Capítulo 2 - Primeiro dia/ Part. 2

26 5 4
                                    

Caleb


Acordo com o barulho de uma respiração próxima ao meu rosto, abro os olhos com dificuldade pela claridade do sol que entra pela janela ㅡ novamente esqueci de fechar a cortina ㅡ e avisto Batata com a língua para fora. Quando vê que acordei começa a lamber o meu rosto e abanar o rabo. Batata é o nosso cachorro, um labrador branco, adotamos ele quando era ainda filhote, isso já faz cinco anos.

Empurro ele e me sento na cama, pego meu celular debaixo do travesseiro e vejo o horário que marca na tela 6:30, arregalo os olhos quando minha consciência me lembra que hoje é o primeiro dia de aula e eu estava atrasado.
Batata, porque não me acordou antes, cara? ㅡ brinco chacoalhando minha mão na cabeça dele e pulo da cama.

Entro no banheiro e banho rapidamente, escovo os dentes, troco de roupa, coloco uma calça clara, uma blusa branca e um moletom por cima, calço o primeiro par de tênis que encontro jogado pelo quarto, pego meu celular, jogo perfume no corpo de qualquer jeito e encontro minha mochila vazia, jogo alguns materiais lá dentro, ㅡ pelo menos os que eu consigo achar no meio da bagunça toda ㅡ desço as escadas com Batata logo atrás de mim e encontro meu pai saindo da cozinha com um pão na mão e uma xicara de café na outra.

ㅡ Atrasado? ㅡ pergunta.

ㅡ Esqueci de colocar o alarme. ㅡ respondo ㅡ o senhor tá saindo agora?

ㅡ Vou um pouco mais tarde hoje, mas posso te levar. ㅡ termina de beber o café em apenas um gole e pega as chaves em cima da mesa.

ㅡ Valeu, pai.

Coloco a guia do Batata presa na coleira e saio do apartamento após meu pai, descemos de elevador para o estacionamento, não demora muito a chegar em nosso andar.
ㅡ Parece que senhor já sabia que hoje começava as aulas, porque não me acordou?

ㅡ Quem você acha que abriu a porta do seu quarto para o Batata entrar? ㅡ pergunta e eu faço uma expressão de "agora entendi".

Entramos no carro e ele da partida para sairmos.
Abro a janela do meu lado e Batata que está no meu colo coloca a cabeça para o lado de fora, olho o pingente na coleira dele com o seu nome e me lembro da minha mãe que foi a responsável por escolhe-lo ㅡ Tanto o cachorro quanto o nome.

Vulgo Ana Maria Almeida de Castro, ela morreu há dois anos atrás quando andava de bicicleta e foi atropelada por um carro em alta velocidade. Meu pai viajava no dia do acidente e eu estava na casa da minha avó, ㅡ inclusive passei as minhas férias desse ano lá ㅡ quando recebemos a notícia me lembro que a minha ficha demorou muito a cair e por isso não esbocei muita reação na hora, mas quando a vi no caixão no dia do seu enterro tive certeza que nada seria como antes, sinto que parte de mim morreu com ela, provavelmente a melhor parte que existia.

É, bem dramático eu diria. Mas é como eu sinto.

🕓

Meu pai estaciona em frente a escola e vejo de longe o guardinha aguardar os poucos alunos que estão chegando para fechar o portão.
ㅡ Tchau pai. ㅡ abro a porta e saio logo para não deixar que o cachorro saia ㅡ esqueci de colocar a ração do Batata, por favor coloca quando chegar. ㅡ lembro.

ㅡ Esquecendo das coisas assim você me lembra sua mãe. ㅡ diz e eu fico sem jeito por ele me comparar a ela, algo que sempre faz quando tem oportunidade ㅡ vai logo antes que fique do lado de fora. ㅡ ri e eu corro sem pensar duas vezes.

O Amor que vem do Altoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن