CAPÍTULO 46

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MARIA CHIARA SIENNA ANTONELLA RICCI PETROVA LIMA


Um mês depois...


- Feliz... Nascimento? – Daniel fala ao meu lado com uma careta, reunindo os papéis que acabei de assinar oficializando o meu novo nome.

Maria Chiara Sienna Antonella Ricci Petrova Lima.

Nossa.

- Que nome de princesa! – Cadu diz atrás de mim, me sacodindo e eu rio junto com ele.

- Que Deus abençoe às abreviações. – Alex fala, do outro lado da mesa.

- Amém. – É Gabriel que termina.

- Deixem ela em paz. – Aninha diz, ao meu lado. – Ficou lindo, Bela Merida.

E Cadu suspira.

- Esse sim teria sido um belo nome. Ainda dá tempo de mudar, Dani?

E Daniel ri para ele, balançando a cabeça em negativa.

- Deixe meu nome em paz. Já foi uma tortura ter aprendido a escrever tantas letras, isso não pode ser jogado fora com tanta facilidade.

E a mão de Salvatore aperta a minha coxa, levando meu olhar para ele, encontrando toda aquela devoção que me era tão familiar.

- Estou orgulhoso de você, Tesoro.

E eu coro.

- Obrigada. – Digo, apaixonada.

E isso faz com que Gabriel faça um som de vômito atrás de mim que me faz rir.

As últimas semanas haviam sido assim, com muitas risadas, carinhos e burocracias.

Com Dragomir agora preso pelo resto da vida, assim como todos os outros responsáveis pela Fortaleza, e as meninas livres com suas famílias, havia sobrado apenas muita burocracia para ser resolvida. Depoimentos, heranças, mercado imobiliário. Parecia uma boa ideia vender todas as propriedades do meu pai e dar o dinheiro para todas as famílias das meninas que estavam no galpão. Assim como para as famílias que perderam as suas filhas para sempre. Eu não queria nada que viesse dele, muito menos seu dinheiro sujo, agora eu poderia transformá-lo em algo positivo.

Com a venda de uma das casas dos Estados Unidos, doei todo o dinheiro para a fundação Helena.

Agora, eu queria seguir com minha nova vida, livre de todos os meus demônios, de todo o meu passado pesado.

Eu merecia ser feliz, e iria agarrar essa felicidade com unhas e dentes.

Jabs diretos e socos no fígado se necesário.

Eu havia aprendido direitinho. Não só com Salvatore, mas também com a Senhora Samir.

E esse pensamento me faz sorrir.

- No que você está pensando? – Salvatore me pergunta, fazendo carinho em minha perna.

- Pensando nos momentos bons da minha infância. Nos meus treinamentos de artes marciais com a Senhora Samir.

E isso o faz sorrir.

- Ela te colocava para fazer abdominais?

- Sim, mas não com tanta indisplicência quanto você. – Eu pisco para ele, que ri divertido para mim. Mas então seu rosto nubla numa máscara séria, emocionada, que me faz franzir o cenho e apertar sua mão.

- O que foi, querido?

E ele parece hesitante, quase nervoso, quando beija a minha mão, olhando no fundo dos meus olhos.

- Quero que você me conte sua história aos poucos, no seu ritmo. – Ele começa, beijado minha mão novamente. - Quero seu passado, seu presente e acima de todas as outras coisas, eu quero o seu futuro. Cada segundo dele. Quero honrar a sua vida com a minha, quero me fazer digno de te ter ao meu lado.

E a mesa inteira cai em silência, prestando atenção em suas palavras. Eu sinto meus olhos pinicando, e isso me faz sorrir.

- Você sabe que eu também. – Afirmo emocionada.

Mas então, ele se ajoelha ao meu lado, puxando minhas mãos para que eu me vire em direção à ele. E isso me faz abrir a boca chocada. Ele ia...?

- Meu coração é uma muralha, Tesoro. E eu quero que você saiba que você não precisa derrubá-la. Eu te entrego a chave e te deixo entrar de bom grado. Ninguém me põe de joelhos além da minha família. Ninguém além de vocês.

E eu soluço, completamente estupefata.

- Você está me pedindo em casamento?- Digo, olhando para a caixinha de veludo preto em sua mão.

- É claro que não. - Ele revira os olhos também úmidos para mim – Quando eu for te pedir em casamento você vai estar recuperada e eu estarei em um joelho é claro. - E ele faz exatamente isso, se colocando sob um joelho na minha frente e plantando um beijo sobre o curativo em minha perna. Ouço a família interia arfar ao nosso redor assim que percebem o que Salvatore está fazendo. Todos correm para perto de nós.

- Mas quero que você saiba que isso vai acontecer. E que se euhipoteticamente estivesse te pedindo em casamento agora, seria isso que eu diria:

- Maria Chiara Sienna Ricci Petrova Lima, Vou amar você com tudo o que eu tenho e tudo que eu sou pelo resto dos meus dias. Te manterei segura e lutarei contra cada um dos seus demônios. Vou acordar todos os dias para te fazer feliz, e irei dormir pensando em todas as formas de ser ainda melhor no dia seguinte. Se você me permitir, serei seu parceiro. Igual ao livro de fada pornográfico que você e Mariana tanto gostam. – E isso me tira uma gargalhada.

- Eu diria que você está em cada um dos meus pensamentos. Que me apaixonei por você no minuto em que você colocou seus olhos em mim. Que olho para você e não faço ideia do que fiz para merecê-la. E que se você me der essa honra, vou casar com você. Porque não consigo pensar em outra forma de mostrar para todos, no céu e na terra, que cada respiração em meus pulmões, cada batida do meu coração, cada pedaço da minha alma pertence a você.

- E se você quiser e quando estiver pronta, vou colocar um bebê em você. Porque nada me honraria mais do que criar um pedaço de nós dois em puro amor e respeito. E vocês serão meus e eu serei de vocês, e nós seremos apenas nossos. Para sempre.

E eu choro, nossa família chora, as meninas estão completamente histéricas. E eu faço a única coisa racional a se fazer quando o amor da sua vida te pede em casamento hipoteticamente. Eu me jogo sobre ele e esmago minha boca na sua, num beijo que tem gosto das melhores coisas da vida.

Gosto de futuro.

Gosto de certeza.

Quando ele finalmente me liberta, seus olhos buscam os meus com alegria.

- Isso é um sim?

E eu balanço a cabeça num concordar gentil, antes de acrescentar com ironia:

- Hipoteticamente.


FIM 

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOWhere stories live. Discover now