Capítulo 28 | Sem Escolha

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~ Suyen:
[ 20:30 ]
= Em seus aposentos Reais =

Naquele horário, o Sol aqui em meu Reino já havia se pondo e o firmamento, escuro e repleto de astros brilhantes, tinha tomado conta de absolutamente tudo.

Diferente das outras noites que presenciei, os grilos não emitiam os seus sons repetitivos e os sapos não pronunciavam nada, como seria o habitual. Fora isso, a própria Lua, a famosa "dama da noite", escolhera não compartilhar a sua luz acinzentada conosco. Não hoje.

Era como se o mundo e todos os seus habitantes, desde os racionais aos irracionais, tivessem se sensibilizado com a minha perda e escolhido expressar essa consideração majestosa com o mais duro e frio silêncio.

Desde aquele primeiro momento, eu estava aqui, em meus aposentos, sem demonstrar qualquer ânimo em me retirar e "tomar um ar". Apesar de sentir que precisava realmente de um ar, de respirar com mais êxito e trazer uma calmaria aos meus pulmões fracos, eu não me via com força suficiente para tal passo.

Para não sofrer ainda mais, escolhi permanecer aqui, sentada sobre a minha poltrona, com os olhos fixos ao céu estrelado dessa noite melancólica. Estava frio, mas eu não queria sair dali e procurar algum agasalho. Eu só queria encontrar um pouco de paz depois de semear a mesma dor de anos atrás, quando sofri uma outra perda.

Suyen: mamãe... ― sussurro, com os meus olhos marejados pelas lágrimas. ― cuida...cuida do papai, 'tá? Por...por favor. ― peço, me encolhendo sobre aquela poltrona.

Como se essa maldita dor já não bastasse para o meu ser, havia acabado de descobrir algo que certamente me tiraria todo e qualquer ânimo de uma manhã ensolarada, e que serviu somente para contribuir, e muito, com esse meu sofrimento interno e externo.

Depois que garanti à Ochako que dormiria um pouco, fui até o antigo escritório do meu pai e vasculhei os seus papéis "importantes", guardados nas partes superiores de uma alta prateleira. Embora não me encontrasse nada bem, tanto fisicamente como emocionalmente, li o máximo de papéis que eram do meu interesse, pesquisando sobre uma lei que torcia por ser uma grande mentira. No entanto, não era.

Pelo regulamento Real, sendo boa parte dele criado pelos ajudantes do meu pai no comando desse Reino, dizia-se: "Lei proclamada pelo próprio Rei Mizuki: para uma mulher se tornar Rainha, além de possuir acima de dezoito anos de idade, também necessita estar unida, tanto pela Lei dos Homens como pela Lei de Deus, com um homem, de uma Linhagem Real, seja ela poderosa, ou não".

Sim, era aquilo mesmo. Se referindo ao meu caso, não poderia me tornar Rainha desse Reino, e muito menos tomar o meu trono por direito, enquanto não estivesse com uma maldita aliança em meu dedo anelar esquerdo. Pelas leis machistas que regem esse Reino, eu teria que me casar. E, como se essa tragédia já não fosse o suficiente, eu ainda não teria uma outra escolha no momento que não fosse ele, Toya Todoroki.

Aquilo não era uma tragédia, e sim uma catástrofe extrema!
Como pode?! Eu teria realmente que me casar, me unir à uma pessoa que não amo e que não sinto nada além de ódio e nojo, para tomar o lugar do meu pai no comando desse Reino?!
Como aceitaram colocar uma lei tão estúpida e ridícula nos regimentos Reais?! COMO?!

Suyen: isso não pode 'tá acontecendo...não pode! ― apoio os meus cotovelos em minhas coxas, levando as minhas mãos até os meus cabelos bagunçados. ― argh...! Por quê?! Por quê?! Argh...!

Subitamente, dando um fim àquele meu surto de raiva e estresse, escutei leves batidas na porta, alertando sobre a entrada de alguém. Secando algumas lágrimas recorrentes e acreditando que a minha fisionomia facial não estava TÃO ruim, deixei aquela poltrona e me coloquei de pé, aguardando a entrada de quem quer que seja.

A Princesa e o GuerreiroWhere stories live. Discover now