A Cidade das Criaturas Noturnas

Número Premiado: Fuga

—Lembrei de uma coisa — Ben disse chamando nossa atenção, um sorriso travesso começando a se formar no rosto dele —Eu tirei fotos com o meu celular do diário, lembram? Então tá tudo com a gente esse tempo todo.

A gente mal podíamos acreditar na sorte que tínhamos com isso.
Ben, com o celular em mãos começou a abrir as fotos que havia tirado do diário de Hamilton Hockmuller.

Sentado na minha cama, me inclinei para ver a tela junto com Joe, enquanto Ben ajeitava o brilho do celular para que pudéssemos enxergar melhor.

—Isso quer dizer que temos a continuação do diário — Falei empolgado pra saber a continuação e Joe deu um leve soco no meu ombro, tão animado quanto eu.

Ben mexeu rapidamente no celular e lá estavam elas: as fotos das páginas do diário que tanto queríamos.

As imagens mostravam detalhes de ilustrações que se pareciam com os desenhos que vimos na caverna, parecia que Hamilton Hockmuller realmente tinha encontrado algo importante, algo que agora estávamos prestes a descobrir.

As palavras escritas por Hamilton confirmavam o que suspeitávamos: ele tinha certeza de que a ilha nos desenhos era a origem das criaturas.

Mas havia mais ali, ele também mencionou uma oportunidade de ir até essa ilha, uma chance que veio através de um grande evento, caçadores de todo o lugar se reuniriam para disputar em uma arena e os vencedores seriam enviados para uma missão secreta.

Hamilton foi um dos vencedores desse evento e com muito esforço conseguiu sair vitorioso da arena, sendo revelado para ele que a missão seria nessa ilha misteriosa.

Na lista dos vencedores, Hamilton anotou o nome dos dez caçadores que também haviam triunfado na arena. Era uma lista que, à primeira vista, parecia comum para qualquer outro, mas quando eu olhei para ela, meu coração parou e meus olhos congelaram em um dos nomes.

Sem perceber eu tomei o celular das mãos de Ben com um movimento brusco, quase assustando meu amigo.

—O que foi isso, cara? — Ben perguntou claramente surpreso pela minha reação —Espera, você conhece alguém dessa lista?

—Aqui, no terceiro nome… está escrito Misael Martins — Eu respondi, sentindo a garganta se apertar —É o nome do meu pai.

—Como assim? Seu pai não morreu em uma das missões noturnas? Como o nome dele está nessa missão da ilha? — Joe fez as perguntas confuso.

—Eu também não sei... — Eu mal conseguia processar a informação porque minha vida toda eu acreditei que meu pai havia morrido em uma missão simples, uma fatalidade do trabalho, mas com essa revelação me faz acreditar que ele não foi para uma simples missão e sim que ele foi mandado para uma ilha misteriosa.

—Talvez ele tenha morrido no caminho para essa ilha, Saimon — Ben comentou —De qualquer forma, ele ainda teria morrido em uma missão.

Mas eu não consegui ouvir mais nada, porque meus pensamentos estavam caóticos, eu precisava de respostas.

Me levantei bruscamente com o meu coração disparado e saí correndo para procurar minha mãe, ela era a única que poderia me dizer a verdade.

Eu bati na porta do quarto da minha mãe e só parei quando a porta se abriu e minha mãe apareceu, com o rosto confuso e sonolento.

—Eu estava dormindo, Saimon, o que aconteceu? — Ela me perguntou enquanto esfregava os olhos.

—Eu encontrei um diário, de um cara chamado Hamilton Hockmuller — As palavras saíram rápidas e eu pude ver a expressão dela mudar num instante, de confusão para surpresa —Você conhece ele?