A caçada

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*Pov: Cathenys*

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*Pov: Cathenys*

O que me arrancou de meus devaneios enquanto encarava a grama incrivelmente verde, foi o som de uma facada, seguido pelo gemido de algum animal. Deve ter durado cerca de 30 segundos, mas foi suficiente para me fazer fechar abruptamente os olhos, seguida por uma careta. Particularmente, nunca gostei de caçadas. A imagem que automaticamente vinha à minha mente era de animais gritando, sangue espalhado pelas árvores, um cadáver jogado no chão, enquanto eu era obrigada a aplaudir com um sorriso, forçando felicidade no rosto. Lógico, eu sabia da importância de tal prática para o comércio de Pointsville, nossa maior fonte de renda nos últimos nove anos. Ao contrário de mim, meu pai apreciava o esporte e o efetuava com maestria, depois de um belo animal caçado, fazia questão de beber até cair no chão ao lado de uma de suas concubinas. Sempre vi isso como uma afronta à mãe natureza, matar sua prole por um simples prazer momentâneo.





-Majestade, sua coluna. - Nora disse em um sussurro, ajeitando sua própria postura de forma exagerada para que eu pudesse entender, sem que as outras damas da corte envolta percebessem. Minha única opção de reação foi sorrir e acatar o conselho, obrigando minha coluna a se manter ereta. Especificamente naquela nova posição, o sol quis se exibir em meu rosto, aquecendo-o e gerando desconforto, posteriormente aparente em minhas maçãs do rosto avermelhadas. Endireitei-me pela segunda vez, tocando a saia de meu vestido, que se mantinha entre minhas pernas.



Minha curiosidade se atiçou quando uma daquelas mulheres cutucou a outra com um sorriso malicioso nos lábios. Era como se eu pudesse ver seus pensamentos mais sujos, gerados pelo desejo do que gostaria de fazer naquela madrugada com quem quer que estivesse se aproximando. Foi quando me deparei com Meadox vindo em minha direção. Ele era forte, mas eu diria isso de qualquer homem que estivesse segurando um veado nos ombros. A brutalidade não foi pouca quando o animal teve seu corpo ensanguentado jogado no chão. Agradeci aos céus por sua chegada ter tapado o sol do meu rosto. Seu sorriso era convencido ao se referir a mim, para Nora, era apenas um olhar de provocação ao ver que ela se recusava a olhar para o animal morto.



- É uma bela vitória, Vossa Majestade, parece que os céus estão a seu favor. Permita-me... - Ele fez menção ao anel de monarca incrustado em meu dedo. Todas as manhãs eu o encaixava com ódio, forçando-o a ficar no lugar certo, largo demais para meus finos dedos, dedos de mulher. Seus finos lábios foram em direção à enorme pedra azul rodeada de brilhantes. Agradeci por sua discrição ao manter o anel no mesmo lugar quando finalizou a saudação. É certo que a vitória não era minha, mas não podia recusar e simplesmente dar aquele crédito. Ele era meu Domine; em teoria, era meu servo.

-Eu lhe ofereceria um descanso, mas imagino que suas caçadas não terminarão por agora; ainda me trará mais vitória hoje. - Permiti-me soltar uma risada sincera, mesmo que calculada, nem muito alta, nem muito baixa, sem parecer um porco, mas também honesta. Nada era como antes, lembro de quando caía na grama e meu pai me abraçava, coberto de sangue de animal, só para sujar meus trajes. Uma cena bizarra em nosso mundo, não pelo sangue, mas sim pela demonstração de afeto com um de seus filhos.

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