Capítulo X - Duas batidas a cima do coração significa que te amo

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POV Narrador

Os dias foram passando assim como a tempestade. No final da semana o tempo começou a melhorar, e a agressiva chuva e vento foram começando a ser substituídos por alguns raios de sol. Assim que Natasha se apercebeu disto, pediu imediatamente para ir até ao parque, mas ambas as mães o negaram, pois para além de ainda não ser totalmente seguro de sair à rua, o tempo ainda era extremamente imprevisível. Um momento o céu poderia estar limpo e o sol a raiar, e no próximo, estar a chover e a trovejar agressivamente. Mesmo assim, era óbvio que a pequena estava a ficar farta de estar fechada dentro de quatro paredes por tantos dias seguidos, então S/N e Scarlett decidiram passar um par de horas no jardim do telhado a aproveitar o ar fresco, enquanto que a pequena corria de um lado para o outro a desgastar a sua infinita energia.

É certo dizer que apesar de todas estas circunstâncias, Natasha estava a adorar estes dias. Ter as duas mães a viver consigo é sem dúvida o seu maior desejo realizado, mas só desejava que fosse algo permanente. Ela mal consegue conter a sua felicidade perante esta  nova realidade, e apesar de não o dizer a ninguém, a ruivinha todas as noites ao deitar-se na cama, fecha os olhos com força e deseja à estrelas que vê no céu que os outros filhos de Scarlett e o seu marido não existissem, para que as suas mães se pudessem casar e pudessem voltar a ser uma família a sério.

Com o passar dos dias, também S/N se começou a sentir mais confortável com a presença de Scarlett. A verdade é que ter a ex esposa de repente a viver consigo a tempo inteiro no seu apartamento (mesmo que apenas por alguns dias) a deixou um tanto desconfortável. Contudo, com o passar dos dias, S/N começou-se a aperceber de que Scarlett ainda é mesma pessoa com quem ela se tinha casado há todos aqueles anos atrás. Mesmo sendo mais velha, mais madura, e com mais experiência de vida, a loira continua a ter o mesmo coração e alma que levou S/N a tornar-se sua melhor amiga, e mais tarde, sua esposa. No entanto, tudo isto se desmorona todas as noites depois do jantar, quando Scarlett liga ao marido e à filha. Rapidamente a bolha que se tinha formado ao longo do dia é furada, e a realidade choca contra S/N com força. A realidade é crua e dura, dez anos se tinham passado, e elas já há muito que tinham deixado de ser o feliz casal que outrora tinham sido.

Mesmo assim, estes dias de amigável convivência dão cada vez mais esperança às duas mais velhas. Talvez realmente haja uma chance de Scarlett puder redimir os seus erros e formar uma amizade com S/N, e talvez S/N consiga formar uma saudável relação com a loira pelo bem de Natasha.

Está previsto a tempestade acalmar por completo amanhã. Foram cinco dias passados dentro de casa, e já todos os nova iorquinos sonham com o momento em que possam sair à rua. O final da tempestade coincide com o início da semana, por isso a vida em Nova Iorque vai retornar como se nada tivesse acontecido. Natasha vai para a escola e S/N vai trabalhar, e claro, Scarlett vai voltar para sua casa. Nenhuma das três está contente com isto, mas enfim, a vida tem de continuar.

Hoje é sábado.

Lá fora, o sol raia por entre as nuvens escuras e o cântico de alguns pássaros pode ser ouvido.

Na grande cama de casal, S/N e Natasha dormem pacificamente agarradas uma à outra. Ou melhor dizendo, a ruivinha prende o corpo da mãe contra o seu com uma força quase inumana.

Ontem, a noite foi longa e preenchida com uma maratona de vários filmes, e para agrado da pequena, ela acabou por ficar acordada até muito depois da sua hora regular de ir dormir. Acabaram por ir para a cama só depois da uma da manhã, e é por isso que às nove da manhã ainda continuam a dormir. Com certeza que hoje Natasha não terá tanta energia quanto tem normalmente, algo que sinceramente é do agrado de S/N, pois ela não estará muito diferente.

Scarlett, por sua vez, acordou bastante cedo. Por algum motivo ela teve dificuldade em adormecer, e quando finalmente o conseguiu fazer, não demorou muito para acordar com o vibrar incessante do seu telemóvel. Colin tinha-lhe enviado uma mensagem a questionar quando é que voltaria a casa, pois julga hoje já ser seguro de conduzir, e ela simplesmente o ignorou, demasiado sonolenta para pensar nisso àquela hora da manhã.

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