Capítulo II - Crianças podem ser horríveis

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POV Narrador

Passam quase três semanas desde que S/N e Natasha viram Scarlett em casa de Melanie. Nada mudou. Mãe e filha vivem a vida normalmente, Melanie e Fenan ligam uma ou duas vezes por semana, passando uma ou duas horas na conversa, e da parte de Scarlett há apenas completo silêncio.

Mesmo esperando isso, S/N não consegue deixar de se sentir desapontada e até um pouco irritada, não por ela, mas por Natasha. Ela todos os dias repara no brilho triste que adorna os olhos da pequena, e por muito que ela faça, só uma certa loira o poderá fazer desaparecer.

Natasha nunca sentiu falta de Scarlett, uma vez que tinha só um ano quando a mais velha se foi embora e não tinha quaisquer memórias dela. S/N sempre foi, é, e será a mãe que ela quer e precisa. No entanto, lembra-se perfeitamente de quando descobriu que a sua outra mãe se tinha casado e tinha tido outra filha.

S/N nunca lhe escondeu a verdade da sua outra mãe. Desde cedo que lhe mostrou fotografias da época em que Scarlett e ela namoravam e eram casadas, mostrava também fotografias de quando a loira estava grávida, e por alguma razão, Natasha nunca conseguiu imaginar Scarlett com um sorriso tão grande como o que tem nas fotografias.

Por isso, quando descobriu que Scarlett tinha tido outra filha, o seu pequeno coração de cinco anos quase não conseguiu aguentar. Ainda praticamente uma uma bebé, a ruivinha na sua completa inocência sentiu-se mais abandonada do que nunca. O quão má e inútil ela tem de ser para a sua própria mãe, primeiro: abandona-la e nunca mostrar qualquer interesse nela ? E segundo, para a substituir com outra filha e outra família ?

Mesmo assim, Natasha vive o seu dia a dia tentando não pensar nisso. É quase impossível quando o rosto da mãe está por todos os filmes e programas de televisão, publicidades e internet... A sua situação só piora quando ela própria é um clone da mãe, e todos parecem querer relembrá-la disso. Mas não vamos falar disso agora.

Neste momento a ruivinha está no escritório da mãe ocupada a fazer os trabalhos de casa de ciências. Não é a sua disciplina favorita, mas pelo menos não é matemática, algo que ela simplesmente detesta. Todos os dias depois da escola, a pequena vem para a loja da mãe depois de esta a ir buscar. Normalmente faz os trabalhos de casa e depois senta-se ao balcão à beira da mãe enquanto ela faz ramos ou trata das flores, e por vezes quando S/N está ocupada, ajuda-a.

Natasha adora passar tempo na loja, especialmente porque tem a oportunidade de passar mais tempo com a mãe e Amanda, a melhor amiga de S/N, que é como uma tia para ela.

- E então, pequena, ainda fechada aqui dentro a fazer essa merda ? - a morena, com uma caixa cheia de flores nos braços, pergunta quando passa pelo escritório, parando à beira da porta aberta

Com certeza que ela está a caminho do pequeno armazém nas traseiras da loja. Pelo caminho passa pelo escritório de S/N, e vendo que já há uma hora que a ruiva está sentada na secretária da mãe a trabalhar, decide parar e conversar um pouco com ela.

O seu rosto mostra uma expressão aborrecida, e ela encosta-se ao batente da porta, encostando o peso da caixa à parede. Ao ouvir a sua voz, Natasha levanta a cabeça e rapidamente Amanda sorri-lhe

- Amanda! - S/N exclama e aproxima-se delas rapidamente com as mãos na cintura, um olhar reprovador nos olhos - Não uses essa linguagem à beira da minha filha! - reclama e bate levemente na cabeça da mais baixa, parando à sua beira

- Ouch! - grunhe exageradamente e passa a mão na cabeça - Ok, mãe. - revira os olhos e a criança gargalha da cena à sua frente

- E ela está a ser uma criança responsável, está a fazer os trabalhos de casa. - afirma com um sorriso orgulhoso e cruza os braços à frente do peito - Ela não é como tu, que passava dias sem ir à escola para poder sair com o namorado no shopping. - bate a sua cintura na da amiga levemente para a provocar

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