

Quando entro no quarto, rapidamente tranco a porta antes de começar a avaliá-lo. A aparência do mesmo é repleta de detalhes, um quarto grande e com uma cama maior ainda. Observo a altura da janela e calculo o que provavelmente machucaria caso precisasse sair as pressas pela janela, por sorte, meu quarto fica no primeiro andar, o que comparado a outros quartos, é particularmente baixo.

Logo após isso, verifico cada canto do quarto a procura de câmeras, gravadores ou algo do tipo, cuidado extra nunca é demais. Sou uma pessoa com inimigos o bastante para precisar ser cautelosa. Acordar com uma faca na garganta com certeza não está em meus planos, isso se eu acordasse.