16) Pequena Presa

Começar do início
                                    

Minha amiga se aproxima, sussurrando em meu ouvido com determinação.

— Você pode ter escapado agora, mas eu não esqueci disso.

Relutantemente, Amália se une a Feer, adentrando o apartamento. Encontro-me sozinha do lado de fora, onde o som abafado de "Fill The Void" ainda ecoa.

Meus olhos se fixam na piscina à minha direita. Daria milhões para mergulhar nessa piscina de borda agora. A adrenalina que isso poderia proporcionar parece tentadora, apesar do medo.

Observo, intrigada, a ausência das pessoas que pagaram para estar no camarote. Não faço ideia do quanto desembolsaram, mas com essa vista panorâmica da pista, certamente não foi barato.

Sob a atmosfera eletrizante e a tensão no ar, eu saboreio a bebida de gosto misterioso enquanto observo a corrida de alta velocidade. O líquido transparente desce pela minha garganta, provocando uma sensação ardente e doce simultaneamente, como um segredo bem guardado.

Lá embaixo, a plateia ruge em êxtase, enquanto os carros deslizam pelas curvas desafiadoras. O carro verde mantém a liderança, mas o carro laranja musgo está em sua cola, determinado a ultrapassar.

— Aposto que o carro marrom ganhará. — em meio à adrenalina, uma voz rouca me surpreende, me fazendo pular no lugar.

É Hades, com seu charme sombrio e um cigarro entre os dedos. O medo se insinua, pois sua presença é intimidante, e eu não sei o que ele é capaz de fazer. Eu tenho medo  ̶t̶e̶s̶ã̶o̶   dele. Ele se aproxima de mim.

As roupas e cabelos negros de Hades destacam seus olhos azuis escuros de forma hipnotizante.  ̶J̶e̶s̶u̶s̶ ̶C̶r̶i̶s̶t̶o̶.̶
Minha mente me sabota, me lembrando do pequeno acontecimento do carro, sinto minhas bochechas esquentaram.

— Por que o marrom? — pergunto, rindo nervosamente. — Ele não parece estar em uma posição muito favorável para vencer.

Hades responde com seriedade, seu olhar fixo na corrida, enquanto toma uma longa tragada do cigarro e solta a fumaça pelo nariz com um ar misterioso.

— O carro verde pode até estar na liderança, mas ele acredita que a velocidade é o único caminho para a vitória. — ele pausa dramaticamente, enfatizando sua próxima declaração. — O que verdadeiramente faz um vencedor nessa pista é a técnica, coitadinha.

Meus olhos se fixam no carro marrom, e o piloto demonstra maestria ao ultrapassar os concorrentes. Minha surpresa é palpável enquanto o carro se posiciona em segundo lugar.

A última curva é um momento de pura emoção, meu coração bate descontroladamente. Meus olhos seguem o carro marrom, tentando desesperadamente ultrapassar o verde. A tensão é palpável quando os dois carros colidem em uma curva desafiadora.

O carro verde gira fora de controle, e o destino do carro marrom permanece incerto. O som do impacto ressoa, e a plateia aguarda em silêncio. O sino toca, revelando o vencedor, enquanto os carros acidentados permanecem imóveis, uma cena que ecoará na memória por muito tempo.

Ninguém foi ajudar os corredores. Essas corridas não são o coração do Lado 69, por que deixam os seus competidores acidentados?

Meus olhos cravam no carro marrom, ele está completamente danificado contra a parede. O impacto, conserteza, deve ter ferido ou até matado o corredor.

— Ninguém vai ajudá-los? — pergunto, fixando meu olhar nos seus, cheio de compaixão.

— Essa é uma corrida de amadores, eles escolheram participar, vão enfrentar seus próprios desafios. — ele fala com a voz dura.

— Isso é tão cruel...

— Bem vinda ao Inferno. — um sorriso se expos em seu  ̶b̶e̶l̶o̶   rosto. — Aqui não a compaixão, aqui é dedo no cu e gritaria, coitadinha.

Meus olhos encontram os seus, e neles arde uma fúria indomável. O medo que sentia por ele agora cede espaço à ira e ao ódio. Minhas palavras falham diante do turbilhão de emoções que me consomem.

Um rápido olhar para a pista revela a plateia celebrando o vencedor enquanto o sangue escorre dos carros destroçados.

Desvio o olhar, decidida a deixar Hades para trás, mas sinto meu braço ser agarrado. Ele está bem perto, sua respiração aquecendo minha pele exposta pelo vestido.

— Não me chame assim.

Hades se aproxima de meu rosto, sinto seu hálito contra a minha bochecha. Seus olhos se tornaram cinzas, como isso é possível?

— Você prefere que eu te chame de princesa? — pergunta, dando um sorriso de canto revelando as covinhas. — Ou de pequena presa?

Viro meu rosto, mas Hades pega no meu queixo me fazendo olhar para os seus olhos. Meu coração de acelera como um carro.

— Me responda, Faith. — suas palavras se tornaram fortes.

Eu gostaria de ter uma resposta afiada, mas as palavras parecem ter abandonado meu vocabulário. Ele me puxa ainda mais para perto.

— Vá para o inferno, Hades.

Hades solta uma risadinha maliciosa, revelando sua natureza ardilosa.

— Eu já estou nele, coitadinha. — diz de imediato. — Não acha que esse vestido está curto demais? — sua voz sussurra em meu ouvido, causando arrepios por todo o meu corpo.

De repente, ele rasga a barra da minha saia, expondo parte da minha calcinha. Seguro o tecido com as mãos, me soltando de seu aperto e me afastando dele.

— Lembra-se, você é só minha, nenhum outro homem pode encostar em você. — fala, dando risinhos. — Ou você prefere uma cabeça na sua caixa de correios?

— Vá se foder, Hades. — minha voz treme de nervosismo enquanto faço um gesto obsceno.

Ele responde com um sorriso cruel.

— Só se for com você, pequena presa.

Sua resposta me deixa paralisada por um momento, mas não vou permitir que ele me intimide. Com passos firmes, sigo em direção ao apartamento, deixando-o para trás.

Comentem e votem, me ajuda a saber se estão gostando da história e se devo continua-lá.


"Cada uma de suas preocupações não terão importância no futuro. Cada. Uma. Delas." — Kamal Ravikant.

HEARTLESSOnde histórias criam vida. Descubra agora