Capítulo 14

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- O que eu fiz?

— Atlas... não era você!

— Como assim não era eu? - Ele segura minha mão.

— Não sei... estávamos assistindo à luta e você começou a ficar estranho — Digo.

— Eu te machuquei? - Seus olhos procuravam feridas em mim enquanto uma de suas mãos segurava meu rosto.

— Não... - Minha voz vacilou.

Vi o pânico tomar conta de seu olhar. Todos os nervos de seu corpo pareciam estar desesperados, seus olhos que antes eram firmes agora eram vacilantes. Ele se coloca em pé olhando para mim.

— Orly, fica longe de mim - Sua voz tremia.

— Atlas - Me aproximei.

— Não. E se eu te machucar? - Ele deu um passo para trás.

— Você não vai me machucar!

Ele colocou suas mãos sobre o rosto e desabou.

Fui até ele, meu coração doía. Coloquei uma de minhas mãos sobre seu ombro e com a outra tirei as mãos do seu rosto. Ele olhou para mim com as bochechas molhadas, segurei seu rosto dando-lhe consolo.

— Se isso acontecer de novo? - Pergunta.

— Eu estarei aqui com você - O abraço.

Senti seus braços me envolverem com força e delicadeza ao mesmo tempo; ele chorava no meu ombro implorando por perdão.

— Tá tudo bem!

— Melhor voltarmos, os outros devem estar preocupados - Digo, ajudando-o a ficar de pé.

— Obrigado, você é como um rubi, Orly! - Um sorriso leve surgiu em seu rosto enquanto ele colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

Lhe respondi com um sorriso, a sensação era que meus olhos estavam mais brilhantes que as estrelas do céu, meu coração ardia em amor e alegria tomava conta dos meus pensamentos. Como era bom estar ali com ele!

[...]

Caminhamos com cautela para fora daquela floresta escura, onde um ponto de luz era impossível entrar. Continuamos a avançar. Mas uma sensação estranha estava me causando arrepios.

— Você também está com a sensação de estar sendo observado? - Atlas fala, lendo meus pensamentos.

— Você leu meus pensamentos!

De repente, uma neblina nos cercou, nos impedindo de ver o que estava ao nosso redor.

— Orly, fica perto de mim - Atlas gritou.

Encostei minhas costas na dele e seguro suas mãos de costas. Enquanto observamos aquela nuvem densa nos cercar.

— O que é isso? - Pergunto depois de escutar galhos quebrando como se alguém tivesse pisando sobre eles.

— Segura bem minha mão - A voz de Atlas saiu meio tremula.

Minha pulsação acelerou quando percebi que algo estava se aproximando, mas não podíamos ver o que era. Vozes começaram a sair daquela neblina, vozes que eram impossíveis de entender o que falavam.

— Orly... não dê ouvidos às vozes. Temos que nos manter focados e encontrar um jeito de sair daqui! - Atlas soltou minhas mãos tampando as orelhas e fiz o mesmo.

Assenti com os olhos assustados.

Fechei meus olhos e me concentrei nos meus pensamentos. A neblina parecia se fechar ainda mais ao nosso redor, como se estivesse tentando nos manter cativos.

— Vamos tentar dar alguns passos - Ele grita.

Com nossos ouvidos protegidos, a sensação de desorientação aumentou. A neblina densa e as vozes perturbadoras pareciam tentar nos confundir, mas mantivemos nossos passos decididos, caminhando juntos na esperança de escapar daquele pesadelo surreal. A adrenalina corria por nossas veias enquanto lutávamos para manter o controle. A neblina parecia ficar mais espessa à medida que avançávamos, como se o próprio ambiente estivesse tentando nos reter. Aos poucos, nossa visão embaçada deu lugar a uma paisagem que parecia ainda mais estranha e desafiadora.

— Temos que sair daqui! - Atlas investiga o lugar.

— Eu não lembrava que tinha ido tão longe nessa floresta - Digo.

— Vamos por ali - Diz ele em um tom mais baixo, pois as vozes tinham se calado.

Andamos e andamos muito, mas a neblina nos seguia de uma forma mais fraca.

— Atlas... estou vendo uma "luz" - Aponto para um ponto mais claro.

Corremos até lá em passos não confiáveis.

— Uma ponte? - Questiono depois de ver do que se tratava.

— Acho que estamos perdidos! - Atlas exclama.

E agora? Estávamos ali de frente a uma ponte velha que poderia nos levar para a morte apenas com um passo errado. Uma leve névoa cobria a ponte, o que dificultava nossa visão.

— Vamos confiando em Eloim! - Ele olha para mim.

Atlas saiu na minha frente, observando cada detalhe em falso.

— Com cuidado - Diz ele para mim que ia atrás dele.

Minha mente estava concentrada e meu coração batia forte. Sentia a adrenalina apenas pela respiração de Atlas, enquanto a ponte rangia a cada passo que dávamos. Minha mão suada segurava nas cordas nas laterais da ponte; meu desejo mais profundo era que aquela passagem acabasse.

— Pode vir, Orly - Atlas estende sua mão depois que coloca seus pés para fora da ponte.

Inclinei meu braço para pegar em sua mão e chegar ao último passo em cima daquilo. Mas um barulho de algo arrebentando veio em minha direção.

— Rápido, Orly! - Atlas grita.

Corri e dei um pulo, aterrissando de forma desajeitada em terra firme antes da ponte me levar junto à queda abaixo.

— Conseguimos - Digo ofegante.

— Graças a Eloim! — Atlas diz com dificuldade por causa da adrenalina.

Levanto meus olhos e vejo que agora estávamos de frente a uma floresta de árvores altas e densas onde perigos mortais poderiam nos alcançar.

— Realmente estamos perdidos — Digo sem tirar meu foco daquela floresta.

— Essa parece mais assustadora que a outra — Atlas leva seus olhos à floresta.

Olho para ele com admiração.

— Temos que enfrentar isso junto! — Digo.

— Talvez seja a nossa única saída. Que Eloim nos guie — Ele pega na minha mão.

Adentramos floresta adentro. E andamos à procura de uma saída, estamos perdidos e nosso desejo era apenas ser encontrados.

Orly e o Reino Secreto (Concluído)Where stories live. Discover now