Light up - 02

1.2K 159 57
                                    

- Quando foi que eu troquei de roupa? - Yuji perguntava, notando que as roupas que vestia agora eram muito diferentes das que estava vestindo há pouco. Também estava sentindo falta de sua mochila. Não havia notado essas mudanças, mas aquelas roupas pareciam bem reais.

- Eu mudei. - Gojo explicou bem brevemente. Itadori não entendeu como aquelas duas palavras deveriam ser suficientes para saciar suas dúvidas, mas apenas deixou a questão de lado e ouviu o restante do discurso: - Você ia chamar muita atenção se saísse vestindo um casaco amarelo por aqui.

Itadori seguiu a caminhada, ainda olhando para as próprias vestes. Suas roupas agora eram pretas, em um tecido que se assemelhava ao couro sintético. Tanto a calça quanto a blusa de mangas compridas eram bem ajustadas em relação ao corpo, e surpreendentemente eram bastante confortáveis. A linha que costurava a roupa era vermelha, fazendo um contraste bem sutil, mas que o rosado chegou a achar interessante. Suas atuais roupas não eram tão diferentes das que Satoru vestia, embora tivessem suas singularidades.

O corredor pelo qual os dois caminhavam era um pouco escuro. As paredes também pareciam ser de pedra e haviam alguns quadros e candelabros decorando o espaço. Itadori não parecia estar muito confortável, mas continuava seguindo Satoru. Não sabia se haviam outras pessoas naquele lugar ou se estavam sozinhos, mas ambas as hipóteses pareciam um pouco assustadoras.

Após algum tempo de caminhada e silêncio, o rosado se arriscou a fazer algumas perguntas.

- Então, ahn... Como é que essa coisa de magia funciona? - ele perguntou bem vagamente, super disposto a tomar um fora ou um muro de silêncio como resposta. Entretanto, Gojo não se omitiu a responder:

- Ah, demoraria dias até que eu conseguisse te explicar tudo devidamente. - ele se isentou da responsabilidade. - É um processo milenar que envolve feitiçaria, rituais, energia amaldiçoada, exorcismo...

- Exorcismo tipo o que fazem nas igrejas? - o humano tentou encontrar alguma analogia. Satoru riu alta e debochadamente.

- Ah, por favor... Se você chama aquele teatrinho barato de exorcismo, você não deve ser difícil de impressionar. - o mais velho desdenhou.

Após virarem à direita no corredor, finalmente chegaram a um cômodo desproporcionalmente grande se comparado ao quão estreito era o corredor que haviam acabado de passar. Parecia uma cozinha surpreendentemente bem iluminada, com pedras em mármore preto e conceito digno de projeto arquitetônico. A porta da enorme geladeira estava aberta, ocultando uma outra pessoa que se encontrava revirando as prateleiras.

Yuji se esticou para tentar observar quem quer que estivesse ali. Pelo visto, haviam mais pessoas naquele lugar além dos dois.

- Oh, boa noite, Maki-san. - Satoru cumprimentou com voz amigável.

- Hm. - responderam por trás da porta de geladeira. Quando a porta enfim foi fechada, foi revelada uma figura feminina com cerca de 1,70m de altura. Seus cabelos eram curtos e em um tom peculiar de verde, mas o que mais chamava atenção eram suas cicatrizes. Suas vestes também eram pretas, embora tivessem mangas curtas e parecessem um pouco destruídas propositalmente.

A garota não parecia tão atenta, mas imediatamente uma expressão desconfiada surgiu em seu rosto no momento em que ela avistou o "intruso" naquele ambiente. Ela fez cara feia.

Uma de suas mãos segurava uma garrafa de cerveja recém-aberta, mas a outra mão logo foi ágil e empunhou uma faca de corte desnecessariamente afiada, que logo fora apontada na direção do mais novo. Yuji estremeceu e se escondeu atrás do corpo de Satoru.

Maki permaneceu em posição de ataque, e espremeu os olhos enquanto tentava compreender melhor a situação.

- Quem é o palhaço de cabelo rosa? - ela perguntou em um tom não muito amigável. Em outra situação, Itadori se sentiria um tanto quanto ofendido, mas estava com medo demais para lembrar de se ofender.

Será que todas as pessoas naquele lugar tentariam matá-lo pelo menos uma vez?!

- Calma, Maki-san... - Satoru falou extremamente calmo, fazendo um gesto para que a garota baixasse a arma branca. Logo em seguida, deu um passo para a lateral a fim de mostrar o garoto. - Este é Itadori. Um feiticeiro de outro clã que veio passar um tempinho aqui no nosso domínio.

- Feiticeiro uma ova. - Maki rosnou, ainda segurando a faca. - Não sinto nem um pingo de energia amaldiçoada emanando dele.

- Ele está em jejum. - Satoru explicou. Os dois conversavam tão à vontade que Yuji chegou a se perguntar se estava realmente presente naquele cômodo.

- Jejum? - a esverdeada levantou uma sobrancelha. - Como os monges faziam?

- Exatamente. - Gojo confirmou. - Aquela querida técnica de autocontrole para controlar a magia e aprimorá-la interiormente. - ele explicou, mais para que Itadori tivesse uma ideia a respeito do que mentiriam pelos próximos dias. A história parecia ser plausível, mas Maki ainda parecia estar desconfiada. A fim de acalmar seus ânimos, Satoru acrescentou: - Não se preocupe, Itadori certamente não representa uma ameaça para nós.

A esverdeada observou Yuji de cima a baixo. Deu um suspiro como quem não concorda com algo, mas se submete a agir de acordo e largou a faca de forma descuidada sobre o balcão. Foi andando em direção aos dois e passou a garrafa de cerveja para a mão esquerda a fim de ter a outra mão livre para poder estendê-la ao rosado.

Yuji observou sua mão, levemente receoso se deveria ou não iniciar o aperto de mãos. Maki lhe direcionou o olhar, embora não parecesse nada interessada em cordialidades como aquela.

- Zenin, Maki. - ela se apresentou. - Feiticeira de sexto círculo.

- Ahn... Itadori, Yuji... - o rosado falou enquanto apertava a mão da mais velha. - Feiticeiro de quinto círculo. - ele falou, por mais que não tivesse ideia do que eram esses círculos nem de quantos existiam.

- Vou ficar de olho em você, rosinha. - ela disse, encarando o mais novo. - Não me provoque.

E assim, a esverdeada soltou a mão alheia e deu um gole na própria cerveja enquanto ia embora.

Itadori esperou até que a feiticeira fosse embora e voltou os olhos ao mais velho.

- Todos os feiticeiros são assim??

- Ah, não se preocupe com a Maki. É apenas o jeitinho dela, tenho certeza que ela gostou de você. - Gojo disse bem despreocupadamente. - Vamos andando? Temos mais lugares para visitar. - ele perguntou, já saindo da cozinha. Itadori foi logo atrás.

* * *

Depois de mais alguns goles na cerveja, Zenin saiu pelos corredores, ainda desconfiada de toda essa história de "feiticeiro de outro clã", "jejum" e etc. Deu um olhada no capacete medieval que havia na mesa decorativa no corredor. Pensou que não deveria se ocupar com aquilo, mas aquela história estava muito esquisita, ainda mais considerando que ninguém de fora entrava no domínio há 19 anos.

Decidida a ouvir seus instintos, Maki foi até a mesa, deixando a garrafa de bebida sobre a mesma antes de pegar o capacete e levantar o elmo. Chegou mais perto e falou em bom tom:

- Nanami? - ela chamou, aguardando cerca de quatro segundos até chamá-lo novamente. - Nanami-san?

Alguns sons e ruídos começaram a ser emitidos do capacete. Após alguns sons de metal rangendo, a voz masculina se fez presente.

- Maki? O que aconteceu? Achei que ia sair com a Nobara hoje... - ele falou, embora parecesse não se importar tanto.

- A magia dela está instável nesse período do mês, sabe como é... Ela achou melhor não ir. - ela explicou brevemente. - Mas não foi por isso que eu chamei.

- Então porque me chamou?

- Nanami... O Gojo já te apresentou o garoto de cabelo rosa que ele acabou de trazer 'pro nosso querido domínio privado? - ela perguntou, meio inquieta.

Nanami não disse mais nada. O som de metal rangendo se fez presente de novo.

- Nanami? Nanami!! - ela reclamou antes de bufar, revirar os olhos e pegar a própria cerveja novamente. - Pelas Sete Chamas, esse dia está uma porra!

[continua...]

In the void... (Itafushi)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon