Era uma noite escura e silenciosa na estrada.
A única luz que se via era a de um sobrado humilde e isolado, que brilhava fracamente com as lanternas do lado de fora e as luzes que escapavam pelas janelas.
Por trás dos painéis japoneses, uma família vivia uma tragédia que ninguém podia testemunhar.
Apenas um som estridente de vidro quebrando no chão rompeu o silêncio da noite, anunciando o horror que se desenrolava dentro da casa.
A garrafa de saquê que se partiu em duas partes ainda girava no chão, fazendo um som agudo.
Era o último vestígio da bebida que a mãe havia consumido, tentando afogar suas angústias.
Mas o álcool não lhe trouxe alívio, apenas raiva e desespero.
Ela estava em pânico, sentindo-se encurralada e impotente.
Respirava ofegante, com os olhos arregalados e os dentes cerrados.
Sentada no chão, ela se encolhia contra a parede, tremendo incontrolavelmente.
Em um gesto de fúria, ela havia lançado a garrafa de saquê contra a filha, que estava parada na sua frente, olhando-a com curiosidade.
A garrafa voou pelo ar e atingiu a testa da menina, espatifando-se com um estrondo e espalhando cacos de vidro e álcool pelo chão.
O pai assistia à cena, paralisado de horror.
Ele segurava os braços da mãe, tentando contê-la, mas era tarde demais.
Ele olhava incrédulo para o que ela havia feito, sentindo-se impotente diante do irreversível.
Suas mãos apertavam os braços dela, como se quisessem impedir que ela fizesse mais alguma loucura.
A filha não entendia o que estava acontecendo.
Ela olhava para os pais com olhos inocentes, sem compreender o medo e a descrença que eles lhe dirigiam.
O que ela havia feito de errado? Por que eles a olhavam assim?
Ela sentiu algo escorrer sobre seus olhinhos, primeiro o direito e depois o esquerdo.
Parecia a água do banho, mas mais grossa e fedorenta.
Era o saquê que a mãe havia jogado nela, misturado com outra coisa.
Ela limpou os olhos com as mãozinhas e, ao abri-los novamente, olhou para elas.
Elas estavam vermelhas.
Ela também sentia uma dor forte na cabeça, como se tivesse a batido com força.
O álcool escorria do topo do seu cabelo em direção à ferida aberta na sua testa.
A ardência era insuportável.
Quanto mais ela chorava, mais a dor aumentava e mais alto ela gritava.
Ela queria correr para os pais, abraçá-los e pedir que a ajudassem.
- NÃO! NÃO SE APROXIME! - O pai gritou.
A filha se assustou com o grito dele.
Ela não entendia por que ele não queria que ela se aproximasse.
Ela só queria o colo dele, o calor dele, o amor dele.
Mas ele a mandou ficar longe.
- Fique longe de mim! - A mãe gritou.
Ela também não queria que ela se aproximasse.
Ela a olhava com ódio e nojo.
A filha não entendia nada.
Ela só sabia que estava sozinha, ferida e assustada.
Ela só podia chorar, chorar o mais alto que podia, esperando que alguém viesse socorrê-la.
Mas ninguém viria, não importava o quanto ela chorasse. Ninguém a acolheria.
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A Princesa Que Ergueu O Sol
FantasyAkemi, uma jovem princesa samurai com a habilidade única de copiar qualquer Kenjutsu de Vínculo, embarca em uma perigosa jornada para derrotar o líder da Facção das Máscaras Vermelhas, Kuro, e salvar sua mãe, que foi corrompida e se tornou uma ofici...