02. O Passado de Felipe

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Os primeiros raios de sol penetravam pelas fendas da cortina, anunciando mais uma manhã com o céu exuberantemente limpo. Eduardo e Felipe dormiam abraçados quando o despertador tocou, e embora ainda fosse verão, estar debaixo do edredom parecia ser o melhor lugar do mundo para eles. Edu abriu os olhos e piscou repetidamente enquanto se acostumava com a claridade. Sua primeira visão do dia havia sido o sorriso de Felipe, cujos olhos ainda estavam estreitos e sonolentos. Naquele instante, Eduardo pensou que não precisava de mais nada; se sentia completo como nunca havia sentido antes.

— Bom dia, flor do dia. — Felipe desejou, a voz rouca e baixa.
— Bom dia, meu amor. Dormiu bem?
— Com você? Sempre.

Edu se moveu para plantar um beijo nos lábios de Felipe, que sorria de maneira espontânea, sem esforços, fazendo com que seu par de olhos castanhos cintilassem contra a luz do dia.

— Poderia ficar nessa cama com você o dia todo. — Felipe confessou, fazendo a ideia parecer terrivelmente tentadora.
— Nem pensar. Não vai se atrasar no seu primeiro dia no trabalho e de faculdade. Somos adultos agora, lembra?
— Não podemos adiar nem cinco minutinhos? Tem algo que eu gostaria de fazer com você antes do nosso dia começar... — Cochichou no ouvido de Edu, de maneira sugestiva.
— Nem pensar. Não quero ser o responsável por você se atrasar no primeiro dia. Já pensou na primeira má impressão lá no escritório? O que seus colegas vão pensar do futuro novo chefe?

Felipe gargalhou, pendendo a cabeça para trás.

— Eu sou um mero assistente, Edu.
— Por enquanto. Mas eu acredito no seu potencial. Não dou seis meses para você estar dominando tudo.
— Se você diz, quem sou eu pra discordar, não é? Vou tomar um banho. — Disse despretensiosamente e se levantou da cama, parando perto da porta do banheiro e puxando a barra de sua cueca.

— Você me acompanha? — Felipe perguntou de dentro do banheiro, a voz meticulosamente despretenciosa.
— Você não presta, Felipe. — Edu rebateu, sentindo suas bochechas ficarem quentes.
— A água tá uma delícia! Deixa de ser frouxo.
— Não vem com essa, não cola mais.

Felipe gargalhou, e Edu decidiu teve a difícil decisão de ir para a cozinha preparar a mesa do café. Como era a primeira vez que fariam uma refeição de verdade em seu novo lar, Edu fazia questão que tudo fosse perfeito. Tratou de coar o café, preparar algumas omeletes com queijo branco e tomate, um suco de laranja batido na hora e colocou o pão, os patês e as geleias em cima da toalha branca de renda nova. Fez algumas torradas no forno e cortou duas mangas em pequenos pedaços dentro da tigela de vidro, fazendo companhia aos morangos frescos e às fatias suculentas de melão que enfeitavam a mesa. As louças de porcelana haviam sido um presente de Helena, passadas de geração para geração na família Cardoso por décadas.

Quando Felipe saiu do banho, a mistura de aromas chegava ao outro lado do apartamento abrindo seu apetite. Chegou na cozinha vestindo uma camisa preta, calças cáqui e o cabelo perfeitamente arrumado. Eduardo não sabia que podia achar seu parceiro mais bonito, mas soube de imediato que estava enganado.

Talvez nunca se acostumaria com a beleza de Felipe.

— Acordou inspirado, hein?
— Nosso dia vai ser cheio. Precisamos começar com o pé direito.
— E quais são os planos para hoje? — Perguntou enquanto se sentava e servia o café fumegante em sua xícara.
— Sair para procurar emprego e só voltar para casa quando conseguir.
— Esse é o espírito! Garanto que você não vai precisar procurar muito. Qualquer um em sã consciência morreria para ter um homem tão bonito, simpático e talentoso como funcionário.
— E eu garanto que eles vão ver na minha cara que eu não sou daqui. Não tenho a confiança de alguém da capital.
— Ei... Você é da capital agora. Considere-se um novo Eduardo, uma versão aprimorada, se é que isso é possível. Você pertence a esse lugar agora, e tenho certeza que logo você vai ter essa cidade na palma da sua mão.
— Com todos esses elogios eu vou ficar mal acostumado.
—Pois o senhor trate de se acostumar, pois eu sempre vou ser seu fã número um.

Os Garotos do Apartamento 13Where stories live. Discover now