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- Bom dia. Sente-se, Hyunjin. - O homem de uns quarenta e poucos anos pediu. Ele estava em forma, mas Hyunjin tinha certeza que tinha a ver com a sua pele preta que lhe rejuvenescia em algumas porcentagens.

- Bom dia. - Ofereceu enquanto sentava num puff confortável que quase o engoliu. Ele encarou o homem que o encarava por cima dos óculos.

- Tudo bem? - Perguntou gentilmente.

- Tudo e contigo? - Sorriu nervoso.

- Eu estou bem. Eu me chamo Oliver, prazer. - Sorriu. - Quer começar falando um pouco sobre você pra gente se conhecer melhor?

- Tipo o que? - Cruzou os dedos no colo. - Eu nunca fiz isso antes, sabe. Não sei o que falar.

- Está tudo bem. Você está na faculdade, não é? - Ele acenou. - Você costuma ficar nos dormitórios?

- Sim. Quer dizer, antes eu não podia, então não faz tanto tempo que moro lá.

- Entendi. Você gosta de lá? A maioria dos jovens costuma sentir falta de casa. - Explicou.

- Ah, não, não. - Riu sem humor. - Eu não sinto nem um pouco de saudades de casa.

- Lá não é um ambiente legal? - Indagou arrumando a postura na poltrona e segurando a caneta como se estivesse prestes a escrever na prancheta em seu colo.

- Nem um pouco. Meu pai sempre me espancou e essas coisas, sabe?. - Deu de ombros como se não fosse nada.

- O.k - Ele cerrou os olhos. - Ele não foi uma figura paterna boa?

- Nah. Sabe, no fundamental sempre me perguntavam se eu me cortava por causa dos maus tratos. E eu não sei se é certo te contar essas coisas, mas, acho importante deixar claro que meu pai é um cara mafioso que está foragido, então se o senhor achar que não tenho jeito e que só vou roubar seu tempo, pode me mandar embora. Tá tudo bem. - Disse num único fôlego e ao erguer o olhar Oliver estava anotando alguma coisa.

- Hyunjin, você pode respirar, ok? Eu estou aqui para te ouvir, então vou ficar muito contente que você me fale tudo o que sentir vontade, certo? - Ele acenou positivamente e meio hesitante. - Você não está me incomodando. É assim que se sente, não é. Como se fosse um incômodo?

Hyunjin desviou o olhar porque sempre se sentiu exatamente assim. Não era fácil aceitar que as pessoas ao seu redor estão dispostas a gastar o tempo apenas com a sua companhia quando sempre ouviu que era inútil e que sua presença incomodava. Talvez esse fosse um dos motivos que o fazia desacreditar que os seus amigos eram realmente amigos. Às vezes pensava que eles só tinham pena e por essa razão estavam sempre ao seu redor, mas parando para pensar agora... Eles eram assim com todo o grupo. Eram leais e não pareciam dar a mínima para a sua personalidade que sempre fora odiada por todos à sua volta.

- É difícil não se sentir um incômodo quando a sua vida inteira te fizeram se sentir assim. - Deixou que saísse com a voz levemente falha.

- Quem te fez se sentir assim, Hyunjin?

- Meu pai, meus colegas do fundamental e do colegial. Todo mundo com quem já tive contato até esse ano.

- Você não se sente mais assim? - Arrumou os óculos.

- Me sinto. Mas eu acho que agora há pessoas realmente legais ao meu redor. Eles não parecem me odiar. - O encarou.

- Você me disse que seu pai te espancava. Pelo que entendi, ele é um criminoso e está foragido. Isso te incomoda?

- Como assim?

- Você, de certa forma, torce para que ele não seja pego?

Hyunjin o fitou como se ele fosse um louco, mas entendeu. Era seu pai, de qualquer forma.

THE WEST SIDE WOLVES | HYUNLIXWhere stories live. Discover now