Mente de Pânico

25 9 1
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


*Pov: Cathenys*

Depois de ouvir o que Meadox disse sobre ela, não consegui sentir nada além de uma tremenda chateação. Não pude salvá-la de simples esquecimentos, que foram se aumentando conforme o tempo, ao ponto de não se lembrar nem direito meu nome e me confundir com minha mãe, a qual eu nem sei direito sua aparência.



- Já fazem tantos anos... venha vamos conversar. Sente-se comigo. Quer chá? Essas criadas preparam o melhor que existe no mundo. - Aparentemente ela estaria perante a mulher que roubou seu marido e nem sequer parecia se importar. - Como está a doce Cathenys? Ela já está escrevendo? Eu quero tanto ensiná-la a ler e escrever. - Nora me ensinou tudo sobre história, cultura e artes, mas Seraphiny me ensinou a arte de ler e escrever. Tudo que ela fez foi por mim e agora por uma enorme injustiça eu a perdi.

- Seraphiny, não sou a Hétria, sou eu, Cathenys. - Minhas mãos foram levadas ao seu ombro enquanto ela se mantinha sentada na cadeira, intacta observando os traços de meu rosto. Um sorriso, foi a única reação que consegui expressar naquele momento.

- Ah... é claro, Cathenys me desculpe, você está tão crescida que eu nem reconheci. Sinto muito, eu deveria ter lembrado disso. Como pude me esquecer? Eu sou uma burra mesmo. - Um pequeno soco foi deferido na parte esquerda de sua cabeça, por ela mesma, como se aquilo fosse funcionar. Retirei sua mão dali acomodando sobre a mesa. - Mas... Hétria não vem me visitar? Ela já se esqueceu de mim? E Nora? - Seus olhos lacrimejaram um pouco, bastava somente que uma lágrima caísse por seu rosto para que eu batesse a porta daquele quarto com força e fosse embora. Pude ver ela olhar para as outras criadas assustada quando mandei que todas saíssem dali.

- Elas estão ocupadas, elas virão em algum momento. Arranjarão um tempo, eu garanto a senhora. - Mykal falou indo até nós duas. Foi a primeira vez que a vi com um sorriso verdadeiramente genuíno e não sarcástico ou pela discórdia. Seu pescoço foi levemente entortado, ela agora sabia minhas intenções ao trazê-la para aquela fortaleza e pelo visto as consequências também. - Sabe que existe um risco no que vai fazer, não sabe Cathenys? É muito fácil chegar lá, mas difícil sair. - Soltou um suspiro pesado. - Independente do que acabar vendo, ande sempre em frente, para a luz.


Assim que concordei, minha boca ficou seca, não imaginava o que poderia acontecer naquele lugar. Fui direcionada a sentar em frente a velha e ao lado de Mykal. Soltei um sorriso sem graça para as duas, sem conter meu susto quando a bruxa pegou em minha mão me mandando fechar os olhos. Uma luz forte o suficiente para cegar alguém, foi sentida mesmo que sem observá-la, com ela um formigamento enorme tomou meu corpo. Somente abri os olhos quando ouvi a voz de Mykal me ordenar abri-los, quase como em um sussurro. Diante de meus olhos havia o mesmo quarto, um pouco mais escuro, com reflexos roxos nas paredes, que de antes brancas agora eram pretas igual meu palácio. Mas de pé diante de mim estava Seraphiny, mais jovem, mais esclarecida e infinitamente mais confiante. Corri para seus braços quando ela os abriu, formando um abraço forte e carinhoso.


- Eu não acredito que está aqui, menina tola. - Ela sorria enquanto passava as mãos por meu rosto finalmente mostrando os dentes brancos como uma folha de papel. - Eu li todas as suas cartas, estão todas guardadas aqui, na minha mente... embora lá fora pareça que meu corpo caiu em desuso. - Seu olhar foi direcionado para o chão, como se estivesse pensativa sobre o que acabou de falar. - Mas eu sei que sua visita não foi só para demonstrações de afeto. - Quando minha boca estava aberta, pronta para pronunciar o som de uma mísera palavra, Seraphiny pôs a palma no ar como um gesto para que eu me calasse, aquilo deveria ser típico de líderes. - Ser rainha já não basta? Seu pai a escolheu para isso. Não basta...

Ponte de Espadas Where stories live. Discover now