56 | Estão a ter um momento lésbico?

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"Estão a ter um momento lésbico? E nem sequer me convidaram?" Louis questiona com uma pose à porta do nosso quarto, observando todo o desenrolar da nossa brincadeira. Limpo os meus lábios, para fazer troça da situação e ajeito o meu cabelo que se havia emaranhado todo devido a tantas estalas de Sam.

"Bem, desculpa Louis. Para a próxima mandamos convite." Eu digo-lhe com um pequeno sorriso no rosto.

Samantha corre disparada até ele, levando tudo à frente, e acaba por o beijar sem qualquer vergonha. Sorrio por ver o quanto ela havia mudado, relativamente a quando eu a conhecera, e delibero dar-lhes um pouco de privacidade já que eles não se viam há cerca de duas semanas.

"Okay, eu acho vou ver se as instalações da universidade estão a funcionar devidamente. Estejam à vontade... Mas não na minha cama, por favor."

"Blair!"

"Não é por nada... Eu apenas quero que os vestígios do nosso amor fiquem presentes para sempre na minha cama sem que outros novos ocupem lugar. Adeus!"

E após isto, saio a correr do meu dormitório antes de Samantha se lembrasse de me atirar com algo à cabeça.

Os nós dos meus dedos vão de encontro à porta do seu dormitório, para saber se ele se encontrava no interior do mesmo. Cruzo os meus braços e, nervosamente, tento dar um jeito aos meus fios negros de cabelo.

A porta abre-se lentamente, relevando o rosto do homem que eu já não via há duas semanas. Os meus braços magros envolvem o seu pescoço, custosamente devido à inúmera camada de roupa que trazia vestido, e abraço-o com toda a força do mundo para que ele se sentisse seguro e confortável nos meus braços.

Não queria falar para não dizer disparates e, muito menos o queria forçar a falar pois sei que ele, neste momento, deve estar a passar por grandes dificuldades. Apenas deixo que o abrace perdure, inalando o seu doce aroma perfumado do perfume que eu tanto adoro.

"Então... Como estás?"

"Triste, constantemente a olhar para o telemóvel, com o meu coração a mil à hora cada vez que o meu telemóvel toca... Eu não devia ter vindo trabalhar, Blair."

"Eu, sinceramente, acho que teres vindo para a universidade agora foi a melhor decisão que fizeste... O facto de estares aqui a fazer algo que gostas verdadeiramente, irá fazer-te sentir melhor, vais ver."

Zayn sorri com o seu olhar vidrado no meu e lentamente aproxima o seu rosto de mim. Antes que um beijo carinho se inicie, sinto o seu respirar quente e desesperado vir de encontro à minha face e fecho os meus olhos inconscientemente, desejando um contacto demorado.

As saudades já eram muitas e admito que vê-lo neste estado, cansado e triste, me deixa bastante descontente, bastante desgostosa. As suas olheiras, das noites mal dormidas, estavam bem visíveis por debaixo dos seus olhos. Olhos esses que se encontravam com um tom rosado, provavelmente do sono que tinha.

"Tu és igual à minha mãe, mor. Vocês as duas disseram-me a mesma coisa." Zayn sorri forçosamente e pousa a sua mão quente na minha perna, acariciando a mesma calmamente. "Ela disse-me que conseguia tomar conta de tudo, agora que já estava tudo mais calmo mas, eu não sei... Sinto que devia ter ficado lá, a ajudar a minha família."

Os seus lábios beijam a minha testa delicadamente e fecho a porta devagar para que ninguém passasse no corredor. Sento-me a seu lado na pequena cama onde costumávamos dormir abraçados nos dias mais gélidos de Dezembro e encosto a cabeça contra o seu peito sentindo o batido rápido do seu coração.

"Ela vai melhorar, Zayn. E se tiveres que ir para Bradford, eu irei contigo."

"Não, eu não quero que tu faltes às aulas por minha culpa."

"Se for preciso, eu falto."

Zayn assente com a cabeça e entrelaça os seus dedos nos meus. Ninguém é capaz de imaginar o quão bem sabe estar aqui com ele mas, ao mesmo tempo, sento-me mal por lhe esconder algo que, nestes últimos dias, me tem vindo a torturar de uma forma dolorosa.

"Devias aproveitar para dormir. Pareces exausto e eu não te quero incomodar." Advirto com um tom de voz doce e calmo.

"Tu não me estás a incomodar, amor. Honestamente, acho que não podia estar melhor."


Sorrio e mordo o meu lábio inferior, procurando coragem para lhe contar toda a verdade.

Eu não consigo mentir às pessoas que me são próximas, à exceção da minha mãe, e, por isso, não sei como hei de conseguir esconder a verdade relativamente ao que acontecera nestas férias de Natal. Eu odeio-me por não ser capaz de guardar os acontecimentos só para mim tendo, como consequência disso, sempre que partilhar com alguém.

Além disso, isto diz respeito a Zayn e de qualquer das formas, mais cedo ou mais tarde, ele irá acabar por saber.

"Zayn, eu tenho que te dizer uma coisa muito importante..." Anuncio baixo, com o meu olhar fechado e com uma voz minuciosa. "Não o disse antes porque sei o quão mal estavas e, além disso, não era algo que se deva dizer por telemóvel."

"Estás-me a assustar, Blair..."

"Eu sei que é horrível o que eu vou dizer mas eu não te consigo mentir mais... Eu só quero que me perdoes."

"Blair?"

"A minha mãe descobriu tudo sobre nós na semana passada. Desculpa-me..."


Toxic 》 malikOnde histórias criam vida. Descubra agora