Desejo

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Tomioka rapidamente estava pronto e saiu batendo a porta, eu precisava escapar antes dele voltar, não ia conseguir resistir mais mesmo tendo certeza que não deveria me deixar levar. Esperei o sol nascer e saí de casa mesmo sem um rumo certo, evitei os habituais caminhos e mesmo assim deu de cara com Tengen.

(Tengen) - Tá fazendo o que por aqui?
(Saori) - Andando eu acho.
(Tengen) - Por esses lados e pelo meio do mato?
(Saori) - Esperava não ver ninguém.
(Tengen) - Deixa eu adivinhar, vocês dois se estranharam mais uma vez, certo?
(Saori) - A gente briga bastante, desde sempre, não é novidade.
(Tengen) - Você talvez não saiba, mas o Giyuu é um grande amigo, e me conta muitas coisas.
(Saori) - E daí?
(Tengen) - Ele tem razão, você é cabeça dura, eu sei sobre vocês dois.
(Saori) - Sabe? O que?
(Tengen) - Até a última vez que vi ele ontem de dia, acredito que tudo.
(Saori) - Tudo?
(Tengen) - Você contou pro Sanemi, ele contou pra mim e sabe o que eu acho?
(Saori) - Não, mas você vai dizer.
(Tengen) - Eu entendo o seu lado, você tem razão em ter um pé atrás com ele.
(Saori) - Mas...
(Tengen) - Não dá chance dele mostrar que tá falando a verdade.
(Saori) - Eu não confio nele. Não consigo.
(Tengen) - E pretende fugir dele por quanto tempo? Não fingi que isso não faz mal pra você também, você quer ter ele por perto.
(Saori) - É, eu quero sim.
(Tengen) - Eu vou deixar você sozinha pra pensar um pouco, mas vê se não fica vagando por aí só pra não encontrar com ele.

Tengen seguiu e eu sentei escorada em uma árvore, e por mais que eu pensasse no que ele disse até minha cabeça doer eu não conseguia encontrar forças dentro de mim pra confiar nele, mas também não tinha mais pra resistir a ele. Voltei para casa e fiquei de molho na esperança que a cabeça parasse de doer, fui para o quarto enrolada na toalha, me atirei na cama e adormeci.
Acordei horas mais tarde, minha cabeça já não incomodava mais, olhei para fora da porta e vi seu cabelo preto na sala, coloquei um kimono e saí do quarto.

(Tomioka) - Ah, você acordou. Tava com cara de dor.
(Saori) - Minha cabeça tava me matando, mas depois de um banho e de dormir passou.
(Tomioka) - E você vai ficar aqui ou vai sair correndo de mim?
(Saori) - Ainda não me decidi.

Me escorei no sofá ao lado dele e ele levantou a cabeça me olhando, só de ficar tão perto dele eu já perdia meu foco com a vontade de pular nele.

(Saori) - Eu não tenho mais forças pra continuar isso Giyuu.
(Tomioka) - Pra continuar me evitando? Fugindo do que sente por mim?
(Saori) - E fugindo de você.
(Tomioka) - Você mesma disse que todas as células do seu corpo me desejam.

Dei a volta no sofá e sentei ao seu lado, deixei a cabeça cair no ombro dele e suspirei antes de começar a falar. Ele não se moveu e não tentou me tocar, ficou esperando o que eu tinha para falar sem me apressar.

(Saori) - Olha Giyuu, tá mais que claro que não dá certo, eu não consigo confiar em você, não dá.
(Tomioka) - Eu sei que dei motivo pra isso.
(Saori) - Quanto mais longe eu fico de você, mais você não saí da minha cabeça! Nem dormindo você sai da minha cabeça.
(Tomioka) - Tem sonhado comigo?
(Saori) - Sim, nem o meu inconsciente esquece você.
(Tomioka) - Você sabe que eu não sou curioso, mas o que você sonha?
(Saori) - Você não vai querer saber.
(Tomioka) - Pelo seu rosto vermelho, eu quero sim.
(Saori) - Esquece isso, eu vou voltar pro quarto, fica aí, por favor.
(Tomioka) - Poderia ir atrás de você...

Levantei do sofá mas ele não veio atrás, fui para o quarto, me joguei na cama e custei até conseguir adormecer. Parte de mim queria que ele entrasse por aquela porta e viesse para cima de mim e essa parte de mim ficou esperando que isso acontecesse, mas não, peguei no sono e ele não foi atrás de mim, como eu havia pedido.

(Saori off)

(Tomioka on)

Assim como ela me pediu, não fui atrás, mesmo sendo tudo o que eu mais queria naquele momento, ela. Fiquei um tempo colocando a cabeça no lugar e fui tentar dormir também, não cochilei por mais de uma hora até acordar ainda com ela dominando meus pensamentos. Sentei na cama e não a tirava da cabeça, fui até a cozinha, bebi água, fiquei olhando pela janela, era uma noite quente, ela tinha deixado a porta entreaberta e eu passei pela frente antes de voltar para a cama. Ela ainda dormia, mas parecia inquieta, fiquei parado na porta a olhando, ela respirava rápido, dei um passo para dentro do quarto e ela resmungava alguma coisa que eu não conseguia compreender, me aproximei mais da cama analisando ela inteira e não parecia que era um pesadelo. E a visão que eu tive é uma coisa que nunca mais vai sair da minha cabeça. Ela estava suada e se revirava na cama, esfregava as coxas e apertava os lençóis, eu fiquei parado olhando aquela cena pensando o que ela estaria sonhando para estar daquele jeito, me segurei para não acordar e pular em cima dela, pelo menos até ouvir ela começar a gemer e a ouvir gemendo meu nome enquanto dormia.

Os Hashiras da Água Where stories live. Discover now