Capítulo 4 E a dona morte - essa carnívora assanhada - me levou num instante!

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Durante a viagem toda ele percebeu uma conversa leve e cheia de risos entre os dois na caminhonete, mas não consegue distinguir do que falam. Desconfiado de que os dois se conhecem, Dennis mantém os olhos nos arredores buscando por pontos de referência, e remexe nos itens que o rapaz tem jogados ali na caminhonete. Ele resolve pegar um canivete sujo e enferrujado e o coloca no bolso lateral da calça. Quase duas horas depois, com o céu já escuro, eles chegam a Bridi. Dennis observa Anna indicar ao jovem onde ele pode parar. Ele se apressa em alcançar o lado de Anna conforme ela abre a porta do passageiro e desce.

Ela bate a porta e suavemente se vira para o rapaz.

— Muito obrigada pela carona, Luke. Você esquecerá que nos viu hoje, e tudo que conversei com você. Sua viagem foi solitária e silenciosa. Continue pensando em sua namorada. Você pensou nela a viagem toda — Anna diz calmamente e o jovem não tira os olhos dela. Nem ao se moverem para a calçada do lado oposto do carro. Ele fica ali alguns minutos ainda olhando fixamente para o lugar onde Anna estava ao lado da porta. E então, após um estalar de dedos de Anna, como que saindo de um transe, ele se vira para frente, engata o carro e segue o caminho dele.

— O que foi tudo isso? O que você fez? Pergunta Dennis olhando a caminhonete partir enquanto aponta para Anna e para a caminhonete já saindo do campo de visão da estrada a frente.

— Apenas auxiliei o jovem no processo de nos esquecer sargento. Não podemos arriscar virar o centro das atenções. O mundo ainda não aprendeu a lidar com o desconhecido e o inexplicável sem tentar colocar tudo numa jaula em um laboratório ou um circo de aberrações para exposição e ganho de dinheiro.

Anna percebe o olhar de incompreensão de Dennis e continua.

— Você voltou com um super força sargento. Já eu, consigo fazer as pessoas esquecerem coisas — responde Anna enquanto aponta para uma casa no final da rua — Vamos indo. Podemos pernoitar ali e descansar. Seguimos viagem amanhã.

Dennis não se move. As informações dançam em sua cabeça. Seu corpo não dói mais e sua respiração está normal agora, mas ele não consegue decidir se deve seguir Anna ou se deve simplesmente sair dali. Ele olha em volta buscando uma referência, mas não encontra nada. A rua está vazia e a cidade silenciosa. Onde estão as pessoas? Por que está tudo tão calmo a essa hora? O que está acontecendo afinal?

Anna já no meio da rua se vira, e acena para Dennis chacoalhando a cabeça e os brincos conforme anda na direção dele.

— Vamos sargento! Podemos entrar e nos abrigar e depois você decide se vai tentar fugir de mim, se vai querer me matar, ou se vai terminar essa conversa comigo e entender um pouco mais do que podemos fazer a partir de agora com esses dons que nos foram dados.

Curiosidade, medo ou indecisão. Dennis não sabe o que o faz se mexer naquele momento, mas ele se vê andando na direção da casa que Anna apontou. Poucos passos depois ele está na frente de uma casa que poderia estrelar em um filme de terror. Não havia portão ou muro. A casa estava despencando no meio do terreno. O mato alto indicava a falta de cuidado e a ausência de moradores. As madeiras estavam visivelmente soltas em vários pontos da casa. Duas janelas davam lugar a uma lona preta e enormes buracos serviam de entrada para as aves que provavelmente moravam na casa.

Dennis olha para Anna buscando explicação, mas ela simplesmente sorri e segue andando. Com cuidado, ela move o que seria a porta de entrada da casa para o lado e faz uma cortesia dando espaço para Dennis entrar. Uma vez dentro, Dennis se depara com um cômodo vazio, decorado com teias de aranha e ninhos de passarinho e com diversas camadas de poeira que marcaram o tempo de abandono da casa.

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⏰ Last updated: Aug 06, 2023 ⏰

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O som do silêncioWhere stories live. Discover now