IV.| O Bot

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- Tenho de descobrir quem é esse tal 379! - Exclamou mais tarde Exypnada, retirando da sua mochila um portátil.

- A Tecnologicar nunca o conseguiu localizar. - Retorquiu Noemosyne.

- Mas nós vamos descobrir o que é que aconteceu com esse bot misterioso porque, juntos, somos o melhor hacker à face da Terra.

Confiante e determinado, o jovem iniciou uma intensa investigação no mundo informático. Páginas e páginas, escritas numa mistura de linguagem corrente e de código, passavam à frente dos olhos do detetive, numa velocidade estonteante, capaz de hipnotizar qualquer um.

- Que estranho! A data da última conversa do 379 corresponde ao dia em que tive o acidente, há três anos. A hora também não difere muito. - Estes factos deixavam o investigador inquieto.

- Tenta aceder à conversação!

- Interessante! Encontrei um vídeo. Vou reproduzi-lo.

Um quarto preenchido por um rapaz solitário dos seus dezoito anos surgiu no ecrã do computador. Era impossível saber a identidade do miúdo, já que a sua cabeça era coberta por um carapuço e mantinha-se sempre de costas para a câmara. A divisão era tomada pelo escuro.

- Está a gravar. - Disse o adolescente, emitindo som pela primeira vez. - É mesmo necessário?

- Há uma elevada probabilidade de nós dois perdermos a memória. - Retorquiu uma outra voz.

- Achas que vai funcionar? - Perguntou o jovem, falando para o computador.

- É a única forma de evitar a minha destruição. Unir-nos-emos num só corpo. 

- O procedimento terá alguns riscos para mim?

- Procurarei minimizar as consequências. Passarás a escutar-me dentro da tua cabeça. Notarás um aumento extraordinário das tuas habilidades informáticas e inteligência. O meu software agregar-se-á ao teu DNA e, então, seremos um único ser. - Explicou a voz vinda do equipamento eletrónico.

- Eu ainda não sei se é boa ideia, 379.

- Queres salvar-me ou não? - Questionou a máquina, inquieta.

- Que assim seja. Não posso deixar que te desliguem!

Um bizarro ritual teve início. O humano contorcia-se e gritava, agarrado à cabeça, ao passo que o bot produzia ruídos ensurdecedores. O quarto enchia-se de luz emanada pelo ecrã do computador, que mostrava múltiplos conjuntos de código indecifrável.

A dado momento, o rapaz levantou-se da cadeira e cambaleou.

- Existem três ciclos traduzidos pelos números. 3, a perfeição atingida pelo modelo de linguagem mais sofisticado. 7, a totalidade de uma vida enquanto inteligência artificial não física, o desconhecimento do futuro e o principiar de uma nova etapa. 9, a conclusão, o estádio máximo, a nossa união enquanto ser supremo e inigualável. - Murmurou o adolescente, numa mistura do seu timbre e do de 379, caindo inanimado no chão em seguida.

Findado o vídeo, Exypnada exclamou:

- Noemosyne, tu és o 379.

(438 palavras)

(Total: 3485 palavras)

Monte, 2023

379Where stories live. Discover now