Quando As Estrelas Se Alinham

II.

"Porque quando o sol se põe, a besta sai"

Era tarde de Domingo, horas depois do susto. Luiza estava sentada em cima da ilha enquanto tinha a carta em mãos, ela estava perplexa assim como eu fiquei, estava paralisada. Eu segurava firmemente a xícara de café e minha bunda está espremida na quina da pia.

O café estava quente demais

- Você tem que ir à polícia! - Alertou.

- Qual é Luiza, já viu filmes e jornais que acontecem isso? - Indaguei. - Toda vez que vai a polícia fazer boletim, ela é atacada. É suicídio

Eu não estava errada, eu costumava assistir vários filmes, e tudo oque acontecia após pedir ajuda, era um desastre. Isso só vai ser um convite para ficar cara a cara com a pessoa que está me vigiando. Eu tenho que ser cautelosa, porque, se ela foi até a boate ontem, ela pode muito bem estar me vigiando neste exato momento

- Cretina, você tem razão - suspirou. - Temos que fazer alguma coisa...

- Oque vamos fazer? Invocá-lo e depois tentar matar ele? - Fui irônica.

- Não é uma ideia ruim - Fechei a cara em desgosto. - Mas você pode ficar em casa até lá

- Eu sou grata, Luiza. Mas você acha que será necessário?

- É claro.

Pensando bem, ficar com Luiza vai ser seguro. Apesar da bagunça das festas solo que ela faz, pode ser divertido ficar lá até a poeira abaixar

- Como isso tudo começou? - A ouvi perguntando baixo.

- Eu também queria saber...

- Não há como alguém ficar obcecado por você do nada - Reclamou. - A não ser que...

Seu silêncio era perturbador

- Oque?

- Alguém pode estar te vigiando a muito mais tempo do que imagina. Pode ter visto você na cafeteria, se apaixonado pela sua extrema educação que às vezes dá ânsia

- Não acho que seja pela cafeteria - tenho certeza. - Lá só vai velhos, empresários casados e grupos de idosas para fofocar

- A maioria dos empresários casados traem

Assenti

Seus olhos semi cerraram olhando para a carta, sua boca abriu e fechou rapidamente. Ela descobriu algo

- Isso não é a letra de um homem... - Sussurrou surpresa, estava um tanto assustada. - É magra e bem alinhada. A caligrafia é fodidamente boa

- Uma mulher?

Quais as chances?

- Se tirar a opção dos empresários casados, só resta isso - Ela coçou o canto da boca. - Mas quem?

De fato, passava centenas de pessoas por lá todos os dias. Ninguém passava pela cabeça e isso era frustrante.

- Céus... - Sussurrei em derrota. - Estou ferrada...

- Bom...é a primeira vez que eu vejo isso acontecendo fora dos filmes - Disse descendo da ilha. - Se eu fosse você, não me envolveria com ninguém, não queria ter partes do meu corpo queimado

Ela tinha toda a razão, eu teria que ser cautelosa. Não por obediência, e sim para me manter segura.

- Arrume suas coisas, você vai passar a semana em casa, e amanhã, você vai ao trabalho junto comigo - Ciscou a maçã na fruteira.