01 | " É melhor ficar sozinho."

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Novembro de 2009        1990

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Novembro de 2009
    
   1990. O ano em que fui levado às pressas para o hospital por ter engolido uma peça do puzzle da Discovery Channel, sobre o reino animal, para crianças do primário. Com apenas dois anos, disseram-me que eu havia deixado um primata sem cabeça, por ela ter parado em meu estômago.
  
Neste dia meu pai não usava seus casuais jalecos medicinais, ele usava um terno, que só foi possível chegar a esta conclusão por conta da gravata azul marinho enrolada de forma desleixada nos braços finos de minha mãe. Sua blusa já encontrava com três botões abertos, exibindo alguns pelos e seu rosto exibia traços de preocupação devido a minha condição não poder ser tratada por ele próprio.

Tom também dissera que havia marcado uma importante reunião no Benefico, o filantropo hospital fundado por meu bisavô e seus irmãos, sobre higiene sanitária; deste modo só havia mamãe e alguns empregados em casa e foram estes que a auxiliaram enquanto me socorria.

Foi neste ano em que foi constatado a minha diferença para com as outras crianças de minha idade.

Fui diagnosticado com transtorno explosivo intermitente, que apelido carinhosamente de transtornos de raiva.

Não, não é bipolaridade ou algo do tipo.

Uma vez que eu não vivo constantemente a oscilar de todo humor existente, só costumo enfurecer-me bastante rápido. Logo, segundo o meu pai, eu havia engolido aquela pequena peça, pois não havia conseguido montar a droga do puzzle e me irritei com a Discovery Channel e fiz-lo achando, em minha mente infantil, que todos iriam parar de comprar seus puzzles para crianças do primário.

Nos anos seguintes, diversas coisas mudaram em minha vida. Passei a tomar medicamentos controlados, que iriam de acordo com o desenvolvimento de minha doença, caso não houvessem melhoras teria de o toma-los por toda a vida. Passei a ter aulas de esportes, sapateado, tinha de ler constantemente os livros que minha mãe comprava. Visto que, de acordo com o Dr. Beuford, um senhor grisalho que usava óculos fundos de garrafa coloridos:

"Atividades para ocupar o dia diminuem o stress."

Ingressei para o grupo de teatro e dança de salão do colégio e nem sequer me importava com o meu diagnóstico. Foi a primeira vez e única vez que entrei para turma que mais adquiria conhecimento na Colhoun. Mesmo sendo apenas sete alunos por professor, era honra para alguém do 2º ano. Talvez meu ano de ouro.

Durante a infância, você não se importa tanto com os problemas que te cercam.

O tratamento de evolução dá doença duraria alguns anos, no máximo oito, assim seria dado a conclusão final.

Em 1998, as coisas começaram a piorar, exatamente oito anos mais tarde. Quando eu tinha dez anos de idade, passei a questionar o porquê de ter de tomar medicamentos enquanto todos meus colegas só se preocupavam apenas com suas cartas de batalhas ilustradas com os Power Rangers.
E pela primeira vez eu tive uma sobrecarga de emoções, um misto de ansiedade, exaustão e confusão. O que me fez rasgar todos os pôsteres do Leonardo Dicaprio, em sua atuação em Titanic, da April e quebrar alguns aparelhos, inclusive o computador do escritório de meu pai. O que fez o Dr. Beuford chegar a conclusão que meus remédios seriam para sempre, pois a situação de meu problema só tinha a piorar.

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