prólogo

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 O silêncio daquela noite era o mais alto que já ouvira,  sem nem uma cigarra cantando lá fora, contrastando com os altos sons das festas na fogueira cheias de instrumentos musicais e danças dos narnianos

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O silêncio daquela noite era o mais alto que já ouvira,  sem nem uma cigarra cantando lá fora, contrastando com os altos sons das festas na fogueira cheias de instrumentos musicais e danças dos narnianos. Seu pijama parecia errado em seu corpo, como se fosse uma mulher adulta vestindo as roupas de uma garota adolescente.

De certa forma, era exatamente isso.

Seu colchão, por mais confortável que fosse, não comparava-se àquele onde deitara em seu tempo no castelo, que dava-lhe a sensação de estar dormindo sobre as nuvens — se elas não fossem feitas de água.

As refeições não estavam nem perto das que lhe eram servidas em seu palácio, por mais que apreciasse as torradas com geleia de dona Marta.

A biblioteca, por maior e mais recheada que fosse, não era como a cheia de pratileiras com livros sobre os mais diversos seres — incluindo humanos — onde se acostumou a esconder-se em eventos muito cheios.

Mesmo que tentasse, nada na casa antiga de seu tio estaria no nível de Nárnia, e Maelie e os Pevensie pareceram notar isso desde seu primeiro dia após a volta.

Um suspiro escapou-lhe dos lábios quando trouxe seus joelhos até seu peito, abraçando a si mesma, e mirou o jardim mal iluminado do professor Kirke pelo vidro perfeitamente limpo da sala de estar. A lareira brilhava à sua frente, mesmo que aquela fosse uma noite quente, com chamas cintilantes que dançavam contra o vento que saia de uma fresta aberta da janela.

Passos suaves fizeram barulho por trás do sofá sobre o qual sentava-se, e Maelie não viu a necessidade de se virar para o indivíduo que interrompia seu momento pacífico.

— Por que não está dormindo, Peter?

O garoto respirou fundo, surpreso com a forma como ela o reconheceu tão facilmente. Mas então lembrou-se das noites em que escapavam em conjunto para a cozinha do castelo, onde usava da mesma suavidade para caminhar pelos corredores vazios. Sorrindo levemente, ele sentou ao seu lado.

— Não ando conseguindo dormir muito bem nos últimos dias, e você?

— Acho que o mesmo.

Ele cantarolou, fitando o lado de seu rosto com curiosidade, o que causou um olhar confuso em sua direção por parte de Maelie.

— Como você está se sentindo depois de voltar? — Peter indagou.

A garota pigarreou, movendo-se desconfortavelmente em seu lugar, desviando seu olhar do rosto do loiro para seus pés nus.

— Estava torcendo pra vocês não me perguntarem sobre isso. — admitiu. — Porque, sinceramente, não faço ideia.

— Sério? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Em grande parte das situações, dizem que a segunda vez é mais fácil, mas não sei se se aplica a este caso. — Maelie deu de ombros. — Foram quinze anos me acostumando à ideia de ter uma vida de verdade com aquele povo, e então, boom! Voltamos para cá.

Peter assentiu, aproximando-se um pouco da morena, chamando sua atenção.

— Mas tivemos uma vida lá. — murmurou. — Quer dizer, pense em tudo o que fizemos, juntos! Vai ver, simplesmente, não era o que estava sendo planejado para nós.

Ela riu de forma abafada.

— Não sei se você acredita muito no que está falando.

Maelie o acotovelou levemente, fazendo com que um sorriso leve surgisse em sua face.

— Acho que não. — Peter acenou. — É estranho, ser um rei respeitado e com poder, para voltar a ser um adolescente comum no dia seguinte, sem nenhum direito de escolha.

— Eu te acho muito legal, mesmo sem uma coroa. — a jovem deu de ombros. — E te ver sem aquela barba ridícula e o cabelo longo me faz muito feliz, na verdade.

Uma falsa expressão ofendida foi plantada em sua face.

— Você não gostava da minha barba?

— Nenhum de nós gostava, na verdade. — riu. — Só deixamos você mantê-la para ter algo do que falar de manhã, o que foi ideia de Edmund.

— Ele vai ter de me ouvir quando acordar.

— Não fui eu que contei. — Maelie brincou, passando os dedos pelos lábios.

— Com certeza, não. — acenou. — Foi Susan.

Os dois adolescentes riram.

— Bom rapaz.

THE ARCHER | as crônicas de nárnia²Where stories live. Discover now